Festival Pride Azores: políticos e activistas abordam direitos das pessoas LGBT
Arrancou esta terça-feira em Ponta Delgada o primeiro festival de temática LGBT nos Açores. A sessão de abertura teve lugar no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.
A conferência de abertura "Porquê Pride Azores?" foi moderada pelo fundador da Associação Pride Azores, Terry Costa, e a mesa contou com a presença de Susana Margarido, em representação do Governo Regional, Fernando Decq Mota, representante da CDU/Açores e Zuraida Soares, deputada e coordenadora regional do Bloco de Esquerda.
A primeira intervenção pertenceu a Zuraida Soares que começou por salientar a importância destas iniciativas, históricas não só para os Açores, mas para a causa LGBT no país e no mundo. Felicitando o trabalho da Pride Azores e encorajando as etapas que se seguirão, a deputada bloquista afirmou ser “inquestionável” o passo que está a ser dado para uma “sociedade mais justa, igualitária, livre e solidária”, afirmando ainda que não haverá troika nem austeridade que impeçam as expressões de afectos e relações. Zuraida Soares chamou também a atenção para o preconceito em relação às famílias homoparentais sublinhando não ser a orientação sexual a interferir na educação e bem-estar das crianças, pois “não é a heterossexualidade que garante que estas estejam livres de maus tratos”.
Fernando Decq Mota, de autocolante da Associação Pride Azores ao peito, citou o artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, Princípio da Igualdade, ao afirmar que a questão da adopção entre casais do mesmo sexo tem merecido a atenção do PCP, mas considera que para já não estão criadas as condições sociais para a alteração da lei em matérias complexas como é a adopção.
A última oradora, Susana Margarido, considera que acções como as que irão decorrer até ao próximo sábado, enchem de orgulho o exercício da cidadania, defendo que a igualdade de direitos se adquire também através da participação cívica. A representante do Governo Regional relembrou que em muitos países a homossexualidade ainda é punida por lei, noutros os LGBT ainda são vítimas de violência física, social e emocional. Susana Margarido defendeu que a luta contra a discriminação pode se fazer também através da garantia da protecção, participação e direito à privacidade dos cidadãos.
Coube a Maria José Raposo, da UMAR-Açores, apresentar o cartaz da campanha “Famílias” explicando que família é quem dá amor, carinho e conforto, sejam famílias tradicionais, homoparentais, monoparentais ou de qualquer outro “modelo”.
As actividades prosseguem esta quarta-feira com uma sessão de poemas às 18 horas, no Jardim Anthero de Quental, seguida de uma conferência intitulada “Passado, Presente e Futuro”, pelas 19h30 na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.
A primeira Marcha LGBT está marcada para este Sábado, dia 1 de Setembro, com concentração às 17 horas nas Portas da Cidade.
Na foto da esquerda para a direita: Maria José Raposo (UMAR),Terry Costas (Pride Azores), Zuraida Soares (Bloco de Esquerda), Susana Margarido (Governo Regional dos Açores) e Fernando Decq Mota (PCP).
Cassilda Pascoal