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Nem na mata se encontram histórias assim

Incesto. Vai ser assim a abertura do Queer Lisboa (vídeo)

“Do Começo ao Fim” (2009, Aluizio Abranches) é o filme de abertura do Queer  Lisboa 14, Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa. O filme brasileiro é apresentado no programa de forma simples e sucinta: “Uma história de amor incondicional, entre Francisco e Thomás, meios-irmãos…”. Mas o filme é mais que isto. No site oficial é retratado como uma história de amor de Francisco e Thomás e a sua família: Julieta, Alexandre e Pedro. “Escrito pelo próprio realizador, a história é tratada com delicadeza, como também os tabus que pretende desconstruir. O filme colabora na consciencialização de um público, inspirando uma visão optimista da natureza humana”, consideram os responsáveis.

 

Quando estreou no Brasil o filme deu muito que falar, pois para além de abordar um amor homossexual, esta história de um amor é vivida por dois meios-irmãos. Incesto e homossexualidade masculina de uma só vez num argumento é algo para se ter em conta. Para um filme que não tem pretensões em ser bandeira, nunca consegue deixar de o ser. Aluizio Abranches afirmou ao jornal O Globo que “são dois assuntos espinhosos, incesto e homossexualidade, mas acima de tudo quis contar uma história de amor. E que não tivesse um julgamento nem levantasse bandeiras”. Realmente o que se vê é uma simples história de amor entre dois homens que, por acaso, são meios-irmãos. Como muitas críticas menos positivas o afirmam, estes dois assuntos espinhosos poderiam ter servido para fazer uma reflexão e um debate aprofundado sobre o assunto. Se continuarmos a ler as críticas espalhadas pela internet, verifica-se que tendem a ser extremadas, sem lugar para o meio-termo. Aliás, até são poucas as críticas elogiosas, apesar de o filme ter motivado a criação de comunidades no Orkut e de uma promoção de 4 minutos ter ido parar ao Youtube antes do previsto pelos produtores.

 

Na verdade, o filme é inconstante e instável. Tem uma fotografia arrebatadora, a cargo do director de fotografia Ueli Steiger, responsável por filmes como “O Dia Depois de Amanhã” (The Day After Tomorrow, 2004). Esta fotografia cuidada mostra o melhor do Brasil e da Argentina, tudo é luminoso e fresco, verde e branco, límpido e alinhado, o exagero da perfeição. Com uma primeira parte mais consistente e segura, esta assenta sobretudo em Julieta, Júlia Lemmertz, maravilhosa no papel da mãe dos meios-irmãos, que preconiza bem alguma da pouca angústia criada pela relação incestuosa. A segunda parte falha redondamente. O realizador cai no erro de deixar os actores que fazem de meios-irmãos na fase adulta (Rafael Cardoso - Thomás e João Gabriel Vasconcellos – Francisco) suportarem o filme. Esse amadorismo na direcção dos actores faz com que o filme esmoreça. Até entendo e louvo o que Abranches pretendia: retratar uma simples história de amor. Mas retratar esse amor simples não é fácil, pois um filme requer dinâmica na acção e no argumento. Não podendo ficar-se pela metade, pelo quase, tornando-se assim num quase nada. Não posso deixar de concordar com algumas das críticas mais duras pois quando se aborda temas tão delicados há que mostrar o conflito, mesmo que seja de forma positiva. É difícil perceber porque é que Aluizio não aprofunda mais os vários temas. Eles não são meramente mostrados, são falados, abordados e consciencializados pelas várias personagens a dado momento. E é tão difícil ver o talento de Louise Cardoso (Rosa, a governanta e melhor amiga de Julieta) ser desperdiçado pelo realizador. Resumindo: para entender este filme é preciso virar o mundo do avesso.

