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Q: Um doc-romance a três entre Israel e Alemanha (vídeo)

 

O documentário “I Shot My Love” (2010, Tomer Heymann) conta uma história pessoal que é também universal, ao revelar-nos a relação amorosa e triangular entre o realizador, Tomer, o seu namorado alemão, Andreas Merk, e a sua intensamente israelita mãe, Noa Heymann.

O filme fala dos regressos a casa. Um regresso ao nosso lar - sim, o lar deles também é o nosso. É um regresso ao lar com vários significados. O nosso lar é onde nascemos ou é onde vivemos? Em 2006, Tomer e a sua mãe regressam à Alemanha onde os seus antepassados tiveram uma vida da qual fugiram durante o holocausto, para a apresentação do documentário “Paper Dolls” no Festival de Cinema de Berlim. Nessa viagem Tomer conhece Andreas, um affair de apenas 48 horas, que irá mudar a vida de todos. Mais tarde Andreas decide mudar-se com o namorado para Israel. Assim ambos regressam à Israel natal dos pais do realizador.

Será possível filmar o amor em forma de documentário? O realizador Tomer Heymann tenta através deste filme transmitir que é possível. É perfeitamente possível filmar todas as formas de amor de todas as formas possíveis. As histórias de amor são eternas, como os diamantes. Este amor de mãe e este amor de filho e este amor de casal é tão belo e maravilhoso como deveriam ser todos os amores.

A clara diferença entre dois mundos tão distintos, Israel e Alemanha. O eterno conflito israelo-palestiniano. A heróica história de sobrevivência de Noa. São a base deste doc-romance nada melodramático, apenas real e realista. As diferenças e as semelhanças são sempre evidenciadas de forma simples e crua. É este remexer na ferida que os apazigua nos momentos mais difíceis. É este apontar de dedo que intensifica o seu amor. São estes sentimentos que despoletam a discussão. Entretanto, os três protagonistas deste amor já regressaram novamente à Alemanha para a apresentação de “I Shot My Love” no Festival de Cinema de Berlim deste ano.

Num trailer muito inspirado com a música “Coming Home”, da israelita Hadara Levin-Areddy vemos algumas imagens filmadas no Metro de Lisboa.

O filme será apresentado hoje, dia 23, às 21h30 na sala 3, o realizador estará presente nesta sessão. Voltará a ser apresentado no último dia do Queer Lisboa, sábado, 25, às 19h15 na mesma sala.

 

Luís Veríssimo

 

 

 

 

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Passos Coelho não se opõe à lei de mudança de sexo

O PSD não deverá opor-se às alterações que o Governo e o Bloco de Esquerda pretendem introduzir no processo de mudança de sexo e que serão discutidas na Assembleia da República a 29 de Setembro. O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, foi hoje questionado, num debate online, sobre a lei que prevê agilizar a mudança de nome das pessoas transgénero no registo civil. “Não conheço a proposta. Em qualquer caso, mantenho a posição de princípio de que ninguém pode ser discriminado em face da lei como resultado das suas orientações sexuais, da sua religião ou das opções políticas, entre outras condições”, respondeu Pedro Passos Coelho. Apesar de o líder do maior partido da oposição não ter explicitado, a sua postura poderá traduzir-se em dar liberdade de voto à bancada do seu partido, o que por vezes ocorre nas chamadas questões de “consciência”.

Com a actual distribuição de mandatos parlamentares, PS e Bloco não conseguem aprovar as alterações à lei já que, sozinhos, não constituem uma maioria simples. A matemática parlamentar complica-se já que, à semelhança do casamento entre pessoas do mesmo sexo ou da interrupção voluntária da gravidez, deverão existir, dentro da bancada do PS, deputados que não apoiam as alterações. Para a aprovação será, por isso, contar com votos favoráveis ou abstenções de outras bancadas parlamentares.

Miguel Oliveira

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Dark Horses: “Este não é um armário cheio de bolas de rugby”

 

Apesar da hora, há quem diga que não o vai perder por nada neste Queer Lisboa. A estreia do documentário sobre a equipa de rugby Dark Horses (DH) está marcada para esta quinta-feira, às 18 horas, no Cinema S. Jorge.

Filipe Almeida Santos é o treinador dos DH e revela ao dezanove que ter confiança na produtora foi o requisito fundamental para avançar com o documentário sobre uma equipa de rugby sem restrições devido à orientação sexual.

Vidas expostas em 50 minutos

A história é curta e a mensagem é simples e clara. A equipa quer passar “uma mensagem correcta dos valores que tentamos levar a cabo com este projecto desportivo. O Luís Hipólito e a [produtora] Mínima Ideia apresentaram-nos uma proposta inicial, que foi sendo trabalhada. Mais do que autorizar foi necessário confiar - afinal de contas são as vidas de muitos de nos que acabam por estar expostas”, explica o treinador de rugby.

