Polícia invade bar gay da Malásia para "impedir a disseminação da cultura LGBT na sociedade"
A polícia da Malásia invadiu um bar gay na capital do país, Kuala Lumpur, num acto que as autoridades justificam para "mitigar a cultura LGBT de se espalhar na nossa sociedade".
O clube Blue Boy, situado a leste da cidade, foi invadido por volta da 1h30 da manhã do último Sábado (18 de Agosto), informou o jornal nacional Berita Harian. Nesta rusga 20 homens foram presos e encaminhados para aconselhamento.
O ataque foi alegadamente levado a cabo pela Polícia Real da Malásia, pela Câmara Municipal de Kuala Lumpur, pelo Departamento Religioso Islâmico dos Territórios Federais e pela Agência Nacional Antidrogas.
O secretário-geral do Ministério da Administração Interna, Datuk Ikshan, disse ao jornal malaio que o bar estava cheio, com cerca de 100 pessoas, incluindo turistas, no momento do incidente. Em 30 anos de existência, é a primeira vez que foi feita uma rusga neste bar.
Datuk Ikshan justifica a acção policial por esta ser uma área com sérios problemas de dependência de drogas. No entanto, Khalid Samad, Ministro do Território, justifica a acção da polícia devido ao bar em causa ser um local LGBT+: "O governo está a empenhar-se seriamente para lidar com essa crença radical. Espero que esta iniciativa possa mitigar a cultura LGBT de se espalhar na nossa sociedade", lê-se no comunicado, traduzido pelo site de notícias World Of Buzz que descreve ainda o Blue Boy como um “ famoso clube gay” da Malásia.
A Malásia tem um histórico negativo no que respeita aos direitos das pessoas LGBT. Os actos homossexuais são ilegais desde a altura da proibição da sodomia introduzida aquando do domínio colonial britânico.
Em 1994, o Governo também tornou ilegal a participação de pessoas LGBT+ na imprensa controlada pelo Estado.
Um relatório de 2015 do Observatório dos Direitos Humanos (Human Rights Watch - HRW) evidencia que “a discriminação contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT) é difundida na Malásia”.
Recentemente o vice-ministro da Saúde da Malásia, Lee Boon Chye, disse que as pessoas LGBT+ sofrem de um "distúrbio orgânico".
No últomo mês, o ministro de Assuntos Religiosos, Mujahid Yusof Rawa, ordenou a retirada de dois retratos de activistas LGBT+ locais de uma exposição.
Há cerca de uma semana o site PinkNews informava que duas mulheres malaias foram sentenciadas a seis chicotadas cada depois de terem sido presas por fazer sexo.
Fonte: Pink News