 

Veredicto 3 estrelas em 5 possíveis

 

O filme será exibido no dia 17, São Jorge, Sala 1, 21h00

 

Luís Veríssimo

 

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Q: Espaço da Memória com Cesariny, Luís Miguel Cintra e Lia Gama

Luís Assis, responsável pela programação do Espaço da Memória do Queer Lisboa, explica em entrevista ao dezanove as propostas para este ano. O Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa decorre entre 17 e 25 de Setembro.

Dezanove: Denota-se um salto qualitativo na programação do Espaço da Memória face à edição do ano passado, em que integrou pela primeira vez o Queer Lisboa. É sinal que existe interesse por conhecer a chamada memória queer?

Luís Assis: Creio que é um interesse que necessita ser estimulado e cultivado. Essa é, aliás, a razão de existir de um evento multidisciplinar como o Espaço da Memória/Queer Memory. Admito que este ano, e contra fortes limitações orçamentais, tentámos oferecer uma programação mais sólida, rica e ecléctica. Ao longo destes sete dias, tocamos nos mais variados ramos das artes (do teatro à dança, da música à vídeo-instalação, passando pelo cinema e pelas artes plásticas), fazendo um esforço consciente por aliar aos nomes mais consagrados algumas revelações. A preservação da memória queer também se faz através de um olhar atento para o presente.

Porque decidiu incluir uma homenagem especial a Cesariny?

Não diria que se trata de uma homenagem. É antes um pretexto para nos re-aproximarmos de uma figura incontornável das artes portuguesas. Se trabalhamos para a preservação da memória queer, então é fundamental que saibamos fazê-lo, antes de mais, com aquelas que são as nossas heranças culturais mais próximas.

Do programa do Espaço da Memória, quais os momentos que considera imperdíveis este ano?

Não consigo ser imparcial relativamente à programação que temos para oferecer este ano e sinto-me tentado a dizer que todas as actividades são “imperdíveis”. No entanto, tenho consciência de que colaborações como as de Luís Miguel Cintra ou Lia Gama estão a suscitar grande curiosidade e expectativa. E, claro, por estar espalhada por todo o Cinema São Jorge, a Exposição Mário Cesariny será um acontecimento incontornável da edição deste ano.

Rui Oliveira

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Q: As escolhas de João Ferreira

João Ferreira, director e programador do Queer Lisboa, diz ao dezanove quais os filmes a não perder na edição deste ano do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que decorre entre 17 e 25 de Setembro.

Dezanove: Quais os filmes que considera obrigatórios ver na edição deste ano?

Enquanto programador, é sempre complicado responder a essa questão. Por um lado, há o meu gosto pessoal, onde facilmente consigo destacar os filmes de que mais gosto. Por outro, como programador, tenho que conciliar a minha visão pessoal sobre o cinema queer com aquilo que é a política de programação e o público do Festival. Procurando um equilíbrio entre estas partes, há vários filmes que destacaria. O “Boy”, do Auraeus Solito, é, sem dúvida, um dos grandes títulos deste ano e um bom exemplo de um grande fôlego do cinema queer asiático, particularmente, o das Filipinas. O “Open”, do Jake Yuzna, é, para mim, um dos mais bem conseguidos filmes que alguma vez vi a abordar a temática transgénero. Só para dar mais um exemplo, o documentário “Dzi Croquettes”, realizado pelos actores brasileiros Tatiana Issa e Raphael Alvarez, conta a história da trupe de teatro com o mesmo nome, ao mesmo tempo em que conta também um pouco da história do Brasil no período da ditadura militar. É uma história pouco conhecida em Portugal. E este documentário consegue conciliar um lado de entretenimento com um lado também pedagógico, que é muito importante.

Este ano a RTP é a televisão oficial do festival e têm como objectivo ultrapassar os 8.500 espectadores. Pode-se já afirmar que o Queer Lisboa conseguiu cimentar-se fora da comunidade LGBT?

