Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Dezanove
A Saber

Em Portugal e no Mundo

A Fazer

Boas ideias para dentro e fora de casa

A Cuidar

As melhores dicas para uma vida ‘cool’ e saudável

A Ver

As imagens e os vídeos do momento

Praia 19

Nem na mata se encontram histórias assim

Rui Maria Pêgo: "Cabe-nos ajudar a matar a vergonha"

Rui Maria Pêgo.png

Olá. Hoje é o Dia Nacional do Coming Out nos Estados Unidos da América. 

 

Parece-me um momento interessante para balanços por mais que a Operação Marquês engorde o feed das nossas vidas.
Sempre tive um problema com a expressão "coming out" ou "sair do armário". O "assumir" também não me cai bem. Acho o "confessar" horrível. Toda esta terminologia pressupõe um segredo; uma vergonha; um pecado escuro e sombrio que deve ser posto de lado a todo o custo.
Foi assim que cresci até aos 19 anos quando acabei por contar aos meus pais, lavado em lágrimas, cheio de medo de rejeição e com uma sensação de perigo iminente, que "gostava de rapazes".
Antes disso contei a alguns amigos. E, mais tarde, às pessoas com quem trabalhava.
Há muita solidão neste processo. Não é simples e deixa nódoas na alma durante anos.
No meu caso, tenho a sorte de viver rodeado de pessoas que me amam. E de ter nascido de pais que são inteligentes, sensíveis e com a noção do que é gostar. Dito isto: eu não sou especial. Sou um homem igual a tantos outros que tem um megafone nas mãos (no entanto, concedo que tenho pestanas incríveis).
Não fazer alguma coisa quase nos 30 era voltar a contribuir para a tristeza do Rui Maria dos 12 que controlava os gestos, os gostos, a voz, na esperança de ser aceite.
Aquilo que aconteceu há um ano está explicado neste vídeo. A minha motivação foi mostrar que não, não é aceitável que alguém seja diminuído por gostar de alguém do mesmo sexo. Ou por ter uma pele que não é branca. Ou até - e friso - gostar de Nickel Back.
Recebo todas as semanas mensagens cheias de dor de rapazes, raparigas e tudo o que há pelo meio. Todos se tentam descobrir numa sociedade que é nos diplomas aberta, mas na rua violenta. Ainda hoje ouvi gritar de um táxi palavras que só costumo ouvir no cinema português. Gay ainda é usado como um insulto. É por isso que sei - e não é por ter ganho um este prémio da ILGA Portugal em 2016, mas obrigado por isso -, que fiz bem. Há ainda muito medo e, sobretudo, muito ódio.
Cabe-nos ajudar a matar a vergonha.

Feliz #nationalcomingoutday

 

Escrito a 11/10/2017

 

3 comentários

Comentar