José António Saraiva atribui homossexualidade à “propaganda” e à “revolta”
A última crónica de José António Saraiva, director do Sol, está a levantar polémica. Com o título "Homossexuais contestatários" o responsável pelo semanário apresenta uma particular percepção sobre a homossexualidade em Portugal. O ponto de partida é um "um rapaz dos seus 16 ou 17 anos. Pelo modo como coloca os pés no chão, cruza as mãos uma sobre a outra e inclina ligeiramente a cabeça, percebo que é gay". Tudo se passa no "edifício da Fnac do Chiado".
Ao longo do texto, José António Saraiva sustenta que "a comunidade gay está a crescer". Em parte, atribui a responsabilidade ao facto de figuras públicas estarem a sair do armário, o que "acabará forçosamente por ter um efeito multiplicador, pois funciona como propaganda". Além disso, José António Saraiva acredita que há mais homossexuais porque "alguns jovens que não têm inclinações evidentes acabam por ser atraídos pelo mistério que ainda rodeia a homossexualidade e pelo fenómeno de moda que ela assumiu em determinados sectores". E detalha a seguir: "Não duvido de que há gays que nascem gays. Mas também há gays que se tornam gays – por influência de amigos, por pressão do meio em que se movem (no ambiente da moda isso é claro)". Além disso, acrescenta outro factor para o crescimento da comunidade gay: o da "revolta". Tal como no Estado Novo muitos jovens se revoltaram contra a família por questões políticas, também agora "a homossexualidade surge como uma forma de mostrar a sua 'diferença', de manifestar a sua recusa de uma sociedade convencional, de lutar contra a hipocrisia daqueles que não têm coragem de se mostrar como são, de demonstrar solidariedade com aqueles que são discriminados ou perseguidos pelas suas opções", escreve o director do Sol. Esse jovem com quem José António Saraiva se cruzou no edifício da Fnac seria, na sua opinião, exemplo disso mesmo.
Já antes o director do Sol tinha defendido num artigo de opinião que em Portugal casamento "é entre um homem e uma mulher".