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Daniel Zamudio (1987-2012): um caso que está a chocar o Chile e o mundo

Na noite de 3 de Março último em Lisboa era noite de mais uma festa Conga, no Porto vivia-se a segunda noite do Festival Mexefest, fazia-se ainda o rescaldo do jogo Benfica - Porto e em Braga acabava mais um casting para o programa Ídolos.

Nessa mesma noite em Santiago do Chile perpetrava-se um dos crimes que chocou o Chile e tem estado a chocar o mundo. Quatro neonazis encapuzados encontraram Daniel Zamudio, um jovem de 24 anos que trabalhava numa loja de roupa, num parque da cidade. Os quatro neonazis passaram horas a pontapeá-lo, a apedrejá-lo na cabeça, a queimá-lo com cigarros, a tirar-lhe uma parte da orelha e com o gargalo de uma garrafa marcaram-lhe o peito com uma cruz suástica.

Na manhã seguinte, Daniel foi encontrado e levado para o hospital onde permaneceu em coma. O crime chamou a atenção das mais altas instâncias do país. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, defendeu uma sanção exemplar. O episódio fez destapar que existia um projecto de lei contra a discriminação aos homossexuais na gaveta há sete anos, com receio por parte dos conservadores e da Igreja que a aprovação do projecto de lei abrisse caminho ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

 

O crime está igualmente a chamar a atenção para a condição vivida pela comunidade LGBT na América Latina. Dados da ONG brasileira Grupo Gay da Bahia revelam que os crimes contra a comunidade não param de aumentar. Em 2011 foram assassinados 266 pessoas devido à sua orientação sexual ou identidade de género. Mas estes números escondem os casos não registados, que os activistas acreditam serem o dobro ou o triplo, o que confere ao Brasil o bárbaro título do “país mais homofóbico das Américas”. As razões que levam à não divulgação dos assassinatos prendem-se com as próprias famílias que preferem canalizar para o silêncio a desonra e a vergonha que a homossexualidade supostamente impõe.

 

Daniel resistiu 25 dias aos ferimentos numa cama de hospital. Mas os graves traumatismos levaram-no a falecer no dia 27 de Março. Daniel era homossexual. A motivação do crime perpetrado por jovens entre os 19 e os 25 anos chama-se homofobia e no Chile e em vários países do mundo está de mão dada com a impunidade. Passados vários anos o cenário e os protagonistas de Santiago do Chile fazem lembrar casos mediáticos como os de Gisberta no Porto ou de Sonia Rescalvo em Barcelona.

O projecto de lei que pretende penalizar actos de ódio contra a comunidade LGBT no Chile avançou na última quinta-feira e à semelhança do que aconteceu nos EUA com Matthew Shepard, vai ficar associado ao crime bárbaro que tirou a vida a Zamudio. Não o trará de volta e não o deixará esquecido.

 

Paulo Monteiro

 

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