Expectativas: “uma lufada de ar fresco” versus "folclore"

O treinador dos Dark Horses espera “que este documentário passe uma mensagem de desdramatização em relação às questões da orientação sexual de cada um e a forma como todos podemos - e devemos - conviver. Esperamos que possa ser uma lufada de ar fresco para muitos rapazes e raparigas que sentem que a sua orientação sexual os diminui de alguma maneira. Esperamos que possa ser um ponto de viragem numa abordagem às questões da sexualidade e da inclusão que não precisa de se agarrar aos estereótipos do 'folclore' habitual para conseguir fazer passar a sua mensagem”.

Visibilidade: “Ninguém é melhor ou pior por isso”

Dos cerca de trinta membros da equipa Dark Horses, nem todos aceitaram dar a cara no documentário que depois do Queer, passará em data a divulgar na RTP2. Filipe Almeida Santos diz que houve jogadores que, por motivos profissionais ou pessoais, preferiram não dar um testemunho directo: “Ninguém é melhor ou pior por isso, cada um fez a gestão que entendeu do seu grau de exposição. Mas creio que são testemunhos suficientes para quem, no início deste projecto, achava que este não passava dum grande armário cheio de bolas de rugby”, defende.

No Porto também existe uma equipa de rugby em que a orientação sexual não é impedimento para praticar desporto. Para Filipe Almeida Santos, “sejam os Oporto Spartans, sejam outras equipas de rugby ou de outras modalidades quaisquer, creio que todos os projectos que tenham estas características - incluir e não discriminar - são não só bem-vindos como desejados. Nós fomos apenas o início do que gostávamos pudesse vir a ser uma grande bola de neve”.

As metas dos Boys Just Wanna Have Fun Sports Club

O treinador da equipa anuncia que a associação Boys Just Wanna Have Fun Sports Club pretende consolidar a equipa de rugby e poder vir a desenvolver mais modalidades.

No âmbito do orçamento participativo da Câmara Municipal de Lisboa, a associação propôs a criação de um campo de rugby municipal. Qualquer munícipe pode votar nesta proposta. Esta necessidade prende-se com a falta de condições existentes em Lisboa para treinar da forma mais correcta, explica Filipe Almeida Santos ao dezanove. A utilização de um campo de rugby no Estádio Universitário, por não-estudantes, ronda os 200 euros por hora. "A oito treinos por mês trata-se uma verba que não conseguimos suportar.” "Esperemos que a Federação Portuguesa de Rugby,  também se mobilize, todos são potenciais interessados na concretização deste projecto."

Em relação a outras modalidades, Filipe Almeida Santos afirma que a associação está aberta a "grupos de pessoas que sintam que possam encontrar na associação um tecto institucional/burocrático que lhes facilite a promoção e desenvolvimento de outra modalidade desportiva".

Quanto aos Dark Horses, o futuro passará por participar, no início de Junho de 2011, na Union Cup em Amesterdão, e por voltar a acolher em Portugal o Pitch Beach no final de Julho do próximo ano. “Até lá: treinar, treinar, treinar!” remata.

 

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Alison Goldfrapp hoje em Lisboa (vídeo)

 

Em Dezembro de 2009 o jornal britânico The Sunday Times, publicava uma notícia com o título “lésbicas de meia-idade”, onde em pouco mais de duas páginas eram relatadas as relações afectivas que algumas personalidades do Reino Unido mantinham com pessoas do mesmo sexo. Poucas horas depois, Alison Goldfrapp, vocalista e compositora do duo Goldfrapp, recebia um e-mail de um amigo que a felicitava pela excelente foto, em que estava acompanhada da namorada de longa data, Lisa Gunnin.

Alison Goldfrapp não manifestou qualquer tipo de reacção que condenasse a situação e poucos dias depois confessou à imprensa que não entendia o porquê de tanta surpresa, uma vez que a música, o look e os espectáculos do duo Goldfrapp sempre foram ambíguos e indefinidos, tal como ela, "não gosto de ser definida pela minha sexualidade, que muda tal como eu gosto de mudar. Também já tive relações amorosas longas com homens. Acontece que agora que estou com uma mulher”, disse a vocalista da banda.

A cantora, assumidamente bissexual, actua hoje, 22 de Setembro, às 21h00 no Coliseu dos Recreios em Lisboa para apresentar o seu quinto álbum de originais “Head-First”. Um espectáculo onde vai ser possível apreciar o melhor que a fusão da música electrónica com a música pop tem para oferecer.

 

        

 

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Mudança de sexo discutida no Parlamento no dia 29

 

Os deputados vão discutir no dia 29 a proposta de lei do Governo e o projecto do Bloco de Esquerda para simplificar a mudança de sexo e de nome próprio no registo civil. A decisão foi hoje tomada em conferência de líderes parlamentares, avançou a agência Lusa.

A proposta de lei do Governo, aprovada em Conselho de Ministros no início deste mês, regula o procedimento de mudança de sexo e de nome próprio no registo civil. A proposta de lei pretende simplificar o processo, já que transfere para o registo civil a competência da decisão, que até aqui estava nas mãos dos tribunais. O projecto de lei do BE vai no mesmo sentido. A ser aprovada a mudança à lei, será o culminar de uma antiga reivindicação da comunidade transgénero portuguesa.

