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Desde muito jovem, percebi que, ao contrário dos meus colegas de escola, me sentia mais atraído por rapazes do que por meninas. Tendo crescido numa pequena aldeia em Portugal há cerca de 30 anos, eu não fazia a menor ideia do que fazer com esses sentimentos. A homossexualidade simplesmente não era mencionada nem em casa nem na escola. As raras vezes em que me lembro de ter ouvido falar sobre o tema, foi de uma forma negativa, o que me fez sentir como se algo estivesse errado comigo. Por este motivo, tentei esconder esses sentimentos e até mudá-los a todo o custo, ainda que sem sucesso.

Trinta anos depois, tenho de admitir que muito mudou. Em Portugal, por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal desde 2010. E os Países Baixos, onde resido há 12 anos, foi o primeiro país no mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2001. Mas pode dizer-se que é este o caso de todos os países no mundo?

De acordo com um relatório anual da ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais), 72 países e territórios em todo o mundo continuam a criminalizar relações do mesmo sexo, incluindo 45 em que as relações sexuais entre mulheres são proibidas. Há 8 países em que a homossexualidade pode resultar em pena de morte e dezenas de outras em que actos homossexuais podem resultar em sentença de prisão.

Apesar destes factos, muitos heterossexuais insistem em perguntar-me: faz realmente sentido continuar a comemorar-se o Orgulho Gay? O principal argumento deles é que nunca existiu um Orgulho Hetero.

Permitam-me que lhes pergunte: os indivíduos heterossexuais já foram atacados ou demitidos pelo simples facto de serem heterossexuais? Os indivíduos heterossexuais precisam de pensar duas vezes antes de andar de mão dada com os seus parceiros em público? Os planos de férias dos indivíduos heterossexuais precisam de ser feitos tomando em consideração que países devem ser evitados por razões de segurança, não vá acontecer serem detidos por causa da sua sexualidade? Os indivíduos heterossexuais já tiveram a desagradável experiência de ter de "sair do armário" para as suas famílias e amigos?

Ainda se estão a perguntar por que razão não existe um Orgulho Hetero? Ou estão, simplesmente, satisfeitos por não precisarem de um?

Os indivíduos heterossexuais já foram atacados ou demitidos pelo simples facto de serem heterossexuais? Os indivíduos heterossexuais precisam de pensar duas vezes antes de andar de mão dada com os seus parceiros em público?

 

Este ano, o Orgulho Gay de Amesterdão (o maior evento de Orgulho Gay nos Países Baixos e um dos maiores no mundo) tem lugar de 28 de Julho a 5 de Agosto e prestará especial atenção aos direitos humanos. O desfile anual de barcos, que todos os anos atrai mais de meio milhão de espectadores aos canais de Amesterdão, acontecerá no sábado, dia 4 de Agosto. Os barcos da Amnistia Internacional, Greenpeace e Colégio de Direitos Humanos, entre outros, foram proclamados este ano pela organização como as "pérolas do desfile".

Eu estarei lá! Posso convidá-los a juntarem-se a mim?

 

Artigo de opinião de Miguel Martins, quarto classificado no concurso Mister Senior Netherlands 2018

 

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