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Pelo quinto ano consecutivo o dezanove escolhe as personalidades, projectos, entidades e factos que mais se destacaram ao longo dos últimos meses. São estes os vencedores dos Prémios dezanove.

 

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A co-adopção tornou-se numa novela política. Em Maio de 2013, foi aprovada no Parlamento por uma curta margem de cinco votos. No entanto, o processo ficou suspenso após a proposta do PSD para a realização de um referendo à adopção e co-adopção, que viria a ser chumbado pelo Tribunal Constitucional. O líder da JSD, Hugo Soares, deu a cara pelo referendo, num processo criticado até por militantes do próprio partido. Em Março deste ano, a co-adopção voltou a votação no Parlamento, mas foi chumbada com uma diferença de cinco votos.

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Conchita Wurst conquistou a atenção do mundo com a sua actuação e vitória no Festival da Eurovisão com o tema “Rise Like a Phoenix”. Conhecida como a “mulher barbuda”, Conchita era apontada como uma das favoritas para vencer o Festival, apesar das críticas severas vindas de países como a Rússia que ameaçaram boicotar a sua actuação. Após a vitória no dia 10 de Maio, actuou nos festivais de Orgulho LGBT de Dublin, Zurique, Madrid, Viena, Berlim, Antuérpia, Estocolmo e Londres. Convidada também pelo Parlamento Europeu, o fenómeno Conchita veio agitar o binarismo de género ainda muito presente na nossa sociedade. É, sem sombra de dúvida, a Diva do Ano.

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No programa que apresenta na TVI, em conjunto com Cristina Ferreira, o “Você na TV”, Manuel Luís Goucha ensinou este ano, após um comentário no Facebook, os telespectadores a escrever as palavras “veado” e “paneleiro”. Na altura em que a lei da co-adopção por casais do mesmo género foi à Assembleia da República, promoveu, no mesmo programa televisivo, debates em que os convidados, de vários quadrantes políticos, pró e contra, discutiram a lei. Aguarda a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem numa acção que interpôs contra o estado português, depois de uma juíza ter considerado que o apresentador veste roupas “próprias do universo feminino”.

 

Tim Cook

Em 2011 foi considerado o homossexual mais poderoso do mundo pela revista norte-americana Out, mas foi este ano que Tim Cook, o CEO da gigante Apple, saiu do armário. Não tendo sido propriamente uma novidade, foi a primeira vez que falou sobre o assunto num artigo que escreveu numa publicação de economia. O texto teve tanta repercussão e importância mundial. Na Rússia até destruíram um iPhone gigante. Há já algum tempo que a Apple marca presença na Marcha do Orgulho LGBT de S. Francisco e as políticas de integração da empresa demonstram o quanto tem importância a tolerância empresarial entre trabalhadores e entre trabalhadores e empregadores.

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Ellen DeGegeneres e Portia de Rossi são dos casais norte-americanos mais assediados pela imprensa e seguidos nas redes sociais por milhões de fãs em todo o mundo. Portia actualmente é uma das actrizes que marca presença na série “Scandal” e Ellen continua a conduzir com mestria o seu “The Ellen Show” que ganhou ainda mais protagonismo com o fim do “The Oprah Winfrey Show”. A imprensa cor-de-rosa americana falou em divórcio; ao mesmo tempo, a mesma imprensa escreve que as duas consideram aumentar a família tendo filhos. Estão juntas há 10 anos e casadas desde 2008, continuam indiferentes às más línguas e ainda se divertem com isso.

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Mesmo depois da batalha perdida da co-adopção, a deputada Isabel Moreira (PS) continua a bater-se pela igualdade de direitos das pessoas LGBT nos espaços onde trabalha e dá opinião. A criação do Dia Nacional de Combate à Homofobia e Transfobia foi uma das iniciativas mais recentes. Nesta categoria o destaque vai também para Teresa Leal Coelho, que se demitiu da vice-presidência da bancada do PSD aquando da aprovação do referendo sobre a co-adopção, defendido pelo seu partido. São dois exemplos de coerência.