 

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Q: Antonia San Juan, muito para além da personagem Agrado (videos)

Actriz, realizadora, argumentista, encenadora, dramaturga e compositora Antonia San Juan é este arco-íris de diversidade, talento e qualidade. Nascida em Las Palmas, Canárias, Antonia muda-se para Madrid com apenas 17 anos para representar obras clássicas. Mais tarde começou a trabalhar em bares, pubs e discotecas underground madrilenas. Foi neste ambiente tão seu conhecido que Pedro Almodóvar a foi buscar em 1999 para integrar o elenco de “Tudo Sobre a Minha Mãe” (Todo Sobre Mi Madre).

Antonia passou assim para o conhecimento e aprovação do grande público. Os seus monólogos, como o “Otras Mujeres”, são das representações mais elogiadas. A sua primeira realização foi a curta “V.O.” (2001), apresentada no Queer Lisboa de 2004, aquando duma retrospectiva da sua carreira. Esta curta foi muito bem acolhida pelos críticos, chegando a ser nomeada aos Goya, os prémios do cinema espanhol, para Melhor Curta-Metragem de Ficção.

“Tú Eliges” (2009), que pode ser novamente vista hoje no Queer Lisboa às 17h na sala 1, é a sua primeira longa-metragem. Esta comédia retrata num só dia três tramas paralela cujas decisões das várias personagens vão afectar a vida uns dos outros: os preparativos de uma festa para o lançamento de um disco, um encontro às cegas com consequências inesperadas, e a ruptura de um casal do mundo do espectáculo. É descrita pela imprensa espanhola como a obra-prima de Antonia San Juan. Com o objectivo de fazer um retrato agridoce e trágico-cómico da actualidade e da inevitabilidade das nossas decisões implicarem decisões de outros, Antonia com alguma facilidade consegue tocar nalgumas feridas da sociedade.

Agrado, a transexual que pretendeu sempre durante a sua vida agradar aos demais, foi a explosão na sua carreira. Recebeu na altura a nomeação para Melhor Actriz Revelação nos Goya. A sua suposta transexualidade causou alguma polémica então. Contudo, Antonia negou-a dizendo numa entrevista a um programa de televisão que “nasceu mulher e que se encaixou melhor no papel que lhe deu fama”. Ao jornal El Mundo, chegou a dizer: “Ao verem-na no filme de Almodóvar, muitos confundiram pessoa e personagem. Por vezes faltam-me até ao respeito porque precisam que eu seja a personagem”.

Luís Veríssimo


A informação mais completa sobre o Queer Lisboa está aqui

Q: Documentário dos Dark Horses: "Nunca nada do género foi anteriormente feito no nosso país"

 

Em contagem decrescente para a última das quatro produções portuguesas presentes no Queer Lisboa 14, o dezanove foi falar com Luís Hipólito e Margarida Moura Guedes, da Mínima Ideia, produtora responsável pelo documentário da equipa de rugby Dark Horses.

 

dezanove: O que levou a produtora Mínima Ideia a avançar para o projecto de acompanhar a rotina dos Dark Horses?

Mínima Ideia: O OK dos Dark Horses e da Direcção da RTP2 à proposta por nós apresentada. Como somos uma pequena produtora independente torna-se difícil avançar com um projecto destes, com muitos meios envolvidos, sem um financiamento.

 

O documentário tem a duração de 50 minutos. Quanto tempo duraram as filmagens? Que recursos estiveram envolvidos?

Duraram cerca de dois meses, com alguns interregnos pelo meio que tiveram a ver com o ritmo dos treinos da equipa, disponibilidade dos jogadores para as entrevistas e, com o timming do Pitch Beach, o torneio organizado pelos Dark Horses com participação de duas equipas estrangeiras. Os recursos são os habituais e imprescindíveis para um resultado final de qualidade. Uma equipa coesa e toda a remar para o mesmo lado. A produção foi um dos braços de ferro deste processo (Ana Rodrigues e Joana Pessoa); bom equipamento, o que custa dinheiro); um excelente operador de imagem (Miguel Manso). E a HOW (Horse on Wheels) como parceira na edição e tratamento de som. Trabalhamos juntos há uns valentes anos e, em equipa vencedora…

 

 O que podem adiantar sobre este documentário? Vamos poder ver um documentário descritivo ou inovador?

Inovador é pois já várias pessoas nos têm lembrado que nunca nada do género foi anteriormente feito no nosso país. Primeiro porque esta é a primeira equipa de rugby gay-friendly “made in Portugal” e depois porque não é muito vulgar ter 11 pessoas a darem a cara para um documentário sobre este tema. Neste caso foi possível talvez porque a BJWHF seja uma associação desportiva composta por pessoas que convivem bem com as suas escolhas e a sua sexualidade.

 

O resultado do vosso trabalho será conhecido quinta-feira, dia 23, às 18 horas. Esperam uma Sala 2 lotada?

Segundo informações não oficiais a sala está praticamente lotada e, diz-se que, há a hipótese de uma outra sessão.

