Pedro Castro, o fotógrafo queer português que sonha com Berlim (vídeo)
Luís Pedro Castro, de 29 anos e nascido em Guimarães, é um fotógrafo português radicado em Barcelona, mas com planos de internacionalizar ainda mais o seu trabalho.
“Queer contemporary photography on non-heteronormative lifestyles. "Normality is an excuse for the unimaginative” é como Pedro apresenta o seu blogue Strangelfreak in Lalaland, principal veículo de divulgação da sua obra, e que alcançou esta semana as 300 mil pageviews. No currículo encontram-se entrevistas para a revista australiana Dirty Queer e para a portuguesa Parq e colaborações com a revista chilena Garçons. São estes apenas alguns dos motivos para o dezanove tentar saber um pouco mais sobre a razão do sucesso crescente das intervenções artísticas de Strangelfreak.
dezanove – Qual é o percurso do Pedro Castro, artista, e porque é que decidiu ir viver para Barcelona?
Pedro Castro: Comecei por estudar Design em Viana do Castelo, e prontamente me apercebi que uma perspectiva comercial, não me apelava tanto como a artística (após ter estudado marketing, que - sem ofensa para ninguém - considero satânico). Motivado pela minha família, que sempre me apoiou na minha excentricidade, resolvi mudar-me para Barcelona, onde estudei Fotografia na Escola Superior de Fotografia Grisart, e fiz alguns cursos de tratamento digital. Foi aí que conheci algumas das pessoas que me fizeram superar preconceitos e me motivaram a explorar uma noção mais abrangente de sexualidades não heteronormativas e documentá-las de forma a contribuir para uma diversidade real e às vezes bastante polémica.
Foi aí que surgiu a ideia de começar as intervenções artísticas enquanto fotógrafo transgressor…
Sempre me senti inspirado pela criatividade da cultura LGBTQ, e comecei a buscar referências desde cedo. De Pierres et Gilles, Nan Goldin, António Variações, David Lachapelle, Erwin Olaf, passando pelos icónicos Gilbert & George e muitos outros que me permitissem uma interpretação da vida de uma forma mais autêntica, espontânea e descomprometida. Creio que após ter sido vítima de discriminação durante a maior parte da minha vida, essa necessidade, surgiu como forma de catarse para a criação - ao invés de me criar um sentimento de vítima - e isso motivou-me a rodear-me de pessoas descomplexadas e extremamente criativas. Como diz a popular campanha de consciencialização nos EUA: "It gets Better!!!"
Actualmente concorre a uma bolsa da Kickstarter. O que nos pode dizer sobre isso?
Concorri este ano à bolsa de estudo do programa Inov, infelizmente não fiquei colocado. Mas como a reacção ao meu trabalho foi tão positiva por parte da organização de acolhimento que me ia receber em Berlim, decidi arriscar e ir na mesma com o meu namorado Peter. Comecei um projecto de um maravilhoso e polémico livro numa página de mecenato que se chama Kickstarter onde podemos pedir micro-financiamentos. Por outras palavras as pessoas podem fazer pequenos donativos em troca de recompensas que no nosso caso vão desde postais, a livros, trabalhos originais ou sessões fotográficas. Um dos pontos fortes disto é que não importa quão simbólica for a doação, porque quantos mais apoios recolhidos melhor vai ser a qualidade final do projecto e mais qualidade terão também as recompensas que as pessoas vão receber. Por isso se quiserem ajudar neste projecto, onde quem sabe o vosso nome também pode vir a ser mencionado, aqui fica o link.
Vídeo da campanha no Kickstarter