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Cláudio Ramos protagonizou um dos momentos mais insólitos do ano, e também dos mais comentados no dezanove, quando durante a sua participação no programa “Esquadrão do Amor” confessou ter “muito preconceito com bichas”. Durante o programa, exibido no Canal Q, houve ainda tempo para se falar das “bichas” que passeiam com “saquinhos” no Chiado, de “bares de ursos” e da forma como os gays se “preocupam com a imagem”, tudo com muito sarcasmo à mistura. Cláudio Ramos afirmou, ainda na mesma intervenção, que há “uma enorme diferença entre ser gay, ou homossexual, e ser bicha”. O programa de TV esclareceu depois via Facebook que não pretendia alimentar o preconceito.

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Podia ter sido um simples post no Facebook. Contudo, a mensagem escrita por Carlos Reis no Facebook, após ter sido conhecido o resultado da votação da co-adopção, gerou imediatamente buzz nas redes sociais por tirar do armário dois políticos de relevo nacional. Seguindo uma tradição do activismo anglo-saxónico, o jurista também apontou o dedo a Paulo Portas, cujo outing tinha sido feito anos antes por Carlos Candal, então candidato à Assembleia da República pelo PS. A segunda pessoa visada foi a segunda mais alta figura da hierarquia do Estado, a Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves. “Também me causa repulsa o papel ignóbil da Presidente Assunção Esteves: uma lésbica não poderia hoje recusar-se a participar naquela votação”, escreveu Carlos Reis que, com estas afirmações, veio mostrar que o activismo e defesa dos direitos LGBT pode ocorrer em qualquer partido.

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O cantor que participou no "The Voice Portugal" (RTP1) fez questão de assinalar o 17 de Maio com uma mensagem contra o bullying e em favor da igualdade. Carlos Costa assumiu ter sentido na pele a “discriminação, bullying e homofobia” quando anda na rua. Confessou que é difícil continuar a sorrir e “ter de fingir que nada daquilo te feriu”, enquanto é ofendido com palavras como: “gay, larilas, maricas, convencido, arrogante e ridículo”. Numa entrevista à TV Guia assumiu que mantém uma relação há oito anos, que pretende casar-se e ser pai. Numa extensa entrevista ao dezanove falou dos seus projectos e sublinhou o facto da família sempre o ter apoiado.

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A Associação Rumos Novos – Homossexuais Católicos destacou-se este ano através da sua acção contínua pela abertura da fé católica aos crentes com uma orientação sexual não normativa. “É por sermos igreja que trabalhamos pela inclusão plena das pessoas homossexuais”, um dos seus lemas, ganhou especial relevância com as recentes afirmações pró-gay vindas de alguns quadrantes do Vaticano, e do próprio Papa Francisco. Fundada em 2008, e com representação em três regiões (ou “capítulos” como referem: Portimão, Lisboa e Porto), a Rumos Novos é membro fundador da Organização Internacional das Associações Homossexuais Católicas, fundada em Outubro em Portimão, e defende que, para a fé católica, “a orientação sexual é factor irrelevante”. A 2 de Maio de 2015 organizam em Fátima o seu 5.º Encontro Nacional.

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Os jovens LGBT expulsos de casa encontram na Casa Qui o apoio que viram negado no seu lar. Esta IPSS tem-se desdobrado em sucessivas acções de formação junto das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Grande Lisboa e Vale do Tejo com intuito de capacitar os técnicos da CPCJ de informação e metodologias para saber lidar com as vítimas das agressões. Destaque para o pertinente estudo "Diagnóstico de Experiências, Competências e Respostas na Intervenção Institucional com Jovens LGBT em Situação de Violência Familiar e/ou Expulsão de Casa" que permitiu caracterizar e fornecer dados concretos para trabalhar a realidade portuguesa. São uns importantes primeiros passos para um país mais bem formado.

