Ursula von der Leyen: "“Não descansarei enquanto a União Europeia não for um lugar de igualdade”
No discurso do Estado da União Europeia desta quarta-feira a Presidente Ursula von der Leyen foi categórica: a discriminação não tem lugar na União.
"Lutar contra o racismo nunca será opcional" começou por dizer von der Leyen. “Não descansarei enquanto não construir uma União de igualdade, uma União onde cada um possa ser o que é, e ame quem quiser, sem medos ou recriminações”. O discurso foi interrompido por aplausos, e von der Leyen continuou… “Porque ser quem se é, não é uma ideologia, é a sua identidade e ninguém a pode retirar. Quero deixar isto bem claro: As ‘zonas livres de LGBTQI’ são sítios sem humanidade e não têm lugar na nossa União!”
A Presidente da Comissão Europeia foi fortemente aplaudida depois da alusão directa ao que se passa na Polónia com o movimento "LGBTI free zones" e que tem motivado uma onda de protestos internacional.
(ver a partir de 1h34m)
A União Europeia quer ainda implementar uma estratégia e dar mais força aos Direitos LGBTQI, nomeadamente reconhecendo a diversidade de laços familiares dentro da União. “Se é um pai num estado membro, terá de ser pai reconhecido em todos os países da União”. "Este é o mundo em que queremos viver: unidos na diversidade e na adversidade, um mundo em que trabalhamos juntos para ultrapassar as nossas divergências e onde nos apoiamos nos momentos difíceis, um mundo de amanhã que queremos que seja mais respeitador e saudável para deixar às nossas crianças.”
No mesmo discurso, a Presidente afirmou que será ainda apresentada uma proposta para penalizar os crimes de ódio e os discursos de ódio motivados por raça, religião, género e orientação sexual, passando assim das leis aos actos e criando um plano europeu efectivo anti-racismo e contra o ódio de forma alargada e uniforme em toda a União Europeia.
Este discurso inédito num palco desta dimensão europeia acontece um dia depois de 32 pessoas membros do Parlamento Europeu se vestirem as cores do arco-íris em solidariedade com a comunidade LGBTI polaca, tal como fizeram as pessoas membro do governo polaco aquando o discurso inaugural do actual Presidente. Este protesto insurgiu-se contra a recente criação de zonas anti-LGBTI, a repressão e violência sistémicas contra as pessoas da comunidade e a falta de reconhecimento da dignidade e valor das suas vidas.
Foto: Facebook European Parliament Intergroup on LGBTI Rights