Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Dezanove
A Saber

Em Portugal e no Mundo

A Fazer

Boas ideias para dentro e fora de casa

A Cuidar

As melhores dicas para uma vida ‘cool’ e saudável

A Ver

As imagens e os vídeos do momento

Praia 19

Nem na mata se encontram histórias assim

Efeminados: ser homossexual, mas ter de lidar com a crueldade vinda da própria comunidade?

Foi recentemente criada uma página intitulada: “Sou/curto afeminado”, uma página dedicada a todos aqueles que, como se já não bastasse a hostilidade da sociedade pseudo­moderna, ainda têm que suportar a crueldade vinda da própria comunidade homossexual. A página do Facebook que fez a divulgação da criação desta página foi a “[Humor controverso] Bixa Depressão”, chamando atenção para o problema daqueles homossexuais que afirmam "”Não curto afeminados" no Grindr/Scruff/Hornet da vida” e perguntando “Quantas e quantas vezes você já viu a palavra "Discreto" sendo usada como elogio necessário para a "conduta gay".

Não é a primeira vez que esta página confronta o paradigma do gay que não gosta de outros gays apenas, e só, porque são um pouco femininos. Este tem sido um tema que gera múltiplas linhas de pensamento mas, contudo, todas convergem para a ideia de que: Para se ser bem aceite na sociedade, um homem gay deve comportar-se sempre de acordo com o modelo de homem antigo e cheio de teias de aranha. Ou seja, sejam gays mas não sejam gajas. Aqui, já é bem fácil remarcar o paradoxo patente. Homofobia dentro da comunidade homossexual. A necessidade de exaltar o “Macho Gay”.

 

Não se pode igualmente ignorar o facto de que, foi graças, às bichas afeminadas que chegamos a uma actualidade que, embora imperfeita, concede uma maior liberdade aos homens que beijam homens (pois no fundo é disso que se trata). Na Europa são já muitos os estados onde duas mulheres ou dois homens podem casar-se. No caso da homoparentalidade, isso ainda é alvo de muitos tabus, no entanto, já muitos progressos foram feitos na nossa história recente. Tudo isto foi alcançado devido a um combate travado, entre os anos 70’s até aos 90’s, envolvendo a sociedade homopenalizadora e os apenas, e só, os gays que eram pura e simplesmente eles mesmos, apesar das adversidades do mundo. E do que trata esta autenticidade? Trata-se de firmeza e coragem (eu diria que isto é, já de si, é muito masculino) de homens e mulheres que pura e simplesmente não aceitaram os rótulos que a sociedade teima em usar copiosamente. Foi, naquela época, a coragem masculina presente em todos os homens e mulheres LGBT que nos trouxe ao ponto onde estamos hoje. Lá estavam certamente presentes as feminilidades do ser humano.

Todo o ser humano está algures num daqueles tons de cinzento, mas nunca, podem crer, nos extremos. Os extremos são conceitos teóricos ideais que não se verificam na realidade. E porque não? Pois somos (independente de ter um pénis e uma vagina na zona pélvica), a nível psicológico, simultaneamente homens e mulheres. Senão podemos recordar um artigo, anteriormente publicado aqui no dezanove.pt e, também o caso recente da Conchita Wurst. Portanto, temos aqui a forma científica e artística para expressar a diversidade humana e a sua misoginia e, trazendo assim aos olhos aquilo que compõem a alma humana.

 

Negar o feminismo é degradar uma componente da alma/espírito (ou seja lá o que for) de cada ser humano. Está na hora de perceber que os homens heteronormativos não são merecedores do alto posto que possuem e admitem como sendo seu por direito na sociedade. Está na hora da igualdade. Está na hora de valorizar a mulher que há em cada mulher e em cada homem também. Está na hora de viver num saudável respeito pela diversidade. Aqui a figura de um homem bonito que consegue ser uma mulher bonita e, de forma contrastante e chocante, possui uma barba, apenas é um pequeno gesto para dizer que o homem macho não vale mais que mulher nem a mulher vale mais que os homem. Está na hora de perceber que o homem macho é só mais um tom na palete dos tons de cinzento. Está na hora de pensar em unidade e com respeito pela nossa diversidade intraespecífica!

Ser mulher é mau? Por que motivo? Haverá aí alguma coisa a resolver? Certamente, sim. No entanto (e agora utilizarei uma citação da Bixa Depressão que partilho na integra), “Seu tesão não deve ser usado para divulgar seus preconceitos, até porque no amor não existe formulas e a gente sabe, a senhora gosta mesmo é de N-E-C-A !!!!” (podem procurar na internet o que neca quer dizer).

Sê gay! Deita-se com quem sentires que deves! Mas não discrimines outros seres humanos iguais a ti. Sê masculino, ou o que quer que sejas, mas admite o valor igualitário das formas femininas e masculinas. Só assim caminharemos para uma sociedade mais justa.

Citando a Bixa Depressão, “Seja fabulosa!”

 

César Monteiro

20 comentários

Comentar

Pág. 1/2