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A AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género – festejou este ano o 5.º aniversário com a organização da Conferência Internacional “Ao Teu Lado”. O encontro recebeu convidados de países como França, Itália, Espanha ou México, onde foram debatidos os temas da homossexualidade, bissexualidade e expressão e identidade de género. Também algumas associações portuguesas marcaram presença, como a ILGA, a rede ex aequo, a JANO ou APF. Desta conferência saíram duas histórias com bastante mediatismo, a de Isolda Atayde que conta como a sua filha transexual aos 5 anos de idade iniciou a sua transição social e ainda a história do João que afirma gostar "de coisas de menina”, sendo discriminado por isso. Um marco para a projecção de Portugal no panorama internacional sobre o trabalho desenvolvido sobre as questões LGBT.

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Um colectivo desordenado, caricato, indisciplinado: é este o significado de “tropa-fandanga” (segundo o Ciberdúvidas). Para o ano teatral português de 2014, contudo, corresponde a um dos mais singularmente desbragados espectáculos alguma vez apresentados na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II. Reunindo um autêntico “quem-é-quem” das artes nacionais (textos de, entre outros, Pedro Penim, José Maria Vieira Mendes e André e. Teodósio – também responsáveis pela direcção –, música de Sérgio Godinho, cenário de José Capela com telões de barbara says..., João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, Pedro Lourenço e Vasco Araújo…), a “Tropa-Fandanga” teve coristas, paródia, atracção fadista e muito, muito subtexto homossexual. Não esqueceremos Cláudia Jardim como Eduardo Beauté.

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Pedro, António e Ursão entraram na nossa vida este ano. As quintas-feira passaram a ser noite de “Barba Rija”. Um “Sexo e a Cidade” bear e queer, uma explosão de léxico que até algumas pessoas no meio LGBT não conheciam o seu significado. A sua exibição foi, sem dúvida, um dos acontecimentos gay do ano. A primeira websérie portuguesa sobre bears tem por trás André Murraças que criou, escreveu e realizou a série, sendo, além disso, encenador, dramaturgo, cenógrafo, actor e autor da peça “Cândida – Uma História Portuguesa” e "Experiência Variações" (2009), ambas produzidas pela Cassefaz. “Barba Rija” esteve ainda em destaque em vários sites internacionais dedicados à comunidade bear.

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Do alto das suas 630 páginas, o volume "Cinema e Cultura Queer" aproveita a história do Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer (18 edições) para fazer o levantamento de artigos e críticas previamente publicados e novos ensaios sobre cinematografia gay, cultura visual portuguesa, memórias dos filmes vistos e dos filmes malvistos, interditados e escandalosos. Entre ficção, documentário e filme de arte, Joaquim Pinto, João Pedro Rodrigues, Raquel Freire e António da Silva são alguns dos realizadores portugueses referidos. Mas não é esquecida a obra de artistas plásticos, músicos e escritores, neste repositório da produção queer contemporânea que se estabelece como uma obra de referência obrigatória na área.

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Zé Manel, conhecido como o ex-vocalista da banca Fingertips, lançou este ano o tema “Olhos no Chão”. O cantor, sob o nome de Darko, juntou alguns famosos e anónimos para a gravação do videoclip do tema, centrado no mote “Diz não ao bullying. Diz sim ao Amor”. O cantor que também participou no projecto Tudo Vai Melhorar, confessa que este tema pretende ser uma “celebração de igualdade e um hino à tolerância”. O projecto foi também distinguido pelos Prémios Média da associação rede ex aequo, onde o cantor revelou ao dezanove que “a ideia não foi fazer um simples single, mas um projecto, porque o bullying afecta todos”.