 

E aquelas pessoas que não possam vir ao Queer Lisboa 14, podem contar com outras transmissões?

Achamos mesmo que as pessoas devem fazer tudo por tudo para ir ao Queer, mas caso não consigam realmente ir, têm sempre a possibilidade de assistir à estreia do documentário: “Boys Just Wanna Have Fun” na RTP2, ainda sem data marcada.

 

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A cobertura do dezanove do Queer Lisboa 14 aqui.

 

Q: Quatro filmes de produção portuguesa marcam presença este ano

“A Assassina Passional está Louca!” (2010), que retrata uma hilariante variação sobre o cliché cinematográfico da lésbica homicida, de Vicente Alves do Ó integrado no Programa de Curtas 1 foi o primeiro filme apresentado, sábado, dia 18.

O segundo filme que pôde ser visto ontem, dia 19, no Programa de Curtas 2, foi “Cavalos Selvagens” (2010) dos realizadores André Santos e Marco Leão, que através de imagens conta a história pessoal de dois jovens que em silêncio absoluto procuram razões para continuarem juntos.

A terceira participação portuguesa é uma co-produção entre Portugal e a Argentina, “Fuera de Cuadro” (2010) de Márcio Laranjeira ainda pode ser visionada na quarta-feira, dia 22, às 19h30, fazendo parte do Programa de Curtas 3. Francisco Lezama, filho da pintora argentina Alicia Boffi, era muito feliz na escola primária, até ser transferido para uma escola exclusiva para rapazes. Através das suas memórias escolares, Lezama, oferece-nos um outro olhar sobre as pinturas da mãe e a descoberta do seu lugar fora do quadro através de um doloroso processo de exclusão.

Por fim, a quarta presença portuguesa será vista na quinta-feira, dia 23, às 18 horas, “Boys Just Wanna Have Fun” (2010) de Luís Hipólito e Margarida Moura.

 

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Q: O que se passa nas Noites Hard?

Sábado, meia-noite, Cinema São Jorge, Sala 1 composta. Esta é aquela sessão do Queer de que quase todos já ouviram falar: "Noites Hard".

Explícito. Poderia a síntese da noite. Ao longo de quase uma hora de pequenas curtas pode ver e ouvir-se tudo: impera a nudez , a genitália, a música e o humor com alguns dildos à mistura. Depois de alguns risos e olhares desviados a sessão chega ao fim e as "coisas estranhas vistas na tela" são tema de conversa no foyer, à ida para casa ou para o Bairro Alto.

Das quatro Noites Hard programadas para a 14ª edição do Queer Lisboa, só restam três oportunidades: hoje, Domingo, com o tema "Noite Hetero"; quinta-feira, 23 de Setembro, a noite "Devotee" (a história de Hervé que encontra um bomzão de 21 anos devoto por amputados) e a última sessão será na sexta-feira 24, e não precisa de descrição adicional, "Sexo Puro".

Paulo Monteiro

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Beijo lésbico leva a expulsão de equipa de futebol no Equador

A comemoração de golo com um beijo levou a um “cartão vermelho directo” para um clube que integrava uma liga de futebol local no Equador. O clube feminino, cultural e desportivo de Guipúzcoa foi expulso da Liga la Floresta, depois de duas jogadoras da mesma equipa se terem beijado em Julho do ano passado.

As jogadoras denunciaram o caso em tribunal, que esta semana  deliberou a seu favor, mas as jogadoras temem pela sua integridade se voltarem a jogar nesta Liga.

“O juíz pronunciou-se a favor da equipa de Guipúzcoa, mas não mencionou nada no que respeita à indemnização de direitos nem nada sobre uma eventual protecção. Entendemos que com estas condições ainda não podemos voltar a jogar, disse em entrevista à agência EFE, Karen Barba, presidente do clube.

Além disso, existe neste momento uma campanha de “ódio e repúdio” contra as jogadoras que está a ser levada a cabo pelos órgãos dirigentes da Liga la Floresta, que apelaram da sentença.

O advogado da Liga, Félix Zambrano, argumentou que a decisão do juíz é “errónea”  porque parte do pressuposto que as jogadoras foram expulsas devido à sua orientação sexual, quando foram suspensas por ter um comportamente que “atenta contra a moral e os bons costumes”, contrário aos estatutos da Liga.

“Não é só um beijo ou um abraço dado com afectividade, o inconveniente é causado quando as meninas acariciam as partes íntimas em frente as crianças, jovens e adultos, actos opostos à moral e aos bons costumes da Liga la Floresta”, sentenciou o juiz.

Por entenderem que os seus direitos foram sistematicamente violados as jogadoras saíram às ruas da capital, Quito, para reivindicar a sua posição. Ao ritmo de apitos e tambores, com as caras pintadas como guerreiras, quiseram parodiar o “futebol competitivo e agressivo dos homens”, disse a criadora da coreografia Cayetana Salau, que acrescentou que esta acção serviu para reclamar que o futebol também pode ser “afectuoso, lésbico e feminino”.

