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Portugal precisa de um dia que assinale a bissexualidade?

O dia da bissexualidade celebra-se internacionalmente a 23 de Setembro, aniversário da morte de Sigmund Freud, o primeiro teórico que falou da existência da bissexualidade.

 

Em Espanha a data será assinalada pela terceira vez pelas associações LGBT. Hoje às 19 horas será possível ver a maior bandeira bissexual da Europa junto às Puertas del Sol, local de passagem obrigatória daqueles que visitam Madrid.

Com as actividades previstas do outro lado da fronteira (em que se incluem ciclos de cinema, sessões de esclarecimento, manifestações, workshops e festas), pretende-se dar visibilidade à realidade bissexual, isto é, capacidade de uma pessoa se sentir emocional e sexualmente atraída independentemente do sexo ou género, não necessariamente ao mesmo tempo, nem com a mesma intensidade. Em simultâneo procura-se ultrapassar o preconceito de que “marcha tudo, seja homem ou mulher” relacionado com esta orientação sexual. Antonio Poveda, presidente da FELGTB (Federación Española de Lesbianas, Gays, Transexuales y Bisexuales) recorda que “tal como a bissexualidade é uma orientação com identidade própria, a bifobia é uma discriminação específica que devemos lutar com educação e visibilidade”. Durante o fim-de-semana decorrerá o Primeiro Encontro de Bissexualidade em Espanha em Getafe, nos arredores de Madrid.

Paula Valença, activista e fundadora do grupo Ponto Bi, não hesita em comentar ao dezanove que a letra B é a mais invisível” do movimento LGBT. “Isto deve-se a vários factores. As nossas lutas são, na maior parte, as mesmas da população lésbica, gay e trans. Movemo-nos nos mesmos círculos e, dependendo do contexto, somos frequentemente catalogados de heterossexuais ou gays/lésbicas ou simplesmente no armário.”

Mas quais são os preconceitos mais comuns que se um bissexual tem de lidar? “Os bissexuais sofrem de preconceitos e marginalização tanto de heterossexuais como de gays/lésbicas. Um dos mais frequentes é 'não existem bissexuais' ou variantes como 'tu não és bissexual, simplesmente ainda não decidiste/saíste do armário' ou que é uma fase, ou que estás confuso.” Mas há mais: “Outro frequente é que um bissexual não consegue ser fiel, que dorme 'com tudo o que se mexe' ou que eventualmente há-de trair o parceiro por alguém do sexo oposto. Por qualquer razão, muitas pessoas estão convencidas que bissexual significa estar com ambos os sexos ao mesmo tempo”, refere Paula Valença.

Apesar de não estar agendado qualquer evento para Portugal a propósito da data, Paula Valença deixa um conselho: recordar ao mundo que a bissexualidade existe. “Sei que há muitas pessoas que no seu espaço tencionam ser um bocadinho mais visíveis neste dia. Às vezes com algo tão simples como bradando a quem os ouvir que é o dia Internacional de Visibilidade Bissexual.”

 

Movimentos bi

O Ponto Bi “encontra-se em hiato”, refere a fundadora. No entanto, não quer dizer que a comunidade bissexual esteja parada. “Muitos activistas associados ao Ponto Bi estão em associações ou outros colectivos nos quais garantem a representação bissexual e uma das maiores necessidades como luta contra a bi-discriminação: educação. Há uns meses surgiu também uma associação com sangue novo em Coimbra, Associação B VisiBilidades, nascida de um blogue”, refere.

 

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Q: Um doc-romance a três entre Israel e Alemanha (vídeo)

 

O documentário “I Shot My Love” (2010, Tomer Heymann) conta uma história pessoal que é também universal, ao revelar-nos a relação amorosa e triangular entre o realizador, Tomer, o seu namorado alemão, Andreas Merk, e a sua intensamente israelita mãe, Noa Heymann.

O filme fala dos regressos a casa. Um regresso ao nosso lar - sim, o lar deles também é o nosso. É um regresso ao lar com vários significados. O nosso lar é onde nascemos ou é onde vivemos? Em 2006, Tomer e a sua mãe regressam à Alemanha onde os seus antepassados tiveram uma vida da qual fugiram durante o holocausto, para a apresentação do documentário “Paper Dolls” no Festival de Cinema de Berlim. Nessa viagem Tomer conhece Andreas, um affair de apenas 48 horas, que irá mudar a vida de todos. Mais tarde Andreas decide mudar-se com o namorado para Israel. Assim ambos regressam à Israel natal dos pais do realizador.

Será possível filmar o amor em forma de documentário? O realizador Tomer Heymann tenta através deste filme transmitir que é possível. É perfeitamente possível filmar todas as formas de amor de todas as formas possíveis. As histórias de amor são eternas, como os diamantes. Este amor de mãe e este amor de filho e este amor de casal é tão belo e maravilhoso como deveriam ser todos os amores.

A clara diferença entre dois mundos tão distintos, Israel e Alemanha. O eterno conflito israelo-palestiniano. A heróica história de sobrevivência de Noa. São a base deste doc-romance nada melodramático, apenas real e realista. As diferenças e as semelhanças são sempre evidenciadas de forma simples e crua. É este remexer na ferida que os apazigua nos momentos mais difíceis. É este apontar de dedo que intensifica o seu amor. São estes sentimentos que despoletam a discussão. Entretanto, os três protagonistas deste amor já regressaram novamente à Alemanha para a apresentação de “I Shot My Love” no Festival de Cinema de Berlim deste ano.

Num trailer muito inspirado com a música “Coming Home”, da israelita Hadara Levin-Areddy vemos algumas imagens filmadas no Metro de Lisboa.

O filme será apresentado hoje, dia 23, às 21h30 na sala 3, o realizador estará presente nesta sessão. Voltará a ser apresentado no último dia do Queer Lisboa, sábado, 25, às 19h15 na mesma sala.

 

Luís Veríssimo

 

 

 

 

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