Albert Nobbs, o retrato de uma sociedade onde as mulheres não são independentes
Na Irlanda do séc. XIX, uma mulher (Glenn Close) luta para sobreviver numa sociedade machista onde as mulheres não são encorajadas a serem independentes. De modo a arranjar um emprego que lhe garanta a sobrevivência, essa mulher faz-se passar por homem e emprega-se como mordomo num dos mais luxuosos hotéis de Dublin.
Ali, durante mais de 20 anos, perde o seu nome e identidade, transformando-se em Albert Nobbs, um cavalheiro delicado e introvertido. Secretamente, porém, acalenta o sonho de abrir uma loja e assumir-se novamente como mulher. É então que conhece Hubert Page (Janet McTeer), um bonito pintor de grande talento que também guarda os seus segredos e que lhe mostra diferentes formas de ver a vida.
"Albert Nobbs" (2011) é baseado no conto "The Singular Life of Albert Nobbs" de George Moore e conta com a realização do colombiano Rodrigo García. Pode-se dizer que este é dos projectos mais pessoais da já veterana actriz Glenn Close que já havia interpretado a personagem numa peça em 1982 e que, neste filme, é co-produtora e co-argumentista.
Apesar de o filme ter sido nomeado para três Globos de Ouro, Melhor Actriz Drama (Glenn Close), Melhor Actriz Secundária (Janet McTeer) e Melhor Música Original ("Lay Your Head Down") e de estar nomeado também para três Óscares, Melhor Actriz Principal (Glenn Close), Melhor Actriz Secundária (Janet McTeer) e Melhor Maquilhagem os críticos não têm sido muito favoráveis. A maior crítica vai para a realização, destacando-se apenas as performances de Glenn Close e Janet McTeer. Felizmente um filme não se faz só de críticas, de nomeações ou de prémios, faz-se de histórias que, mal ou bem retratadas, dizem qualquer coisa ao público em geral. "Albert Nobbs", que estreia em Portugal a 23 de Fevereiro, é um desses filmes.
Luís Veríssimo