Este caso é só a ponta do icebergue daquilo que acontece no quotidiano das lésbicas equatorianas disse a representante da equipa de futebol, que nomeia ainda situações como o arrendamento de casas ou médicos que não estão sensibilizados para fazer consultas a lésbicas.

Uma das jogadoras, Ani Barragán, afirma que esta discriminação resulta da falta de informação e educação, bem como da pressão exercida pela igreja e por uma sociedade patriarcal e machista que “exercem violência e pressão diária contra as mulheres e em especial contra as lésbicas”.

Outra jogadora acrescenta que é mais bem melhor visto um homem a urinar na rua do que uma rapariga que demonstre sinais de afecto com outra.

As jogadoras denunciam ainda a existência de supostas “clínicas” de “normalização” e de “deshomossexualização”. Karen Barba diz que “nestas clínicas se violam os Direitos Humanos, as mulheres lésbicas, assassinam transexuais, com a protecção das autoridades, e isso parece-nos muito grave.”

 

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A freira que Bento XVI não pode ver

A visita de Bento XVI ao Reino Unido já estava envolvida em polémica mesmo antes da sua chegada.

Dois dias antes da chegada do Papa foi a vez de uma empresa de gelados ver suspenso um anúncio em que se via uma freira grávida a comer um gelado da Antonio Federici. A acompanhar a imagem estava o slogan "imaculadamente concebido". A autoridade inglesa reguladora da publicidade, Advertising Standards Authority (ASA), recebeu oito queixas por parte de leitores de revistas inglesas que se sentiram ofendidos com o conteúdo do anúncio. A ASA considerou o anúncio como "seriamente ofensivo particularmente para aqueles que professem a fé católica" e a gelataria foi obrigada a suspender a difusão do mesmo. Da campanha publicitária da geladaria fazem parte outros anúncios, um que mostra dois padres quase a beijarem-se acompanhados do slogan "acreditamos na salivação" e uma freira e um padre "submetidos à tentação" (anúncio banido em 2009).

Um representante da marca de gelados já veio a público afirmar que a empresa está a considerar avançar com uma acção legal.

 

 

 

 

 

 

Q: Viola di Mare - transgressão em nome do amor (vídeo)

Baseado em acontecimentos reais, Viola di Mare mostra-nos a história de amor de duas mulheres que vivem numa pequena ilha perto da Sicília. Tal como no filme de estreia do festival, também desde tenra idade as personagens se apaixonam e trocam olhares cúmplices.

Mergulhada numa família disfuncional, desde cedo Angela (Valeria Solarino) transgride o seu “esperado” papel. Corajosa e rebelde é dela que parte o beijo que suscita a dúvida de Sara (Isabella Ragonese), a sua melhor amiga de infância, e entretanto regressada à ilha de paisagens soberbas. É onde Angela esclarece Sara que só existe um tipo de amor. Não é o que pensam os progenitores de ambas que as forçam, mesmo ao jeito do século XIX, a casar com um bom marido.

A simbologia presente em todo o filme apresenta-se como um factor chave. O constante conflito entre o bem e o mal fazem daquela ilha o cenário de uma tormentosa história e o papel de carcereiro é desempenhado pelo pai de Angela, que a considera, ele próprio, uma aberração. E se para viver a liberdade, alegadamente impossível, for necessário fazer o impensável, Angela fá-lo.

O filme levanta ainda a questão da opressão sobre as mulheres bem como o desejo da homoparentalidade e o que isso pode custar.

O grande trunfo da película surge na fotografia das paisagens italianas. Os 105 minutos realizados por Donatella Maiorca repetem segunda-feira, 20 de Setembro às 17h00 na Sala 1.

Paulo Monteiro
          
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Q: É possível construir a Nação Lésbica?

The OWLs (Old Wise Lesbians) é um hino geracional por onde passam algumas das artistas mais conhecidas da cena independente do chamado“cinema lésbico” norte-americano. O filme conta a história de um grupo de mulheres que decidiram abraçar a visão utópica da Nação Lésbica. No entanto, ficaram perdidas nos seus sonhos, apanhadas entre uma cultura que não tem espaço para elas e uma geração mais jovem que parece ser indiferente às suas conquistas. Com um orçamento de 22 mil dólares, o filme que também mostrar que é possível montar projectos fora do “system”, convidando lésbicas e artistas queer a juntarem-se no Parliament Film Collective, para criarem este projecto colectivo.

A realizadora Cheryl Dunye explica a sua motivação para montar The OWLs: “Já tinha esta ideia em mente há algum tempo. Ela veio do meu fascínio pelo retratos negativo que as personagens lésbicas têm na história do cinema, pelo enorme fosse entre aquelas que na cultura queer ‘lutaram para criar as nossas identidades’ e ‘aquelas que simplesmente a vivem’, assim como pelo facto de o cinema não criar novas formas de contar e produzir histórias fora do mundo do cinema comercial e independente.”