Acho que este, e qualquer evento cultural, nunca deve situar-se dentro de, ou dirigir-se a um “nicho” específico. Isso apenas contribuiria para perpetuar uma ideia de marginalidade. Mas defendo os eventos temáticos que, inevitavelmente, têm como público maioritário quem se revê nesse tema. O festival, pela sua temática e pela mensagem política e social que a mesma acarreta, procurará sempre ir ao encontro da comunidade e ser um espaço onde gays, lésbicas, trans, podem encontrar os filmes que lhes falam mais directamente. Mas ao mesmo tempo, o festival é também pensado como um evento aberto a todos e todas que gostem de cinema. Acredito, sim, que o Queer Lisboa tem já um lugar seguro como um dos eventos culturais mais importantes da cidade de Lisboa, e já não é olhado como algo à parte. O nosso público é muito ecléctico, estão lá a comunidade, os cinéfilos – ou ambos –, os que frequentam por hábito todos os festivais de cinema, os que frequentam apenas este. Essa abrangência é, para mim, fundamental.

Uma crítica recorrente prende-se com a falta de legendagem em português de muitos filmes. Este ano a situação será diferente?

Infelizmente, não. A legendagem completa de todas as sessões do Festival significaria cerca de 15% dos custos globais do Festival, dentro do orçamento de que dispomos. Esta é uma luta que dura há vários anos. A realidade da distribuição é hoje muito diferente da que era há dez anos. O custo do aluguer de filmes e transporte internacional de cópias consome uma parte expressiva do nosso orçamento. O que nos coloca nesta posição ingrata: se fizermos legendagem, não podemos oferecer esta programação. Vamos continuar a lutar para termos a legendagem de volta ao Festival.

Rui Oliveira


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O diário do sexo

O BedPost não é uma rede social nem um site de encontros. É um diário virtual, individual e sexual. O utilizador, depois de efectuar o registo do seu perfil, pode introduzir dados sobre a sua vida sexual, como a frequência, a duração, a hora, detalhes dos preliminares, parceiros, entre outras descrições. As informações estão sujeitas à política de privacidade definida pelo utilizador.

O site encarrega-se de mapear o percurso sexual do utilizador através de um calendário, além de permitir a avaliação das relações numa escala de 1 a 5. Com o BedPost, o sexo e os parceiros terão sempre direito a registo e será possível (re)lembrar o que fizemos no Verão passado.

Bárbara Rosa

Quando o hip hop sai do armário... (vídeo)

Cazwell costuma ser descrito como um dos expoentes americanos do homo-hop ou gay hip-hop, ou não fosse dos poucos artistas de hip hop a declarar-se homossexual. Este Verão causou furor quando lançou o vídeo “Ice Cream Truck”, que chegou a ser considerado impróprio para alguns utilizadores do YouTube. Mesmo assim, na primeira semana, o vídeo, que foi realizado por Marco Ovando, ultrapassou um milhão de visualizações.

As situações de homofobia dentro da indústria do hip hop são recorrentes. Eminem e Busta Rhymes já editaram músicas onde atacavam os “paneleiros”. Quando Kanye West pediu em 2006 que os artistas acabassem com as letras anti-gay, 50 Cent respondeu que Kanye só podia ser gay para fazer tal comentário. Andre 3000 dos Outkast também considerou que “um dos piores rumores que ouvi sobre mim era o de que era homossexual”.

Cazwell comentava recentemente ao Sawf News: “Quando vivi em Boston, tentei ser aceite pelo hip-hop – havia uma cena grande de hip-hop lá. Lembro-me que havia em Boston uma editora chamada Brick Records e eles representavam 7L e Esoteric and Virtuoso – grandes rappers – e na altura eu queria muito trabalhar com eles. Isso nunca aconteceu. Gostava de enviar-lhes demos e eu sabia que era bom ao vivo, mas, basicamente, cheguei à conclusão de que não importava ser era bom ou não. As pessoas hetero só não querem estar com gays no hip-hop.”

Na sua discografia constam os álbuns Get Into It (estreia em 2006) e Watch My Mouth, para além dos singles All Over Your Face, Watch My Mouth, I Seen Beyoncé... , Tonight e Ice Cream Truck.

 

Miguel Oliveira

 

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