Head & Shoulders Portugal muda campanha com contornos homofóbicos. Em Espanha "maricón" merece castigo
A notícia da campanha dos champôs H&S, que o dezanove avançou em primeira mão e depois foi repercutida nas redes sociais e na revista Marketeer, levou a Procter & Gamble a “lamentar o sucedido”.
Recorde-se que a campanha propunha aos utilizadores que sugerissem conceitos que os homens teriam na cabeça num site concebido propositadamente para o efeito. As sugestões dos utilizadores desencadeavam vídeos com diversas animações. Até ontem, escrevendo a palavra “gay” surgia uma mensagem com uma professora com ar de mau, cana na mão e o texto “Prometo não escrever mais esta palavra”. Testando a palavra “homens” surgiam duas jovens acabadas de sair do banho acenando “não” com os indicadores.
Ontem à tarde, e menos de 24 horas depois da notícia ser conhecida, a agência de comunicação da empresa, a Parceiros de Comunicação, informou o dezanove que “o problema por vós detectado em relação à campanha online 'O que os Homens têm na cabeça?' já está a ser resolvido”. A empresa justifica a campanha como “um lapso, lamentável é certo, mas em nada relacionado com questões de homofobia” e acrescenta que “A P&G é uma empresa fortemente envolvida na defesa dos direitos humanos, lutando há vários anos contra a discriminação da homossexualidade através da associação Gable.” A Gable é o grupo de trabalhadores gays, lésbicas, bissexuais da Procter & Gamble nos Estados Unidos que conseguiu que a multinacional passasse a ter uma posição mais gay friendly.
Hoje, após algumas simulações no site da polémica, as palavras “gay” ou “homens” remetem agora para o vídeo de palavra não encontrada. A Procter & Gamble, além da H&S, é a empresa mãe de marcas como Ariel, Braun, Duracell, Fairy, Gillette, Pantene, Tampax, Wella ou Evax.
Apesar das mudanças em Portugal, a campanha dirigida aos consumidores espanhóis continua sem alterações. Uma pesquisa por “maricón” traz de volta a professora de ar mau e cana na mão.
Paulo Monteiro
Actualização a 08-01-2011:
A Head & Shoulders Espanha também reformulou a campanha. Uma simulação por "maricón" já não dá lugar à professora com cana na mão e que instava os consumidores espanhóis a prometerem não escrever tal palavra. Agora, em alternativa, os cibernautas assistem ao vídeo de palavra não encontrada.