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Marcha Lisboa: “Todos os direitos, para todas as pessoas, para todas as famílias”

Os avanços conquistados pela comunidade LGBT portuguesa nos últimos anos não fizeram esmorecer os manifestantes que se reuniram este Sábado à tarde em Lisboa.

Os números oficiais não são conhecidos, mas foram vários os participantes - de vários quadrantes - que atravessaram as ruas do Príncipe Real até à Praça da Figueira mostrando que os direitos humanos devem ser para todos. A comunidade LGBT (mas também aqueles que a apoiam e defendem) mostrou que existe, é diversa e que grita palavras de ordem e espalha mensagens sérias entre momentos de música e cor. Sempre com a bandeira do arco-íris, que simboliza a luta pelos direitos das pessoas gays, lésbicas, bissexuais e transgéneros, como pano de fundo.

 

Antes da marcha começar, Nádia Cantanhede, da associação feminista UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, explicava a presença na marcha porque esta associação enfrenta a opressão baseada na orientação sexual e nas questões de género.

Nádia aponta o vínculo a sociedade patriarcal e heteronormativa como causas da discriminação. Além disso, segundo a activista de 28 anos “persiste uma visão conservadora sobre a natureza humana que é fictícia”. A participação nesta marcha é entendida como “um grito que rasga essa visão errada e promove o respeito pela diversidade.”Apesar da marcha ser LGBT acaba por ser um símbolo para a liberdade e respeito pela dignidade humana noutras questões: laborais, educacionais, etc. e contra preconceitos e estereótipos.”

 

O Grupo Transexual Portugal (GTP) participou enquanto colectivo pela primeira vez na Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa. Encabeçado por Eduarda Santos e Lara Crespo, o grupo defende e ajuda as pessoas transexuais e/ou transgéneros e /ou intersexuais. A mensagem do GTP nesta marcha visa alertar para a “falta de informação em relação às cirurgias, aos psiquiatras e psicólogos que não seguem os trâmites internacionais para seguirem os preconceitos que têm”, afirma Eduarda Santos no ano em que vários activistas estão a sensibilizar a comunidade internacional para o STOP Trans Pathologizacion, uma iniciativa que defende que as identidades trans não são uma doença.

 

Não foi de telefone na mão que Manuel Mira prestou declarações ao dezanove.pt. Um dos responsáveis pela Linha LGBT, serviço da associação ILGA Portugal, marcou presença na marcha para divulgar o serviço de apoio telefónico 218 873 922 e 969 239 229 que funciona de quarta a sábado das 20 às 23 horas. “Pretendemos estender a todo o país os apoios que geralmente só existem nos núcleos urbanos. Damos às pessoas independentemente da idade a oportunidade de falarem com alguém, trocarem experiências e sentirem que não estão isoladas”, refere Manuel.

 

O presidente da associação ILGA Portugal, Paulo Côrte-Real, deixa uma mensagem para os que não estão presentes na marcha: “Este dia é uma celebração e uma mobilização para o que falta fazer”. Côrte-Real sublinha o lema que tem vindo a marcar a agenda da associação de defesa dos direitos das pessoas LGBT: “Todos os direitos, para todas as pessoas, para todas as famílias” e explica que a ILGA Portugal defende o acesso às famílias a todos os direitos e elenca-os com rapidez: Educação, Saúde, Segurança Social, Justiça e Segurança. “São sectores que o Estado assegura, exactamente, porque são fundamentais e tentamos assegurar que estes direitos existem para todas as pessoas, não esquecendo as famílias que já existem e não são reconhecidas pela lei”. O activista alerta: “é uma violência para as famílias e sobretudo para as crianças e isto tem de ser corrigido com urgência.”

 

Álbum de fotos da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa 2012 aqui.

Créditos: Horta do Rosário - Photography


 

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