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Tom of Finland, na fronteira entre a arte e a pornografia

O passado mês de Maio marcou o 92º aniversário de um dos maiores artistas da Finlândia: o “Tom of Finland”.

No entanto, não vi nenhuma mensagem na página oficial do nosso governo lembrar a ocasião. Isto acontece porque para muitas pessoas o Tom of Finland não é arte mas simplesmente pornografia. Ser homoerótico com H maiúsculo não ajuda.
Cada país precisa dos seus heróis para o processo de construção da nação. Estes heróis na agenda nacional são quase exclusivamente heterossexuais.
Touko Laaksonen (aka Tom of Finland) nasceu na Finlândia em 1920, mas fez a maior parte da sua carreira internacional nos EUA. Dele se diz ser o "criador mais influente de imagens pornográficas gays". Foi especialmente ele que conseguiu mostrar o lado mais masculino do homoerotismo.

Os seus desenhos mostram com homens musculosos da classe trabalhadora envolvidos em penetrações versáteis. Touko foi bem sucedido comercialmente e iniciou a sua carreira através da apresentação dos seus desenhos para revistas americanas de ‘beefcake’ [com imagens de homens atraentes e musculados]. Estas revistas pornográficas gays só sobreviveram à censura devido à sua ligação com a promoção da "saúde física". Mais tarde, nas décadas de 60 e 70, Touko Laaksonen mudou um pouco mais a sua arte devido ao abrandamento da censura nos USA. Foi aí que o hardcore porn gay surgiu. Foi nesta ocasião que Touko desenvolveu a maior parte do seu trabalho projectando arquétipos gays como lenhadores, policiais, soldados, marinheiros, bombeiros e homens vestidos de couro. Acredita-se que o conceito de homem vestido de couro e a estereótipo motociclista seria hoje bem diferente sem a contribuição de Tom of Finland. A sua obra salienta ainda a lenda que circula amplamente entre os homens gays que estes possuem os pénis maiores... ou pelo menos o maior afecto em relação a eles.

Dentro do universo frágil das relações internacionais, entendo a escolha do meu governo em não promover trabalho de Tom of Finland. Em muitos lugares infelizmente seria simplesmente contra a lei (como na Arábia Saudita ou a Nigéria e recentemente na vizinha cidade de São Petersburgo). A grande questão é, seria mais aceitável se retratasse homens e mulheres como no Kamasutra da antiga Índia? Se fosse esse o caso a arte em si não seria tão inovadora ou vanguardista e mais facilmente se enquadraria na categoria “básica” de pornografia: o macho dominante sobre a fêmea de uma forma sexual forçada. A beleza da pornografia gay reside na sua igualdade, todos os homens retratados estão nas actividades sexuais com o seu próprio consentimento.
Quantos artistas gays tem o apoio do Governo português? Quantas ruas têm os nomes dos nossos heróis gays? Na minha Finlândia as autoridades deviam entender o valor desse artista e honrá-lo com uma estátua. Afinal de contas os atletas nus gregos de mármore podem ser vistos um pouco por todo o hemisfério ocidental. Porque não nos actualizamos para o terceiro milénio com um pouco mais músculos, alguns acessórios fetichistas e uns pénis maiores...?
As obras de arte de Tom of Finland pode ser vistas na Tom of Finland Foundation com sede em Los Angeles, EUA. Na Finlândia os seus trabalhos podem ser vistos em muitas galerias de arte. Espero que num futuro próximo ele também possa ser visto em Portugal.

 

Mikki Antero

 

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