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Nem na mata se encontram histórias assim

AMPLOS, três anos a lidar com o coração de mães, pais e jovens LGBT

O cenário social e político melhorou nos últimos três anos, mas bastaria uma só história de uma família infeliz para Margarida não baixar os braços. A voz emocionada de Margarida transmite as angústias, mas também as alegrias de um número crescente de mães em Portugal. Margarida Faria é a presidente da AMPLOS, a Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género que comemorou este Sábado três anos.

 

Porque se pensa que a orientação sexual ou a identidade de género é uma razão para a infelicidade no seio das famílias?

Não tem de ser necessariamente assim. E foi disso que se falou este Sábado à tarde na Livraria Ler Devagar, em Lisboa, numa festa de aniversário de portas abertas.

 

Mas o que se celebra em três anos de actividades da AMPLOS?

Margarida explica às pessoas presentes – todas unidas pelos laços familiares e pela amizade à AMPLOS – que a existência da associação assenta na defesa dos direitos dos filhos e filhas, netos e netas e entes queridos: “Um dos vectores da nossa associação é contrariar a invisibilidade, daí a razão de estarmos a celebrar o nosso aniversário num espaço público, aberto a todos”. A presidente da AMPLOS apoia-se em vários voluntários, mães, pais, amigos, filhos e filhas que de tudo um pouco do que sabem fazer fazem o que a associação é: um suporte presencial, telefónico e através da internet onde se apoiam e ouvem mães e pais e onde se luta para estes filhos e filhas "alcancem os seus projectos de vida em pé de igualdade como todos os outros."

"Queremos ser um ponto onde as mães e os pais possam recorrer se os seus filhos forem vítimas de bullying nas escolas” refere a mãe activista. “Estamos articulados com associações como a rede ex aequo ou a ILGA para combater a discriminação e prestar informação e influenciar a mudança social e política.” Um exemplo recente foi a inclusão da não discriminação com base na orientação sexual ou identidade de género no estatuto do aluno publicado em Diário da República em Setembro último e agora em vigor nas escolas portuguesas.

 

Os números que se traduzem em apoios ao longo destes três anos

Já são mais de 85 as mães e pais envolvidos com a associação, cerca de 45 os jovens a quem a AMPLOS presta apoio e cerca de igual número aqueles que se associam pagando uma quota que permite à AMPLOS desenvolver projectos como o apadrinhamento de livros educacionais, como a obra “Saber ao Certo”, ou a linha telefónica 918820063.

Em três anos a associação participou nas marchas do orgulho LGBT de Lisboa e Porto, em vigílias, em tertúlias, nas edições do Arraial Pride, no Dia de Luta Contra a Homofobia e Transfobia e realizou 30 encontros para mães e pais em Portugal.

 

Novos projectos no horizonte do quarto ano da AMPLOS

A tarde de aniversário serviu de pretexto para adiantar uma visualização sobre o novo site (www.amplos.pt) e logotipo, a promessa de um novo manual de procedimentos para mães e pais e o surgimento de um núcleo de apoio na Margem Sul.

A AMPLOS integra uma rede de organizações não governamentais congéneres o que permite troca de experiências e apoio a situações “emocionantes”: Em Junho de 2013 vão estar em Lima, no Perú: “Também lá vão estar as mães brasileiras que se uniram depois dos seus filhos serem mortos devido a crimes de ódio [com motivação homofóbica]” declarou Margarida.

 

Os testemunhos na primeira pessoa

Graça e Manuel. A primeira mãe, o segundo filho: “Desejamos as maiores felicidades à AMPLOS e sobretudo que realizem os objectivos a que se propõem”. Ambos deixam uma mensagem a famílias ainda com problemas: “vão com calma, procurem a AMPLOS e informem-se sobre estes temas porque os medos que sentem são baseados no desconhecimento da realidade. A realidade não é tão má como pode parecer à primeira vista. Há pais que sofrem mais com as reacções dos filhos porque não comunicam."

 

Ana, a mãe que leva a AMPLOS no coração. “Porque é com o coração que temos de lidar com estas situações” responde quando questionada sobre porque leva o pin da AMPLOS junto ao peito. Ana tem um filho de 18 anos que lhe revelou há cinco meses que era homossexual. “A minha primeira reacção foi de susto e medo dos problemas que ele poderia vir a ter na sociedade, mas nunca pus em causa o meu amor incondicional de mãe. Hoje sinto que fiz uma etapa do caminho: apoiei-o, fi-lo perceber que não está sozinho e não precisa de sofrer mais sozinho, mas também quero que ele perceba que há outras batalhas pela frente e que vamos encará-las juntos!” diz Ana em declarações ao dezanove.pt. “Sei que ele deve ter sofrido muito para se assumir aos 18 anos porque é preciso muita coragem para revelar e não continuar a viver na clandestinidade.”

 

“Nos últimos três anos tem havido mais histórias felizes ou infelizes a chegar à AMPLOS?”, perguntamos à presidente Margarida Faria. “Há sempre histórias novas porque a realidade não se repete de caso para caso. Há muitas histórias que me tiram o sono” confidencia Margarida. “Aparecem cada vez mais casos de jovens transexuais e quer os jovens quer os pais precisam de apoio, porque são processos muito longos e complicados.” Margarida sonha com o dia em que com naturalidade todos aceitem que “um príncipe casar com um príncipe e uma princesa casar com uma princesa” seja indiferente. “Porque não?”

 

A próxima actividade da associação é celebrar novamente o terceiro aniversário, mas desta vez no Porto. É só marcar 11 de Novembro na agenda e os pormenores são para reconfirmar e acompanhar no novo site da AMPLOS.

 

Recorda: Foi assim o primeiro aniversário da AMPLOS...   E assim foi o segundo.

 

Texto e fotos de Paulo Monteiro

 

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