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Feliz e desalinhada com alguns/mas companheiros/as de luta dos direitos LGBT que não se pronunciam favoravelmente à eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU.

Sei que estivemos em lados diferentes da luta pelo direito à interrupção voluntária da gravidez (IVG), sei que as decisões que tomou enquanto primeiro-ministro de Portugal relativamente à IVG tiveram repercussões gravíssimas na sociedade portuguesa, sei que não é um defensor convicto dos direitos LGBT, mas também sei que o valor de uma pessoa não se mede só por alguns dos aspectos das suas opiniões pessoais e políticas.
Neste momento e face às/aos candidatas/os presentes na corrida para secretária/o-eral da ONU, creio que é claramente o que melhor serviço poderá prestar ao mundo, a todas/os nós. E isso não é pouco, é muitíssimo e poderá fazer uma diferença enorme na vida de todos/as e de cada um/a de nós. Poderá garantir a liberdade de continuarmos a defender os direitos humanos o que quer dizer podermos continuar a defender os direitos LGBT.
Parece-me que muitas vezes no pensamento activista LGBT (como noutros) reina uma espécie de binarismo de ideias. Ou estás sempre de acordo com o que defendo ou então eu estarei sempre contra ti, ou pelo menos nunca a teu favor. E é este o caso da relação do movimento LGBT em Portugal e António Guterres.
Ele tem posições com que posso não concordar, mas é exactamente o que creio que defendemos acima de tudo, podermos defender ideias e causas diversas. Ou será que afinal na base dos activismos existe uma tendência para o pensamento único, para um certo fundamentalismo que dizemos combater? Ou só combatemos os fundamentalismos que não são os nossos?
Custa-me ler e ouvir pessoas que considero companheiras/os de luta pelas liberdades tomarem posições tão essencialistas como dizerem que não conseguem estar felizes pela eleição de Guterres.
Guterres pode não ser o aliado que desejávamos ter, pode até ser alguém que claramente não concorda com muitas das nossas causas, mas não deixa de ser alguém que tem causas com as quais concordo e que considero essenciais para um mundo melhor.
Hoje é um dia em que me sinto mais feliz pela eleição do novo secretário-geral da ONU.
 
Artigo de opinião de Eduarda Ferreira, psicóloga educacional, investigadora e activista dos direitos LGBT. Originalmente publicado no blog Fora de Borda.

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