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Nem na mata se encontram histórias assim

Falta contar a história dos “anos da sida” em Portugal

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O encontro “dezanove ao vivo”, que decorreu esta sexta-feira no Centro LGBT, abriu com a participação de Rui Oliveira Marques, autor do livro “Histórias da Noite Gay de Lisboa”, editado pela Ideia Fixa em Março deste ano.

 

“Muitas pessoas têm a ideia de que a noite gay não tem nada especial para contar. Tenho uma opinião contrária. Tudo o que tenha a ver com questões de associativismo ou legislativas estão bem documentadas, quanto aos espaços nocturnos nem por isso. Isto apesar de a noite gay de Lisboa começar a ter alguma consitência a partir dos anos 60 do século passado, quando surgem os primeiros sítios de encontro entre pessoas homossexuais, que provavelmente nessa altura nem de identificavam assim”, referiu o autor, que depois passou em revista os pontos principais da história da noite gay ao longo das décadas, como a abertura do bar Z., junto ao Jardim de São Pedro de Alcântara nos anos 60, a popularidade dos espectáculos de travestismo na década a seguir ou a abertura do Trumps no início dos anos 80.
Rui Oliveira Marques contou ainda que, no processo de elaboração do livro, que se baseia em 20 entrevistas, um dos aspectos com que se deparou foi “o do constante elemento trágico, que tinha a ver com os 'anos da sida' em Portugal, nomeadamente a partir de 84 e 85”, após a morte de António Variações. “Entre os homossexuais de Lisboa a morte de António Variações foi como um apocalipse. Se o António Variações morria de sida, significava que qualquer pessoa homossexual podia também morrer. Quando estive a fazer a pesquisa para o livro fui ver os jornais e revistas da época. Os jornais escreviam coisas referidas por médicos como que no prazo de 10 anos metade dos homossexuais iria morrer de sida ou que o vírus se transmitia pelo beijo. Com este pânico instalado, logo a seguir à morte de António Variações os espaços nocturnos ficaram praticamente vazios, tal era o pânico”.
O autor de “Histórias da Noite Gay de Lisboa” referiu ainda que “foi complicado recolher esses depoimentos de muitas pessoas mais velhas sobre esses tempos, porque muitos amigos morreram nessa altura e sentiram-se muito abandonas e sozinhas nesse tempo”, considerando que “ainda está por fazer esse trabalho de falar com estes sobreviventes e documentar as suas histórias” desses “anos da sida” em Portugal, que correspondem às décadas de 80 e 90. 

 

Foto: Rui Oliveira Marques e a moderadora do encontro, Sónia Rodrigues

 

Fotoreportagem do "dezanove ao vivo aqui. Fotos de Luís Campos da Costa

 

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