Sessão no dia 19 , de Setembro, Domingo, São Jorge, sala 1, 19h30

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Q: E numa ilha das Caraíbas… (vídeo)

Lena é a esposa de um pastor gay no armário. Acredita que a única maneira de resolver os seus problemas é limitando os direitos da comunidade homossexual. Romeo é um atraente jovem negro que esconde a sua sexualidade. Jonny é um artista branco que, além de estar a passar por uma crise de inspiração, está em vias de perder a bolsa de estudos. O bullying sucessivo e o pai alcoólico são razões que o levaram a uma depressão.

As três personagens encontram-se, por razões diferentes, na ilha de Eleuthera e são o centro de “Children of God”. O filme foi rodado nas Bahamas e é, só por si, um statement contra a homofobia que atravessa vários países da região das Caraíbas. É que o filme retrata o que significa o amor, a solidão, a tolerância e a auto-aceitação. Este é o quarto trabalho cinematográfico do realizador das Bahamas Kareem Mortimer, e abriu a edição do ano passado do Festival Internacional do Cinema das Bahamas.

O filme passa no Queer Lisboa, no São Jorge, sexta-feira, 24 de Setembro, às 22h, Sala 1

 

Q: O que têm os bears de tão especial?

O documentário “Bear Run”, de Dan Hunt, dá-nos a conhecer a vida dos ursos Mikhael, Louie e Mike, mas no fundo é uma homenagem à comunidade bear. Ao longo de quase uma hora, é possível seguir as suas histórias de vida, onde se destacam o processo de coming out e a forma como lidam com a imagem física, que está nos antípodas do que é “exigido” pelo mainstream gay. Esta é também uma forma de ficar a conhecer melhor uma comunidade que tem vários subgrupos (chaser, polar, otter, chub, muscle, daddy, entre outros) e também um código de vestuário, bandeira e hábitos próprios. Pegando nestas “classificações”, John é o chamado classic bear, Mikhael é o daddy bear e Louie… o Mr. International Cub.

O filme passa na quarta-feira, 22 de Setembro, na Sala 3, às 21h30

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Q: Lotação esgotada na abertura do Queer Lisboa

“Tanta ‘bicha’, tanta ‘bicha’, o que é isto? Uma reunião da Tupperware?” O sketch áudio da Bicha do Demónio, o popular fenómeno da internet, arrancou a primeira gargalhada do público que esgotou ontem a sessão de abertura do Queer Lisboa 14, o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa.

As honras de abertura do festival foram efectuadas por Albino Cunha, da Associação Cultural Janela Indiscreta, e  por João Ferreira, director artístico, que agradeceram a todos aqueles que, entre voluntários e entidades, tornaram possível esta 14ª edição. Em palco estiveram o júri do festival, voluntários e o representante da EGEAC, que co-produz o evento que “mostra dinamismo a cada ano”.

O primeiro de nove dias de festival  no Cinema São Jorge começou com o filme do realizador brasileiro Aluizio Abranches “Do Começo Ao Fim”. Sala repleta pelo que a oportunidade de (re)ver o filme é hoje às 17 horas.

Ainda nos momentos que antecederam a sessão de abertura estiveram presentes em frente do Cinema São Jorge cerca de duas dezenas de pessoas que se manifestaram de forma pacífica envergando faixas “Contra o  Apartheid Israelita” e em “Solidariedade com a Palestina”.

Novidades

À chegada ao festival de cinema gay e lésbico todos aqueles que utilizam a tecnologia Bluetooth no telemóvel são convidados a aceitar uma aplicação ecológica: nada menos do que a programação completa do Queer Lisboa 14 para consulta gratuita.

O renovado Cinema São Jorge, que abriu as portas após obras de intervenção propositadamente para o Queer, tem agora assentos que proporcionam maior conforto, o ar condicionado em funcionamento e uma área acessível para portadores de deficiência motora ou com dificuldade de locomoção.

Durante os discursos da sessão de inauguração foi possível assistir a interpretação de língua gestual portuguesa para um grupo de espectadores.

Reacções

Rita Blanco, que integra o júri que escolherá qual das dez longas-metragens a concurso deverá ser a vencedora do festival, disse ao dezanove estar bastante satisfeita com este convite. A actriz, que provocou alguns momentos bem-humorados na sessão de abertura, confidenciou que gosta de cinema e por essa razão é que estava ali. Em declarações ao dezanove sobre a importância da causa LGBT, a actriz defendeu “direitos iguais, estatutos iguais e o lutar sempre pela liberdade”.

Após a sessão de abertura, Albino Cunha afirmou ao dezanove que as expectativas foram cumpridas e deixa como sugestão pessoal para este Queer "todos os documentários".

Para João Ferreira, a abertura “correu bem” e tem em simultâneo algo de “final de festival” porque representa a “conclusão de um esforço e uma sensação de alívio”. “O nosso objectivo durante o festival é agradar a um leque grande de espectadores e manter a qualidade até ao fim”, disse o director artístico, que acrescentou “queremos que cada um encontre aqui algo que goste”. Como sugestão pessoal, João Ferreira aponta a longa-metragem “Open”, que “trata a questão dos transgéneros como nunca vi”, refere.

