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Os melhores de 2013 (e algumas desilusões)

Pelo quarto ano consecutivo a equipa do dezanove.pt analisou as personalidades e acontecimentos que marcaram a actualidade LGBT nos últimos 12 meses. Dar visibilidade a pessoas e factos que se destacaram em 2013 e denunciar situações em que a discriminação em função da orientação sexual e identidade de género se fizeram sentir em Portugal são os propósitos dos Prémios dezanove 2013. Conheça os melhores e as desilusões do ano.

 

Considerada como uma das palavras do ano, a co-adopção e, consequentemente, a adopção, foram dos temas mais debatidos a nível nacional. A aprovação, na generalidade, do projecto de lei do PS, que contempla a co-adopção por casais do mesmo sexo, no dia 17 de Maio, não deixou ninguém indiferente. Os defensores celebraram, os opositores manifestaram-se e o resultado foi um debate, político e social que trouxe uma visibilidade até então inexistente a este tema. Apesar do desfecho deste projecto de lei ainda não ser conhecido, o seu impacto é irreversível na luta pelos direitos LGBT em Portugal.

Em Junho deste ano a Rússia fez correr muita tinta com a aprovação da lei que proíbe a "propaganda homossexual", por parte do Governo de Vladimir Putin. Coincidindo com a contagem decrescente para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, a violência contra a população LGBT começou a aumentar e a ser disseminada pela internet. Várias foram as manifestações por todo o mundo: desde figuras públicas que protestaram contra as leis, que enviaram mensagens de esperança e outras ainda que lançaram campanhas e convocaram manifestações, incluindo em Lisboa, que apelavam a um boicote dos produtos russos e das próprias Olimpíadas. Entretanto, Vladimir Putin, num sinal de abertura do regime, lá decidiu libertar vários presos políticos.

O concorrente, daquele que é um dos programas de TV de maior audiência nacional, foi um dos participantes mais polémicos pelo segredo que levou para a casa. Desde o início do programa que a comunicação social começou a explorar o segredo de Lourenço. Com esta mediatização, o tema da transexualidade foi muitas vezes retratado de forma bastante informativa e positiva, em parte pela postura do concorrente em relação ao tema. De louvar, ainda, o papel dos pais de Lourenço que foi exímio no retrato da importância do apoio familiar neste tipo de casos.

 
Papa Francisco

Apesar das fracas expectativas, aquando da eleição do novo Papa, no que diz respeito às questões LGBT, o Papa Francisco surpreendeu pela positiva. Várias foram as declarações que fez, desde que foi eleito, referindo-se aos homossexuais. Em Julho disse, numa entrevista, que os homossexuais deveriam ser integrados e não marginalizados, pois "se uma pessoa é homossexual mas procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar?". Mais tarde viria a apelar a um "novo equilíbrio" da Igreja, que acusa de ter uma obsessão com temas como "os gays, o aborto e a contracepção".

Os dois deputados eleitos pelas listas do PS viram o seu nome associado ao projecto de lei da co-adopção por casais do mesmo sexo, pelo qual deram a cara e que foi aprovado na generalidade a 17 de Maio. Desde a participação no programa Prós e Contras até à presença na Marcha do Orgulho LGBT, o apoio dos dois deputados à comunidade LGBT fez-se notar durante este ano. O mérito de ambos é de congratular, pela pesquisa e luta pela aprovação de um projecto de lei, a que chamam de "primeira vitória".

O português António Simões, presidente do banco HSBC no Reino Unido, foi notícia em Agosto deste ano, ao ocupar o primeiro lugar de uma lista dos 50 líderes homossexuais de negócios e empresas que se assumiram e que podem ser considerados bons modelos para a sociedade. "Sempre vivi num ambiente com muito apoio dos amigos e da família. Quando comecei a trabalhar, o ambiente não era tão inclusivo como é hoje", disse António Simões, referindo que nunca se deparou com qualquer tipo de discriminação.

Após a notícia avançada pelo Correio da Manhã de que Diogo Infante se teria casado com Rui Calapez, numa cerimónia rápida e privada, o actor sentiu a necessidade de expressar a sua alegria através do Facebook.