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Fez 10 anos o programa de televisão diário (e diurno) que mais atenção tem dado às diversas formas de luta contra o preconceito e a discriminação. Popular e por vezes vulgar, “Você na TV!” ganha a guerra de audiência das manhãs. Este ano, a co-adopção por pessoas do mesmo sexo, a bissexualidade, até a orientação sexual do apresentador (o famoso episódio do “viado” e “panuleiro” corrigidos em directo, com imenso humor) foram alguns dos programas em que Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira focaram temáticas LGBT. Mas destaca-se também o Consultório Feminino, rubrica semanal de Sílvia Roque que aborda os tabus do sexo, nas mais diversas perspectivas.

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Antes do nascer era apontado como um projecto de comunicação social ligado a interesses de um grupo de empresários de direita, que pretendia influenciar a vida política nacional. Ao fim de sete meses, o Observador tem sido um dos meios que mais atenção tem prestado às questões LGBT. Acompanhou o Arraial Pride, a Gala dos Travestis e viu a reportagem "Olá, eu sou o João e gosto de brincar com coisas de menina", premiada pela associação rede ex aequo.

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A abordagem é tímida, mas significativa. Lush é uma marca de cosméticos que não deixou maquilhar a política opressora de Vladimir Putin. A 14 de Fevereiro a marca foi responsável pela entrega na Embaixada da Rússia, em Lisboa, de um álbum fotográfico. No álbum estavam os clientes que aceitaram o desafio da marca em pintar um triângulo rosa no corpo como forma de protesto sobre a violência e o ódio que estão a ser exercidos sobre as pessoas LGBT na Rússia, privadas de exercer a sua liberdade pública de amar - todos os dias e não apenas no Dia Internacional do Amor. 

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É caso único em Coimbra: um espaço dirigido ao convívio da comunidade gay e que está a ganhar notoriedade. A Sauna Stair Bath, que abriu este ano portas, quer mostrar que é possível um estabelecimento com estas características na capital do Centro do país. As cidades portuguesas querem-se mais diversas e com mais espaços LGBT fora dos centros de Porto e Lisboa.

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As Bichas Cobardes são, provavelmente, o colectivo LGBT mais fracturante. Exemplo disso foi o discurso que pronunciaram na última Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa onde, entre outros, criticaram os Dark Horses por não estarem presentes na Marcha. Uns meses depois, proclamaram o dezanove como um meio de comunicação social que fomenta a “polifobia” (sic). São autores de um podcast com convidados que merecem ser ouvidos e começaram agora a organizar encontros regulares no MOB, espaço ligado ao Bloco de Esquerda em Lisboa.

 

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Num momento em que as festas Conga já se institucionalizaram na noite lisboeta e enquanto a plataforma –mente está a fazer um balanço para se reposicionar no panorama artístico emergente, 2014 trouxe a confirmação das noites Rabbit Hole (depois de um arranque tímido em 2012, no 49 da ZDB). Com os happenings cada vez mais multidisciplinares “Colon of Duty”, “Transatlantic Delight” ou a natalícia celebração Barghain no Fontória, entre vários outros eventos de licenciosidade queer-trash, os Rabbit Hole fazem a festa com performers, trabalhadores do sexo, “amantes da arte, do core, da artcore e do hardcore, cyborgues, genderfuckers e rave-feministas”. Para 2015, desejamos aos Rabbit Hole “Cinco Minutos de Fama, No Máximo”.

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Numa altura em que se recordava o 30.º aniversário da morte de António Variações, o espectáculo de homenagem ao cantor no âmbito do Arraial Pride gerou muita expectativa. O resultado desiludiu e voltou a pôr a nu os problemas de organização daquela que é a maior festa LGBT do país. Os principais bares e discotecas de Lisboa boicotaram mais uma vez o Arraial Pride. A data foi tardiamente anunciada e o programa só foi conhecido uma semana antes do evento. Apesar de se realizar numa das praças mais bonitas da Europa, o Pride de Lisboa, organizado pela ILGA, está muito longe de se tornar numa referência internacional.

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