Miguel Pinto, da Associação ILGA Portugal, partilha com o dezanove que esta é a oportunidade de “ver um tipo de cinema focado na população LGBT que não temos oportunidade de ver ao longo do ano” e que o Queer “proporciona o aumento da visibilidade e o sentido de comunidade, isto é, criar força dentro de um grupo de pessoas para que estas se apercebam dos seus direitos”.

Fotos do Queer Lisboa 14 no Facebook do dezanove

Q: Lady Gaga e Eurovisão. Mistura explosiva no Queer Pop

Nuno Galopim, programador do Queer Lisboa, explica ao dezanove as opções do programa Queer Pop deste ano. Nesta secção haverá o documentário “Prima Donna: The Story of Rufus Wainwright’s Début Opera” e três sessões com vídeoclips. A saber, uma com um balanço do último ano, outra dedicada à participação portuguesa na Eurovisão e ainda uma sessão só com Lady Gaga.

Dezanove: O Queer Pop terá uma sessão inteiramente dedicada a Lady Gaga. É sinal de que ela já destronou a Madonna como referência gay na música?

Nuno Galopim: Desde que a sessão Queer Pop foi criada temos procurado, além de panoramas da produção de cada ano, centrar depois um foco em grandes ícones. Já o fizemos com Madonna em 2007, os Pet Shop Boys em 2008, Myléne Farmer e Zazie em 2009 e, este ano, Lady Gaga. Não podemos pois centrar a escolha numa lógica de novo dono de um eventual trono, mas como um retrato de alguém com relevância no panorama pop e com afinidades com a cultura queer. Por todas as razões Lady Gaga era figura incontornável este ano.

Mas o que tem Lady Gaga de especial?

O facto de ter conhecido parte da sua formação artística num meio underground nova-iorquino atento a manifestações da cultura queer (no fundo os mesmos circuitos de espaços, figuras e ideias que há uns dez anos formaram uns Scissor Sisters), o seu posicionamento político de sistemático apoio às grandes lutas da comunidade LGBT, o tomar de figuras como David Bowie ou os Queen são apenas algumas das possíveis explicações para a soma de factos que dela fez, em menos de dois anos, um grande ícone pop para esta mesma comunidade. A sua obra em vídeo é notável, exibindo de resto um grau de sofisticação (e de orçamentos) que só os grandes casos de sucesso na música pop habitualmente têm acesso. Se destronou ou não Madonna, é “caso” ainda sem respopsta. Lady Gaga tem um álbum editado, mais um mini-LP. Está a viver ainda o ciclo aberto em 2008 com ‘The Fame’ e, por isso, quaisquer comparações com a dimensão que, em mais de 25 anos, atingiu a obra de Madonna, parece ainda conclusão precoce. É certo que, sobretudo desde o final da última digressão de Madonna, foi Lady Gaga a figura pop com maior exposição mediática.

Mas poderá suceder a Madonna, enquanto rainha do pop?

Tem de mostrar capacidade em resistir à erosão que o tempo lança sobre a maior parte das carreiras na música… Ou seja, para já deixemos o trono em quem o tem… E acompanhemos com atenção as cenas dos próximos capítulos… E se houver troca de ceptro, todos certamente daremos por isso.

Haverá também outra sessão sobre participação portuguesa na Eurovisão. Porquê a escolha destas seis canções? Reparo que a Dina, por exemplo, não está presente.

E como não está Dina não está também Madalena Iglésias, com um ‘Ele e Ela’ (1966) que tem sido das canções eurovisivas nacionais uma das que mais tem resistido ao tempo ou mesmo o ‘E Depois do Adeus’, de Paulo de Carvalho (1974), que adquiriu uma importância histórica ao ser usado como primeira senha na rádio na madrugada da revolução de 25 de Abril. Esta é apenas uma escolha. Não aleatória, de facto, mas representativa de alguns momentos numa história maior e à qual regressaremos mais dia menos dia no Queer Lisboa. São canções dos anos 60 e 80, juntando-lhes o “caso” de melhor pontuação de sempre nos anos 90. Para contar algumas histórias. E deixar para um futuro próximo uma série de reflexões sobre a relação da cultura queer com este fenómeno que, todavia, tem maior expressão em canções concorrentes vindas de outros países. Esta sessão é, assim, um prólogo para uma ideia que pretendemos desenvolver numa das próximas edições do festival.

Ainda na sessão sobre a Eurovisão, a música mais recente é Lúcia Moniz, com O Meu Coração Não Tem Cor. É sinal de que nos últimos 14 anos os músicos portugueses que foram à Eurovisão não produziram nada de relevante?

Apesar de nos últimos três anos Portugal ter estado representado na final do Festival da Eurovisão, o certo é que é já antigo o desinteresse português (que vai do grande público aos músicos, sem esquecer os editores discográficos) pelo Festival da Canção. De resto, a própria canção de Lúcia Moniz (de 1996), e que representa a melhor classificação de sempre de uma participação portuguesa (um 6º lugar), não chegou sequer a conhecer nunca uma edição em disco. Apesar do reconhecimento popular de canções como ‘Chamar a Música’ de Sara Tavares (1994) ou ‘Lusitana Paixão’ de Dulce Pontes (1991) a verdade é que não temos uma lógica de mercado (e logo de sucesso) aplicada às canções convocadas ao Festival da Canção desde meados dos anos 80.

