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Ana e Cátia: "Namoramos num país muçulmano"

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Há quem diga que somos loucas. Na verdade somos loucas uma pela outra, por isso é que decidimos morar num país muçulmano!

 

Eu e a Cátia estamos juntas há quase três anos. Morávamos juntas em Lisboa, com empregos estáveis, boa casa, um bom carro e um gato. Tínhamos a sorte de poder viajar com regularidade, o que de alguma forma fazia com que se quebrasse a nossa rotina diária. Andávamos de mãos dadas na rua, sem nunca nos preocuparmos com a opinião alheia. Marcamos casamento para Maio de 2018.

Numa das nossas escapadelas, recebi um telefonema com uma proposta de trabalho num país muçulmano. A minha personalidade curiosa, e de ter pressa em descobrir o mundo e ir mais além, não me deixou sossegar o resto das férias. Mas era um “desassossego” bom! Por que não? Perguntava-me eu… não poderia recusar… e, passados 15 dias, viemos para um país onde a homossexualidade não é aceite, sem olhar para trás.

Abdicamos de tudo. Na mala não trouxemos nada, apenas nós mesmas, de mãos dadas como sempre e a enfrentar um mundo diferente Não casamos. Mas e então? :)

A verdade é que se pensássemos nos prós e contras provavelmente nunca teríamos vindo. Eu não gosto de pensar muito. Sigo os meus instintos… a Cátia é mais racional, o que de certa forma ajudou a equilibrar todo o êxtase em que eu estava! Estamos cá a viver e a trabalhar há um ano. Nunca tivemos um único problema. Sim, andamos de mãos dadas. Não, não nos podemos assumir enquanto casal. Mas e então?

Sim, andamos de mãos dadas. Não, não nos podemos assumir enquanto casal. Mas e então?

Estamos num país que não é o nosso, temos de respeitar diferentes crenças. Onde vamos buscar forças? A nós mesmas! Às nossas próprias crenças… é com ela que estou quando chego a casa a seguir ao trabalho, é ela que me prepara o pequeno-almoço todos os dias, da mesma forma que fazia na nossa casa em Lisboa, com o nosso gato aos nossos pés… é com ela que descubro lugares que nunca imaginei poder conhecer. Imagens que nenhuma máquina fotográfica pode captar. É com ela que neste momento partilho uma das maiores experiências da minha vida. Isso basta. Se mudou muita coisa? Sim. A nossa relação fortaleceu-se. Criamos laços que só nós entendemos, porque somos nós que os sentimos na pele, juntas.

É com ela que neste momento partilho uma das maiores experiências da minha vida. Isso basta. Se mudou muita coisa? Sim. A nossa relação fortaleceu-se. 

Há quem nos “critique” por, de certa forma, acharem ingenuamente que não lutamos pelos nossos direitos enquanto casal homossexual num país islâmico. Dizem-nos que a liberdade não tem preço… porque forçosamente temos de nos esconder…

Para nós está tudo bem que nos julguem porque somos seres humanos e criticar vai ser sempre o caminho mais fácil.

Sabemos que um dia, quando voltarmos à nossa terra Natal, vamos levar connosco mil e uma histórias para contar. Passar por esta aventura juntas é uma grande prova ao nosso amor. Aos nossos sentimentos… ao sabermos lidar com todos os obstáculos que todos os dias nos aparecem à frente. É sabermos ouvir um NÃO. Não, não podem estar casadas. Não, não podem assumir-se como casal homossexual. Não, não podem, não devem… para nós, isso nunca foi uma preocupação. Um casal, no verdadeiro sentido da palavra, mostra as suas forças nestes momentos de fraqueza… e nós superamos todos os dias, a cada minuto… porque o amor, se for amor, vence tudo!

 

Ana e Cátia, personal trainers