"Queremos mudar mentalidades e viver numa região capaz de respeitar e celebrar a sua diversidade." Foi desta forma que os organizadores justificaram a organização da primeira Marcha LGBT de Braga. O Núcleo do Teatro do Oprimido de Braga trabalhava já há um ano questões LGBT e foi nesse seguimento que surgiu este projecto. Carlos Marinho e Inês Barbosa, posteriormente candidata à Câmara de Braga por uma lista de cidadãos, foram dois dos principais impulsionadores da primeira marcha LGBT da capital do Minho.

A rede ex aequo é uma associação de jovens que celebrou em 2013 o 10º aniversário, a dar apoio, fomentar conhecimento, justificar visibilidade e a defender a juventude LGBT em Portugal. Com uma presença que se tem tornado cada vez mais activa, dos vários projectos destacam-se: Projecto EducaçãoPrémios Média1º Torneio de Futsal contra a discriminaçãoCiclo de CinemaObservatório LGBT e 1º Encontro Nacional de Jovens Trans. É a associação LGBT portuguesa com maior presença geográfica nacional.

Várias figuras públicas portuguesas associaram-se no último ano à versão portuguesa do "It Gets Better", projecto que nasceu na CASA e que visa dar ânimo e esperança aos jovens LGBT vítimas de bullying. De entre as várias dezenas de personalidades podemos encontrar Fanny Rodrigues ("Casa dos Segredos"), João Torres (deputado JS), Wanda Stuart (cantora), Hugo Soares (deputado JSD), Richard Zimler (escritor), Pedro Dias (gerente do Trumps), Zé Miguel (cantor) e Rogério Samora (actor). O projecto tira partido das redes sociais e é feito sem necessidade de recurso a dinheiros públicos ou comunitários. Falta é as figuras públicas perderem o medo de usar palavras como gay, lésbica, trangénero ou bullying homofóbico nos seus depoimentos.

As juventudes partidárias do PSD e do CDS/PP destacaram-se pela negativa durante o debate da co-adopção. O líder da JSD, Hugo Soares, depois de ter participado no Projecto "Tudo Vai Melhorar", votou contra as propostas de co-adopção e adopção, tendo sido o principal responsável pelo adiamento da votação final, com a proposta de um referendo. Também Miguel Pires da Silva, presidente da Juventude Popular, defendeu numa entrevista que "ter dois pais ou duas mães é contranatura" e que com dois pais ou mães uma "criança não pode crescer num ambiente saudável".

A actriz Rita Ribeiro desempenhou o papel da mãe de Gisberta, que foi brutalmente assassinada no Porto, em 2006, após três dias consecutivos de violência física e psicológica. Encenada e escrita por Eduardo Gaspar, a peça de 15 minutos esteve em cena no mês de Maio no Teatro Rápido, sendo a peça mais vista de sempre naquela sala. Um texto comovente, uma interpretação magnífica de uma história trágica, naquilo que é um retrato da dificuldade de uma mãe em aceitar a identidade do género do "seu menino". Depois de Lisboa, o espectáculo tem sido apresentado em várias localidades do país. Agora, no início do ano, segue-se o Porto.

A exposição que esteve patente no Príncipe Real (Lisboa) tinha todos os ingredientes para se tornar num happening recheado de polémica. As obras de pornografia renascentista explícita eram provocatórias ao misturar iconografias religiosas, eróticas e homossexuais. Barahona Possollo tem trabalhos expostos no Banco de Portugal, no Museu das Comunicações, na Casa Branca (Washington) e até no Istituto per le Opere di Religione (Vaticano).

"E agora? Lembra-me" é a prova de que alguns dos melhores filmes LGBT do mundo têm assinatura portuguesa. A confirmá-lo está a série de troféus somados ao longo do ano: grande prémio no DocLisboa, melhor filme no festival chileno de Valdivia e três prémios no Festival de Cinema de Locarno. O documentário é protagonizado pelo próprio Joaquim Pinto, que vive há vinte anos com os vírus VIH e hepatite C, acompanhando um ano de tratamentos experimentais em Madrid, mas também a intimidade com o seu companheiro Nuno Leonel.

