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Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa foi a maior de sempre (vídeo)

Cinco mil pessoas participaram na Marcha do Orgulho LGBT 2010 de Lisboa, que decorreu hoje. Os números foram avançados pela agência Lusa que refere que na edição de 2009 estiveram presentes 2500 pessoas. No ano passado estiveram presentes 11 organizações, enquanto desta vez foram 18 as associações e colectivos representados: não te prives, núcleo LGBT da Amnistia Internacional, APF - Associação para o Planeamento da Família, Médicos pela Escolha, ILGA Portugal, Amplos – Associação de Pais e Mães pela Liberdade de Orientação Sexual, UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, Associação Cultural Janela Indiscreta, rede ex aequo, ATTAC, Rumos Novos - Grupo Homossexual Católico, GAT, Grupo de Trabalho Identidade XY, Poli Portugal, Panteras Rosa, Sentidos e Sensações, Solidariedade Imigrante e SOS Racismo.

Mais fotografias da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa 2010 aqui.

    

 

 

 

Marcha Lisboa: "Não parecem nada homossexuais!"

Ao longo do percurso da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa, entre a Praça do Príncipe Real e o Martim Moniz, centenas de pessoas assistiam à passagem dos manifestantes.

Fernando Guimarães, 50 anos, indiferente à manifestação que passava na rua D. Pedro V, dizia ao dezanove que "na minha opinião pessoas assim têm todo o direito a existir”, mas ressalva "agora se isso corresponde à minha maneira de ser ou viver..."

Na mesma rua, Venla, finlandesa, assiste com um amigo à manifestação. Ambos estão de férias em Portugal. Ele tira fotos sucessivamente, enquanto Venla afirma que "esta marcha não é lá muito grande, podia ser bem maior". Questionada se as marchas na Finlândia tinham mais participantes, acaba por dizer que são do mesmo tamanho. Aliás, também na Finlândia, "apenas nas grandes cidades e na capital é que as pessoas aceitam com naturalidade a homossexualidade", comenta.

 

De seguida chegamos à fala com Ana Ferreira, 37 anos, colaboradora numa loja da mesma rua: "É a primeira vez que assisto. Foi uma grande surpresa. Acho bem e têm todo o meu apoio porque há espaço para todos. A finalidade é sermos felizes, não é?"

Já com vista para o miradouro de S. Pedro de Alcântara, o dezanove foi recolher a opinião de dois italianos, Michela e Vicenzo. "Soube da marcha há dois dias e decidi vir porque sou amiga dos homossexuais" informa Michela que é oriunda da Calábria. "Resolvi trazer o meu amigo gay italiano". Em resposta à caracterização da situação em Itália, Michela diz que "é bem pior. As pessoas não se podem casar com quem querem e existem casos de muita homofobia".

Na rua da Misericórdia, Maria na casa dos 75 anos assiste na soleira de uma porta com uma amiga à marcha: "Ainda não me tinha apercebido que eram homossexuais". É a manifestação reivindicativa dos direitos dos homossexuais, bissexuais e transgéneros, informou o repórter. "Ai é? Mas não parece nada, parecem-me pessoas iguais às outras". Instigamos a mais umas declarações, a que a entrevistada diz ser melhor não dizer mais nada, não vá o marido não achar muita piada. Mesmo assim diz: "Eu cá acho que cada um faz o que quer da sua vida. Felicidades e que corra tudo bem!", não sem antes afagar o braço do repórter.

Na Praça da Figueira, Patrícia e Ruben levam uma criança de quatro anos pela mão que acaba de assistir à marcha. "Problema ela ver a marcha? Não há problema nenhum" dizem sorridentes. E a marcha lá continuou para o Martim Moniz.

 

 

Mais fotografias da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa 2010 aqui.

Marcha Lisboa: As reacções de Vale de Almeida até Marcelo Rebelo de Sousa

O percurso entre o Príncipe Real e o Martim Moniz foi feito sob uma chuva multicolorida. O dezanove estava na rua e recolheu depoimentos de associações, colectivos, activistas e ainda... um comentário de  Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Gonçalo Clemente Silva, Rainbow Rose Portugal

Gonçalo Clemente Silva apresenta o Rainbow Rose Portugal como "inserido numa rede europeia do PS europeu que promove todas as questões relacionadas com a promoção da igualdade no que respeita ao sexo, 'raça' ou origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade, orientação sexual e identidade de género, de acordo com os artigos 10º e 19º do Tratado de Lisboa". Segundo o porta-voz, "faz todo o sentido a presença nesta marcha, já que esta é o ponto alto e mais visível de uma luta pelos Direitos Humanos e queremos por isso mostrar a nossa solidariedade, empenho e visibilidade."

 

Eduarda Ferreira, Revista LES online

À entrada do Largo do Chiado, Eduarda Ferreira com um renovado estado de ânimo afirma ao dezanove: "Em Portugal estamos a conseguir algo muito importante, já não há apenas associações LGBT na marcha". A activista corrobora o manifesto: "Ainda há muito mais a fazer, a questão da parentalidade é apenas uma delas" .

