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Há um novo coro só para homens em Lisboa

 

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Chama-se Diversus Coro Masculino e é o novo coro da cidade de Lisboa, formado apenas por vozes masculinas. Por detrás do projecto está o maestro argentino Esteban Etcheverry que, em entrevista ao dezanove, explica o que se pode esperar do coro Diversus, que deverá fazer a sua primeira apresentação ao público a partir de Março de 2017.

Esteban Etcheverry obteve os títulos de licenciado e de professor universitário de Música com Orientação em Direcção de Coros na Universidade Nacional de La Plata. Em 2011 foi convidado a participar no Coro e Escola de Música VoxLaci, de São Domingos de Rana, Portugal, como maestro assistente e professor de canto e instrumentos. Agora combina a sua actividade profissional com a direcção do Grupo Coral VoxMaris, na Parede, e do Diversus Coro Masculino, em Lisboa.

 

dezanove: Como surgiu a ideia de criar um novo coro?

Esteban Etcheverry: Como maestro de coros já tinha há algum tempo esta inquietude de criar um novo grupo coral masculino, não estritamente gay, mas sim com pessoas que estejam dispostas a, além de partilhar experiências musicais, inspirar e transformar preconceitos arraigados na sociedade acerca da nossa comunidade, trabalhar na diversidade com outros grupos e pessoas que partilhem a nossa visão, sem importar a sua orientação sexual, e prover a comunidade um espaço musical educativo onde os nossos membros possam aprender a melhorar as suas capacidades vocais e musicais e ao mesmo tempo divertir-se.

 

Quando decidiste avançar?

A ideia começou tomar forma, em Agosto deste ano, depois de falar com alguns colegas e amigos que se interessaram pelo projecto. Criámos então um grupo privado no Facebook onde juntamos amigos. Depois de satisfazer dúvidas e perceber para onde se queria ir, começámos a procurar uma sala propícia a esta actividade. Materializámos o projecto começando a ensaiar no final de Setembro perto da Alameda Afonso Henriques. Desde então temos explorado diferentes tipos de repertório, maioritariamente em inglês, mas estamos a procurar também em português. Numa primeira fase, estamos focados em trabalhar o repertório, afinação e a técnica vocal como ponto de partida para logo trabalhar cenicamente. A ideia é criar um espectáculo em torno das músicas, fugindo do concerto estático e provendo o coro de movimentações e pequenas coreografias no palco. No fundo aquilo que se pretende numa instância mais avançada é estabelecer um show-choir.

 

O grupo nasce com a ideia de acolher pessoas homossexuais. De que forma é que essa questão se manifesta na escolha do repertório?

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As pessoas homossexuais são antes de tudo pessoas e o repertório é o alma de cada grupo. Nele reflecte-se tanto a sensibilidade do maestro como a personalidade dos membros. O meu estilo não é nada ditatorial. Dou sempre ouvidos às sugestões dos nossos membros e, na medida do possível, tento escolher repertório que seja interessante de cantar e ouvir, que puxe pelas capacidades dos coristas enquanto material que acaba por ser educativo para o grupo. Ao criar ou escolher o arranjo tenho sempre presente em que nível estamos, tecnicamente falando, e onde podemos chegar com a escolha da música. Claro que temos algumas canções que apelam a uma atitude positiva perante a vida e à preservação da auto-estima de cada um, como o “Firework” da Katy Perry ou o “Express Yourself” da Madonna.

 

Que outras músicas têm em carteira?

Neste momento estamos preparar músicas de James Bay, Elvis Presley, Madonna, American Authors, Disney, os DAMA, Tina Turner e UHF. Estamos a escolher alguns fados e músicas para acrescentar ao nosso repertório em português. Apesar de podermos fazer coisas a capella, a maior parte dos arranjos estão concebidos para ser interpretados com acompanhamento musical.

 

Este coro nasce para concorrer com o coro da ILGA, o CoLeGaS?

A resposta é um contundente não. Entrei em contacto com o ILGA para saber se poderia haver uma divulgação do nosso coro entre a comunidade LGBT e tive oportunidade de assistir a um ensaio do CoLeGaS, por convite da ILGA. Dei-lhes os parabéns pelo trabalho que fazem. O Diversus Coro Masculino tem características bastante diferentes, logo à partida porque o Diversus é um coro masculino enquanto o CoLeGaS é um coro misto. Esta simples particularidade já estabelece enormes diferenças, desde o tipo de trabalho musical-técnico até à escolha do repertório. Não constituímos, e não pretende ser, nenhum tipo de concorrência. É natural que existam comparações em todas as actividades artísticas e em todos os níveis, mas na realidade acho que o mais importante é celebrar a diversidade. O facto de a comunidade LGTB de Lisboa ter vários grupos musicais corais para participar e usufruir, só pode ser uma coisa positiva.

O facto de a comunidade LGTB de Lisboa ter vários grupos musicais corais para participar e usufruir, só pode ser uma coisa positiva

 

Não há mesmo nenhuma possibilidade de aceitarem mulheres? O nome Diversus não fica comprometido por serem apenas homens?

O nome do coro é Diversus Coro Masculino. Diversus é um nome verdadeiramente polissémico que traduz a diversidade de cada integrante e o facto de sermos mais do que a nossa orientação sexual, idade, profissão, nível socio-económico-cultural… É nessa diversidade onde a arte se enriquece e conseguimos fazer música superando os significados. Mas voltando à pergunta inicial, o coro tem apenas homens porque o trabalho se centra exclusivamente no trabalho de vozes masculinas, que foi o projecto inicial que tinha em mente. Nada impede que, num futuro, mediante o sucesso desta iniciativa, não se possa criar uma associação coral com um coro feminino, um coro misto e o grupo que agora se formou.

 

Quando é que vos podemos ver a cantar?

Até ao momento não temos agendada uma estreia. Começámos há pouco tempo e é preciso estabilizar o grupo. Temos como objectivo avançar com apresentações públicas a partir de Março de 2017. Não obstante sempre que recebemos alguma manifestação de vontade em integrar o grupo, essa pessoa pode vir ouvir o nosso trabalho ao nosso local de ensaio, temos as portas abertas a qualquer pessoa que tenha a curiosidade de conhecer o grupo e assistir aos ensaios.

 

Para quem quiser integrar o grupo, como vos pode contactar?

Qualquer pessoa de sexo masculino que esteja interessada em fazer audição ou vir experimentar um dos nossos ensaios, pode entrar em contacto connosco atravás do nosso email: contacto@diversuscm.com. Não é preciso ter experiência coral prévia, mas sim um mínimo de afinação e capacidade para reproduzir uma melodia. Ensaiamos às quartas-feiras das 19h30 às 21h30.

 

Começámos há pouco tempo e é preciso estabilizar o grupo. Temos como objectivo avançar com apresentações públicas a partir de Março de 2017.