A autora e realizadora Raquel Freire está já a trabalhar na adaptação do livro ao cinema. "Transiberic Love" é uma história de amor trans e transeuropeia, vivida entre dois activistas de movimentos sociais da Península Ibérica, tendo como pano de fundo a austeridade, as redes sociais, sex-parties, a recusa do sistema capitalista e a eterna esperança de mudar o mundo.

Não era exactamente o segredo mais bem guardado do mundo, mas o certo é que Diogo Infante nunca tinha assumido publicamente a sua orientação sexual. Em Outubro soube-se que aquele que é um dos actores mais talentosos da sua geração tinha casado com Rui Calapez, agente de várias figuras públicas. A notícia, relevada pelo Correio da Manhã, teve depois repercussão na restante imprensa. Diogo Infante escreveu no Facebook que estava muito feliz.

É praticamente impossível encontrar uma marca portuguesa que desenvolva uma acção de marketing a pensar no público LGBT. Por isso, merece destaque a iniciativa dos Quiosque do Refresco, de Catarina Portas e João Regal. Por ocasião do Dia dos Namorados, a marca decidiu ajudar gays, lésbicas e heterossexuais a encontrar a cara metade. As meninas puderam encontrar-se no quiosque da Praça das Flores, enquanto o Quiosque do Príncipe Real recebeu os homens que gostam de homens. Os encontros hetero ficaram para o largo Camões.

As novelas de produção nacional passaram a incluir com naturalidade personagens LGBT nas suas narrativas. As produções "Sol de Inverno", "Dancin'Days" e "I Love It" são exemplos mais recentes. Apesar desta visibilidade, ainda há um longo caminho a percorrer para que as cenas de afecto entre casais do mesmo sexo tenham o mesmo grau de exposição e intimidade que os casais heterossexuais. Mesmo assim, foi histórica a cena do casamento e dos beijos entre Aníbal (Vítor Norte) e Germano (Paulo Pinto) na novela "Dancin' Days".

Desde que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado em Portugal em 2010 que não se tinha registado um celebração tão badalada como aquela que juntou Diogo Infante e Rui Calapez. O relacionamento era de longa data. O casal continua afastado dos holofotes mediáticos mas tornou-se, mesmo que involuntariamente, numa referência da comunidade LGBT portuguesa.

Em Abril a popular cantora Daniela Mercury assumiu a relação com a jornalista Malu Verçosa, coincidindo com a sua passagem por Portugal. Através da sua conta no Instagram, Daniela Mercury publicou fotografias que demonstravam a cumplicidade com Malu, com direito a aliança na mão esquerda. Entretanto Daniela Mercury participou na Parada Gay de São Paulo e o casal lançou o livro "Daniela & Malu - Uma história de amor", também à venda em Portugal.

Foi uma noite tensa aquela que se viveu em frente ao Parlamento a 23 de Julho. Activistas LGBT manifestaram-se perante grupos de católicos e de extrema-direita para defender a co-adopção. Do lado LGBT ouviu-se gritos de "Vergonha", "Sou gay e tenho um pai e uma mãe", "Religião não é ódio" ou "Jesus tinha dois pais". Por sua vez, a extrema-direita tinha como palavras de ordem mensagens como "Crianças não são acessórios de moda", "Não à extinção da família natural" ou "Homossexual escuta, és um filho da puta".

A 13 de Julho decorreu em Braga a primeira Marcha pelos Direitos LGBT. O desfile percorreu o centro da cidade e conseguiu captar a atenção mediática nacional. A iniciativa teve como ponto de partida, não uma associação LGBT, mas o Núcleo do Teatro do Oprimido de Braga. Várias associações LGBT deslocaram-se à capital do Minho para apoiar a iniciativa, que pretende ter periodicidade anual.

O bar Etílico, em pleno Bairro Alto, era já gay friendly, ou não tivessem aí começado as festas do Conga Club e decorrido algumas festas Happy Cock. Em Setembro posicionou-se como um bar gay, com direito a bandeira do arco-íris bem visível, uma mudança de assinalar ou não tivessem vários negócios do Bairro Alto preconceito em afirmarem-se como gays, apesar da maioria dos seus clientes o serem. Desde então, o Etílico tem programado várias festas, concertos e happenings que estão a torná-lo num local incontornável da noite gay do Bairro Alto.

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