Cálice romano com imagens homoeróticas principal atracção de exposição no Reino Unido
Foi até recentemente considerado indecoroso para ser exposto, mas desde a semana passada está patente na Universidade de Nottingham. Trata-se da Taça Warren, um cálice de prata do período romano decorado com cenas de amor homossexual.
O objecto será a peça central da exibição “Sexualidade Romana: Imagens, Mitos e Significados” que vai reunir uma grande variedade de artefactos e imagens da arte romana. A exposição leva-nos numa viagem pelas atitudes da época Vitoriana, passando por todos os aspectos do amor e sexo no mundo romano incluindo, Deuses, Deusas e mitos associados à sexualidade.
Segundo Paul Roberts, do Museu Britânico, local onde o cálice habitualmente está exposto, “quando pensamos em Romanos, vem-nos logo à ideia gladiadores, imperadores e soldados, mas esta exposição centra-se nas pessoas comuns e numa parte fundamental das suas vidas. Há uma grande diferença entre o que os autores da época escreviam sobre sexo e o que objectos como a Taça Warren nos mostram. Estes objectos, e as reacções das pessoas, também nos fazem pensar nas questões da sexualidade na nossa sociedade.”
A Taça Warren data de cerca 15 A.C. – 15 D.C. e julga-se ter sido encontrada em Bittir, perto de Jerusalém. O nome Warren deve-se ao coleccionador norte-americano Edward Warren que a adquiriu em 1911. Após da morte de Edward Warren, o cálice foi oferecido sem sucesso a várias instituições, incluindo o Museu Britânico, mas era considerado demasiado explícito sexualmente. Em 1953 o cálice foi, inclusive, recusado nos EUA por ofender a sensibilidade de um oficial da alfândega.
Foi apenas em 1999, após mudanças consideráveis na lei e na atitude do público relativamente à homossexualidade, que o cálice passou a fazer parte do espólio do Museu Britânico, onde é actualmente é uma das peças mais apreciadas.
Os Romanos estavam mais à vontade com imagens de natureza sexual do que muitas outras culturas. A arte romana, desde objectos de luxo como a Taça Warren, a quadros, esculturas e objectos do dia-a-dia, estava repleta de representações do corpo humano e de momentos de intimidade. Tal como os Gregos, os Romanos acreditavam que a sexualidade era pautada por várias divindades, incluindo Vénus, deusa do amor, Baco, deus do vinho e fertilidade, tendo sido por isso frequentemente representados na arte e mitologia romana.
A exposição também contém outros objectos que aos olhos modernos podem parecer sexuais mas que para os Romanos tinham significados ligados a fertilidade, superstição e humor. Entre estes objectos contam-se partes do corpo humano como ventres ou seios, figuras demonstrando o acto do nascimento ou mães a amamentar, que na época eram usados como oferendas. Imagens do falo eram feitos de diversos materiais incluindo ouro, bronze, cerâmica, osso e coral. Estatuetas, placas, mosaicos e joalharia eram usados para proteger negócios, lares, crianças e até animais.
Em exposição até 10 de Abril de 2011. Entrada grátis. Mais informação: www.lakesidearts.org.uk/Exhibitions.html
Lúcia Vieira