Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Dezanove
A Saber

Em Portugal e no Mundo

A Fazer

Boas ideias para dentro e fora de casa

A Cuidar

As melhores dicas para uma vida ‘cool’ e saudável

A Ver

As imagens e os vídeos do momento

Praia 19

Nem na mata se encontram histórias assim

Flávio Gil: "A felicidade deve ser sempre a nossa meta"

mário bailarino cinema sao jorge.jpg

“Mário - a história de um bailarino no Estado Novo” vai estar em cena no Cinema São Jorge, em Lisboa, a partir de 8 de Agosto. A autoria e encenação da peça é de Fernando Heitor e conta com a interpretação de Flávio Gil. Até 1 de Setembro vamos poder ver cinco vezes por semana a história de Mário: quintas, sextas e domingos às 19h00 e sábados (2 sessões) às 19h00 e às 22h00.

 

Fernando Heitor comenta que esta é uma história ficcionada a partir duma notícia do jornal O Público de 17 de Julho de 2007 assinada por São José Almeida, “O estado Novo dizia que não havia homossexuais, mas perseguia-os” – onde se aborda a "história” do bailarino Valentim de Barros. A única semelhança do Mário com o Valentim Barros é o facto de ambos terem sido bailarinos e internados no Hospital Miguel Bombarda para os "curarem da homossexualidade", mas os seus percursos de vida foram muito diferentes. “Pela primeira vez (e creio que a última) participo na montagem duma peça de teatro sem haver nenhum dinheiro, nem público, nem privado, para investir na mesma” explica o encenador que apresenta a pequena mas entusiasta equipa: Carlos Prado (responsável pelo movimento), João Paulo Soares (director musical), José Álvaro Correia (responsável desenho/luz e promoção) e Flávio Gil (actor). Foi precisamente com o protagonista desta peça que fomos falar.

 

dezanove: Que expectativas tens para esta peça?

Acima de tudo, gostaria que nos recordasse a importância de sermos verdadeiramente livres e que não devemos abdicar disso a troco de coisa nenhuma. A orientação sexual de alguém não pode determinar a sua liberdade.

 

Mário_fotoFH01.JPG

 

Quem é este Mário que vamos poder ver no São Jorge?

O Mário é um rapazinho que deseja profundamente ser bailarino e que, contra todas as probabilidades, consegue sê-lo. Também é um homem de 60 anos que está internado há 16 num hospital psiquiátrico onde eventualmente irão curá-lo da homossexualidade. Entre uma coisa e outra, é alguém que nos diz que a felicidade deve ser sempre a nossa meta.

 

Fala-nos sobre o desenrolar criativo desta peça.

Assim que li o texto do Fernando Heitor, apaixonei-me. Senti que, se pudesse, queria muito dar-lhe voz e corpo. Nunca pensei que o processo fosse tão intenso. Mas não foi menos enriquecedor. Ser dirigido pelo Fernando Heitor é receber uma refeição deliciosa já preparada e ter, somente, que saber degustá-la, ao ínfimo pormenor e detalhe. O texto foi trabalhado "à vírgula" para que tudo o que é dito seja claro e eficaz, na mensagem e na intenção. Depois, ter a sorte de a direcção musical do espectáculo ser feita pelo João Paulo Soares e todo o movimento desenhado pelo Carlos Prado, é algo que nem sei bem explicar: a cada ensaio, tinham algo para me oferecer que me desafiava e fazia crescer, enriquecendo todo o trabalho. Não sou exactamente um cantor, mas o João Paulo ajudou-me a utilizar o melhor possível os recursos que a minha voz tem, assim como o Carlos me fez ser capaz de fazer coisas a que nunca me tinha proposto.

 

Qual é o maior desafio nesta personagem para ti?

São todos. O Mário conta-nos a história de toda a sua vida, desde os anos vinte aos 70 do século passado. Criar alguma transversalidade entre todos os momentos muito diferentes da sua vida foi um desafio enorme. Encontrar a energia e a atitude certas para poder estar uma hora em cena, sozinho, neste contexto e nesta história, foi também muito desafiador.

27_prova_cartaz_mario.jpg

O que falta em Portugal para que a temática LGBT+ na cultura não seja algo de nicho, seja mais abrangente?

Não sei bem. Às vezes, acho que falta pouco, outras, que falta muito. Falta esclarecimento, talvez. A ignorância é um inimigo forte. Mas já foi pior... Talvez nos falte só o tempo.

 

Entrevista de Inês Marto

 

O dezanove.pt está a sortear convites para esta peça. Passa pelo nosso Facebook!