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“Eu, Michael Glatze, já não me identifico como gay” (com vídeo)

 

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O filme que retrata a história de Michael Glatze, um activista dos direitos LGBTI que é “salvo” da sua homossexualidade depois de encontrar Deus, chega finalmente a Portugal. Estreia a 31 de Agosto em exclusivo nos Cinemas Monumental em Lisboa.

“O Meu Nome É Michael” (2015), de Justin Kelly, conta a história verídica de Michael Glatze (James Franco), um célebre activista LGBTI que gerou grande controvérsia quando, inesperadamente, passou a afirmar que já não era homossexual e se tornara pastor cristão. O filme segue-o desde a sua vida em São Francisco com o namorado Bennett (Zachary Quinto) até aos dias em que, num processo de contínua e sempre inquieta auto-descoberta, renuncia à sua vivência como gay. O filme retrata esta viagem em busca do “verdadeiro eu”, acabando numa escola bíblica cristã, onde conhece Rebekah (Emma Roberts), com quem acaba por se casar e tornar-se pastor da sua própria igreja.

Michael Glatze é uma das figuras mais polémicas do activismo LGBTI norte-americano. Após anos a defender os direitos das pessoas LGBTI passou a condenar a homossexualidade e a afirmar que foi “salvo” depois de ter encontrado Deus.

Esta história verídica parece tudo menos verdadeira. A premissa da história até é curiosa: como é que um homem passa de não-crente a crente, deixando de acreditar no que defendia e passando a combater isso. Muitos outros filmes e situações reais apresentam um sentido (mais comum) de progressivo reconhecimento e afirmação de uma orientação sexual homossexual, antes reprimida, frequentemente por influência de um enquadramento religioso e social mais fechado e intolerante. Mas, neste caso, a concretização em filme de uma sinopse relativamente inovadora deixa muito a desejar.

Ao vermos o filme continuamos a não acreditar no que nos estão a contar. Talvez pela forma como a história é relatada, pela filmagem irregular, incerta e assimétrica e por uma montagem amadora, a trajectória incomum de renúncia da sua identidade e orientação sexual afigura-se forçada e quase caricatural; um caso isolado e redutor. Nesse sentido, vemo-lo como um filme infeliz e inconsequente. Não atingido o seu propósito, o filme navega por opções fáceis, desde o protagonista mimético a situações forçadas, passando pela perpetuação de clichés enraizados.

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Seria interessante perceber até que ponto a complexa relação entre religiosidade e homossexualidade se pode construir de forma compatível, tolerada e articulada, sem entrar, como nos parece fazer este filme, num retrato extremado e quase anedótico de perda de racionalidade e capacidade relacional com um mundo mais alargado.

 

Classificação: 2 estrelas em 5

 

Luís Veríssimo

 

 

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