Como explicar o sucessivo desinteresse pela Eurovisão?

O progressivo esvaziamento da chamada música ligeira dos espaços da rádio e do próprio mercado discográfico a partir de meados dos anos 80 pode ter sido uma das primeiras causas para este desinteresse. Com o tempo os nomes de primeira linha deixaram de concorrer. As canções não acompanharam os sinais dos tempos e cada vez mais estão de costas voltadas para o que escutamos noutras frentes da invenção musical. Mas o caso não é um exclusivo português, abatendo-se essencialmente por toda a Europa ocidental. Hoje o Eurofestival é fenómeno a Leste, onde o concurso terá uma relevância semelhante à que nos anos 60 ou 70 serviu a Europa Ocidental. Os tempos, por aqui, mudaram mesmo.

Rui Oliveira

Q: Israel é motivo de protesto em frente ao São Jorge

Sob o mote “Não à associação do Queer Lisboa com o criminoso apartheid israelita! Pela rejeição imediata do apoio da embaixada israelita ao Festival!” foi convocada para hoje às 20h30 em frente do Cinema S. Jorge uma concentração convocada por vários activistas e colectivos. Entre os colectivos portugueses que apoiam a acção encontram-se as Panteras Rosa, SOS Racismo, UMAR - União Mulheres Alternativa e Resposta, para além de António Serzedelo, presidente da Opus Gay e a cineasta Raquel Freire. A acção coincide com a abertura do Festival de Cinema Queer Lisboa 14 no Cinema S. Jorge.

Os activistas acusam a organização do evento de associação  com “apartheid” promovido por Israel em relação ao povo palestiano. Embora a organização do protesto sublinhe que “esta não é uma acção contra o Queer Lisboa (…) e muito menos 'anti-Israel', mas sim pela paz para todos os povos do Médio Oriente, pelos direitos do povo palestiniano”, os activistas sustentam que “nos últimos três anos e apesar de alertas que já foram dirigidos no ano passado, o Festival propõe-se receber apoio financeiro e institucional da embaixada israelita em Lisboa.

Contactada pelo dezanove, a organização do Queer Lisboa 14 esclareceu que “o apoio da Embaixada de Israel [é] exclusivamente para transporte de filmes ou convidar realizadores deste país – que o próprio Festival escolhe, sem qualquer interferência da respectiva embaixada”. A Associação Cultural Janela Indiscreta esclarece ainda que não “apoia ou subscreve qualquer política do Estado de Israel, ou de qualquer outro Estado” e que sempre se absteve de promover uma qualquer posição política no que diz respeito a conflitos de cariz político, ideológico ou religioso. A associação cultural reforça um dos objectivos do festival: “Garantir a presença de filmes que possam retratar a situação da comunidade LGBT do mundo inteiro, sobretudo quando se trata de dar voz à violação dos seus direitos e atentados contra a sua liberdade”.

Este protesto pode afectar a projecção do documentário “Covered”. É que o cineasta canadiano John Greyson, que apoia o protesto, solicitou a dissociação do Festival relativamente ao apoio da embaixada israelita, sob pena de não permitir a exibição do seu documentário.

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Q: O que se passa no quarto de Leo (vídeo)

O filme El Cuarto de Leo conta a história de Leo (Martín Rodríguez), um jovem que, em pleno processo de auto-aceitação e descoberta da sexualidade, reencontra Caro (Cecilia Cósero), uma ex-colega da Escola Primária, que vive também uma crise pessoal. O reencontro vai provocar marcas profundas nos conflitos pessoais de cada um, sem que nenhum dos dois se aperceba realmente do que se passa um com o outro. O filme passa no Sábado no Queer Lisboa.

Esta primeira longa-metragem de Enrique Buchichio, que assina também o argumento, é uma boa surpresa. Sim, é um filme didáctico quase educativo até, ideal para passar nas escolas. No entanto, o filme não é perfeito na abordagem das temáticas da sexualidade e da homossexualidade. Um jovem não passa por uma crise sexual, como a vivida por Leo, da forma como o filme a retrata. Há mais angústias, há mais incertezas, há mais inseguranças. Nenhuma mãe daquela idade diz a um filho que o quer ver feliz com uma namorada ou um namorado com a naturalidade com que o filme nos mostra.

El Cuarto de Leo é um filme leve e fresco mas também é intimista, revelando o próprio processo de metamorfose de Leo. O retrato da depressão de Caro está mais do que bem conseguido. Todo o filme é esta dicotomia entre o bom exercício de cinema e a leveza (absurda) dum assunto sério. Com interpretações exemplares, sobretudo a de Martín (Leo) e Cecilia (Caro). Destaco ainda a pequena pérola que é a personagem Felipe (Rafael Soliwoda).

Veredicto: 3 estrelas em 5

O filme passa no Queer Lisboa, Sábado, 18 de Setembro, no São Jorge, Sala 1, 15h

Luís Veríssimo

                    
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