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A caça ao arco-íris na Rússia

Em Novembro de 2011 foi adoptada a lei da proibição de propaganda homossexual entre os menores da idade em São Petersburgo. A lei que entrou em vigor em Março deste ano determina que todas as “acções públicas direccionadas à propaganda de sodomia, lesbianismo, bissexualidade e temática transgénero entre os menores serão punidas com multas, que variam entre os 125 e 12500 euros.

 

Como consequência dessa lei, no passado dia 28 de Setembro os clérigos da organização não-governamental “Sé Pública”, que luta contra a propaganda homossexual na Rússia, entregaram uma queixa na Procuradoria-Geral contra a empresa Wimm-Bill-Dann-Fods (WBD). Os activistas acusaram a WBD da ilustração intencional de um arco-íris LGBT nas embalagens de produtos lácteos da marca “O Leiteiro Alegre” (tradução livre da marca de leite Vesyoly Molochnik, subsidiária da PepsiCo,) que lançaram uma promoção chamada: “Prendas Coloridas”.

O responsável pela “Sé pública de São Petersburgo, Anatoliy Artuk, explicou no seu blog que tinha reparado na alteração das embalagens de produtos lácteos: agora era possível ver atrás das costas do leiteiro um arco-íris que, na sua opinião, não se tratava de uma mera coincidência ou de um erro, mas sim de um posicionamento intencional do arco-íris incompleto - sem a cor ciano – tido como o símbolo internacional da comunidade LGBT. “Acho que esta é uma propaganda directa do pecado” – reclama Anatoliy Artuk.

Até serem revelados os resultados da investigação da Procuradoria, os activistas da “Sé Pública” irão organizar manifestações contra os produtos lácteos sob a marca “O Leiteiro Alegre”. A empresa WBD é propriedade da PepsiCo e este acontecimento pode ser considerado, por muitos, como uma conspiração contra a Rússia, como tem veiculado Artuk, que é assessor do deputado ortodoxo Milonov, do partido pró-governo “Rússia Unida” e autor de leis consideradas homofóbicas.

 

A organização “Sé Pública” foi criada em 2005 com o objectivo da “transformação da Rússia baseada nos valores tradicionais, espirituais e morais da civilização russa”. Esta organização é conhecida também pelas suas manifestações contra os concertos de Madonna, que apoiou explicitamente a comunidade LGBT aquando da sua última digressão neste país. Este movimento exigiu da cantora uma compensação pelos danos morais no valor de 8,5 milhões de euros depois do concerto realizado pela cantora em São Petersburgo em Agosto passado. No concerto, Madonna demonstrou também apoio à banda de feministas Pussy Riot entretanto presa.

Esta não é a primeira vez que os clérigos, com a ajuda legisladora do governo de São Petersburgo, levam a cabo uma luta com o arco-íris “incorrecto”. Anteriormente, em Maio de 2012, a polícia russa prendeu participantes que integraram a manifestação do Dia do Trabalhador por causa de suspensórios “arco-íris”.

 

No entanto, nas referidas embalagens de leite, o arco-íris tem realmente de seis cores, mas a cor ausente não é o ciano como na bandeira LGBT, mas sim, o azul. Noutras embalagens está ausente a cor violeta. Na página da internet desta promoção encontram-se as imagens do arco-íris mais variadas, tal como nos produtos. O mais provável, é que as diferenças na interpretação do ciano, azul e cor violeta se devam às particularidades tipográficas das embalagens e do material em que foram impressas. A empresa PepsiCo já reagiu a estas reivindicações dos “activistas ortodoxos”: “contar as cores do arco-íris não veio à cabeça de ninguém, para além desse senhor… com a imaginação inflamada. Considero tudo isto como uma tentativa de chamar a atenção para a sua pessoa. Ele decidiu ganhar popularidade, encontrando uma causa, praticamente inventada” disse o vice-presidente da PepsiCo-Rússia Sergey Glushkov.

Apesar de parecerem anedóticos os acontecimentos são verdadeiros. Será que a sociedade russa consegue suportar a pressão dos clérigos, obscurantistas e das pessoas com a “imaginação inflamada” que auxiliam os deputados do partido “Rússia Unida” nesta caça às bruxas versão "arco-íris"?

 

A história da bandeira LGBT, propriamente dita, já passou várias fases. No início era uma bandeira de oito cores (cor-de-rosa, vermelho, laranja, amarelo, verde, ciano, índigo e violeta). A bandeira foi usada pela comunidade gay norte-americana do início dos anos 70. Depois perdeu uma cor – o rosa. Em 1979 a bandeira sofreu mais uma transformação. Foram decorados os postes de iluminação na praça do Comércio em São Francisco com a bandeira colocada verticalmente. Na altura, a faixa do meio foi tapada pelo próprio poste. A forma mais simples para resolução desse problema foi remover o ciano. Finalmente, a faixa de cor índigo foi alterada para azul, o que nos deu a versão contemporânea da bandeira.

 

Alexandre Iourtchenko


 

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