O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe aproveitou o discurso do seu 88º aniversário para atacar o Ocidente e a promoção dos direitos dos homossexuais. Discursando no sábado passado no estádio Sakubva, em Mutare, a quarta maior cidade do país, perante uma multidão de cerca de 20 mil pessoas, reafirmou: "Rejeitamos abertamente o casamento gay e dizemos que vão para o inferno" e apontou baterias ao primeiro-ministro britânico.
David Cameron, primeiro-ministro britânico, declarou este fim-de-semana que retirará o apoio financeiro aos países que criminalizam a homossexualidade. "Queremos ver os países que recebem a nossa ajuda a aderir aos princípios dos direitos humanos e isso inclui a forma como tratam as pessoas gay e lésbicas", disse em entrevista à BBC.
Robert Mugabe, que comanda o Zimbabué com mão de ferro há mais de 30 anos declarou junto de vários membros da Igreja Anglicana daquele país que "o casamento gay equivale a um 'comportamento de cão'". O chefe de estado do Zimbabué reafirma assim a sua postura contra os direitos das pessoas LGBT no momento em que se encontra a levar a cabo uma reforma na Constituição do país. Esta reforma está a ser efectuada em conjunto com o primeiro ministro, Morgan Tsvangirai, num dos poucos assuntos em que concorda com o presidente, dado estar também contra o reconhecimento de direitos por parte dos LGBT. Na nova Constituição "a poligamia será salvaguardada", afirmou o presidente zimbabueano.
Não é a primeira vez que Mugabe causa este tipo de polémica, há cerca de dez anos, o presidente da antiga Rodésia, que faz fronteira a leste com Moçambique e é limitado a sul pela África do Sul, considerou os homossexuais "piores do que porcos e cães" a propósito de alguns bispos da Igreja Anglicana do país terem afirmado tolerar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.