 

Carlos Gonçalves Costa, Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa

Mesnier du Ponsard jamais iria adivinhar que o Elevador de Santa Justa iria ser uma localização tão estratégica para os activistas divulgarem as suas mensagens. Carlos Gonçalves Costa, diz que "a ideia de lançar papéis com mensagens simbólicas e coloridas desde o cimo do elevador surgiu há três anos para introduzir um elemento de animação a meio da marcha".

 

Miguel Vale de Almeida, activista e deputado independente eleito pelas listas do PS

Participante desde a primeira marcha realizada em Lisboa, o activista acha que "[a marcha] cresceu imenso, o que significa que muitas pessoas têm novas razões para fazer coming out. Uma das coisas que se conseguiu com a lei do casamento, foi fazer com que as pessoas se sintam bem em público". Para o primeiro deputado assumidamente homossexual na Assembleia da República, as três prioridades políticas neste momento são consagrar a parentalidade, a adopção e a co-adopção; a procriação medicamente assistida para lésbicas e mulheres solteiras e uma lei que reconheça a identidade de género". Segundo Vale de Almeida "há ainda outras prioridades não legislativas: o combate constante contra a homofobia e a promoção de valores de inclusão na sociedade. A dificuldade é articular as diferentes vontades, a pessoal, com a do grupo parlamentar e a do governo, porque os timings são diferentes".

 

Ana Cristina Santos, não te prives

Radicada no Reino Unido, a socióloga e dirigente da associação não te prives Ana Cristina Santos aproveitou uma escapadinha a Portugal para se juntar a "uma marcha bastante animada e com novos motivos de celebração e outros motivos para protesto, como o impedimento da procriação medicamente assistida ou a homoparentalidade. No fundo é preciso dar ênfase à questão da família bem como aos direitos adquiridos versus direitos por adquirir." A activista adiciona que "ainda há muito a fazer no âmbito da mudança sócio-cultural no país". E o que espera das mentalidades em Portugal quando a sua filha bebé, que hoje traz à marcha, atingir a maioridade? "Espero que a marcha seja apenas um momento de celebração e que a discriminação faça parte do passado. Mas sabemos que não vivemos num mundo ideal por isso é importante continuar a lutar", remata.

 

Margarida Faria, AMPLOS

Presente pela primeira vez na marcha, dada a criação em Outubro de 2009, Margarida Faria, porta-voz da associação de apoio aos pais e  mães de homossexuais, partilha com o dezanove que é "natural que aqui estejamos, é muito importante que os outros pais percebam que aqui estamos e existimos para quem precisar de apoio." Margarida, acompanhada de perto pela filha e pelo marido, diz-nos que "dado termos aparentemente uma sociedades mais aberta, nunca imaginei que houvesse tantos pais e mães de homossexuais que sofressem tanto. Muitos estão a dirigir-se à AMPLOS." De França, em Besançon, onde a representante da associação esteve recentemente, trouxe a mensagem de que existem 14 associações semelhantes à AMPLOS, pelo afirma "se torna cada vez mais necessário o nosso trabalho".

 

Paulo Côrte-Real, ILGA Portugal

O presidente da ILGA Portugal faz um balanço positivo da 11ª Marcha do Orgulho LGBT: "Foi a maior de sempre. Há um crescimento simbólico, sinónimo de uma maior mobilização pela igualdade" declara. Côrte-Real acrescenta que " ainda é preciso fazer muito nas questões da parentalidade, nomeadamente garantir que as crianças tenham igual protecção por parte de pessoas do mesmo sexo". Para o dirigente existem mais prioridades: a adopção, a procriação medicamente assistida e uma lei que reconheça a identidade de género. Por outro lado, "é importante garantir mais educação e a formação em vários sectores: saúde, segurança, justiça, entre outros. Entramos num novo estádio contra a discriminação" afirma ao dezanove Paulo Côrte Real.

 

João Pereira, Gabinete da Secretaria de Estado da Igualdade

"Estamos cá numa perspectiva de celebração porque este é um ano simbólico por causa da vitória que se conseguiu recentemente. No entanto, continuamos a passar uma mensagem ampla contra a discriminação de pessoas LGBT", declarou.

 

Marcelo Rebelo de Sousa

Retido pelo engarrafamento causado pelos manifestantes, Marcelo Rebelo de Sousa questionado sobre a importância desta marcha, afirma em declarações ao dezanove: "Em democracia todos são livres de ter as suas opiniões."

Na Praça do Martim Moniz, desde sempre pautada pela diversidade, empunhando bandeiras do arco-íris aglomeram-se milhares de participantes para ouvir os discursos dos vários organizadores da marcha. De assinalar pela primeira vez a interpretação de todos os discursos em língua gestual portuguesa numa marcha marcada pela presença de crianças, jovens, adultos e séniores integrando vários modelos de família.

 

Mais fotografias da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa 2010 aqui.