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VelsPol, a polícia alemã vocacionada para crimes homofóbicos (com vídeo)

Quando em 2001 Klaus Wowereit, o actual presidente da câmara de Berlim, assumiu a sua homossexualidade em plena campanha eleitoral com um simples "Eu sou gay e isso é bom" a Velspol já existia e tinha conseguido ser a instituição pioneira do coming out neste país.

 

A VelsPol, Associação de Polícias Gays e Lésbicas da Alemanha, foi fundada em 1995 porque  "num relatório anual foi declarado que não havia gays em qualquer agrupamento, o que era falso e incomodou estes polícias. Por isso foi marcada uma reunião para discutir o assunto", conta Marcus Hentschel, polícia e um dos directores da VelsPol.

O tema tabu reuniu então 20 polícias. Hoje, só em Berlim, os gays e militares assumidos e militantes são mais de mil. O grupo tem representantes em oito estados alemães e funciona como uma espécie de divisão da polícia. Os polícias da VelsPol executam tarefas iguais a todos os outros, mas são chamados quando há motivação homofóbica no crime e desenvolvem programas preventivos nas ruas e contra a homofobia.

 

Segundo Hentschel, o grande problema que esta divisão enfrenta é a falta de estatísticas. "Foi agredido porque é homossexual ou por outro motivo? Esta pergunta dificilmente é respondida nas actas policiais, o que dificulta a nossa avaliação e captação de recursos. Crimes contra homossexuais e minorias precisam ser correctamente registados para que tenhamos mais informações para os poder combater”, diz o agente. 

Apesar da especialização no combate à homofobia e nos avanços que a VelsPol tem obtido, Hentschel também explica que é difícil avaliar se a violência contra homossexuais diminuiu ou não. "É uma violência que se sente, mas que não se regista e é nisso que nos debruçamos agora, para melhorar as nossas campanhas.”

 

Hentschel considera ainda que uma das chaves para a mudança está no trabalho que envolve o cidadão e a polícia. "Os homossexuais precisam aprender a procurar ajuda, a denunciar. É para isso estamos aqui, mas é preciso tempo para que o cidadão aprenda a usar o serviço.“

 

A experiência com a criação de unidades especiais, e com a postura assumida dos agentes que se declararam homossexuais, criou, na Alemanha, um ambiente mais favorável à denúncia. "Os homossexuais quando procuravam a polícia eram discriminados e não eram levados a sério. Criava-se uma distorção nos factos: não se registava e, portanto, não havia a vítima. Logo, não havia o crime. O resultado é que não existiam recursos para combater um crime que, formalmente, não acontece“, explica Hentschel.

 

O próprio agente Hentschel comenta que no princípio da sua carreira não quis falar de sua orientação sexual com ninguém, até ouvir comentários desnecessários de colegas o que o levou a procurar pelo apoio da VelsPol. Hoje Hentschel, com 34 anos e a viver em união civil registada com outro polícia, considera que existe mais tolerância do que há 16 anos, quando este grupo começou. "Há mais aceitação e a divisão passou a acumular experiência e conhecimento no tratamento de todo tipo de assédio. A mensagem é clara: não é preciso gostar do facto de eu ser homossexual, mas é preciso respeitar”.

 

 

Stefan Palma

 

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