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Zimler e Quintanilha: Uma história exemplar

O escritor Richard Zimler (56 anos) e o investigador Alexandre Quintanilha (68 anos) foram entrevistados na última edição do suplemento 2 do jornal Público.São dos raros exemplos de quem dá a cara enquanto casal homossexual em Portugal. Na entrevista de oito páginas relatam o seu quotidiano e a sua história de amor.

Conheceram-se em São Francisco. Quando começaram a ver vários amigos a morrer com o surto de sida na cidade, decidiram mudar-se para Portugal. Zimler, que é também professor universitário, conta a dificuldade que teve em abordar a questão da orientação sexual com os pais, até porque o seu irmão, também homossexual, tinha VIH e acabou por morrer. Já Alexandre Quintanilha relata que "os meus pais não eram preconceituosos. Não disse que era gay, não existia essa expressão quando tinha 16 anos. Disse aos meus pais que estava apaixonado por um homem e que não percebia. Não havia role models. O meu disse-me que não era uma coisa que ele percebesse, mas que se isso me preocupava podia arranjar uma pessoa com quem eu pudesse falar. E fui falar com um psiquiatra, duas vezes", relata Quintanilha, então a viver em Moçambique.

O casal vive no Porto e casou-se. "Convidámos um número muito pequeno de pessoas, que são muito íntimas. Ficaram muito emocionadas, foi o primeiro casamento gay em que estiveram. E o notário trouxe-nos um presente de casamento, um disco de música sefardita galega", relata Alexandre Quintanilha. E por que foi importante casarem-se? Pelo "simbolismo", responde Zimler. "Ainda há sítios no mundo em que ser homossexual pode ser punido com sentença de morte, com penas de dez anos, ou mais, de prisão. Para mim, como escritor, como ser humano, o facto de ser um crime exprimir o que é melhor dentro de nós, a afeição, a paixão, a solidariedade e a amizade, é inconcebivelmente injusto". O autor de "O Último Cabalista de Lisboa" acrescenta: "Vivi num mundo em que não era possível as pessoas das pequenas aldeias dos Estados Unidos assumirem-se. E em Portugal talvez não seja possível em aldeias do interior. Falo disto para que aquela jovem lésbica de Castelo Branco, ou o jovem transexual de Fafe possam olhar para mim e para o Alexandre e descobrir: 'Não tenho de mudar para ser aceite. Posso ser como sou. Tenho os meus direitos dos outros. Não há cidadãos de segunda em Portugal'".

Na mesma entrevista o casal relata a normalidade com que foram aceites em Portugal. Não havia ninguém no Porto, desde o reitor ao ministro [que não soubesse que são um casal]. Quando veio cá o [Bill] Clinton, o Jorge Sampaio convidou-nos aos dois como casal", recorda Quintanilha. Alexandre Quintanilha nasceu na actual Maputo, Moçambique, e é um físico de renome internacional. É professor catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), director do Centro de Citologia Experimental e coordenador do Instituto de Biologia Molecular e Celular, também no Porto. Richard Zimler nasceu em Nova Iorque e é um jornalista, escritor e professor universitário naturalizado português. O seu romance "Os Anagramas de Varsóvia" foi nomeado Livro do Ano 2009 pela revista Ler e considerado um dos 20 melhores livros da década 2000-2009 pelo jornal Público.

 

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