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Queer Lisboa 16: As escolhas do director João Ferreira

Em Julho ficamos a saber um pouco da antevisão do festival de cinema mais antigo da cidade de Lisboa e o mais importante para a comunidade LGBT. No dia em que é revelada a programação da 16ª edição do festival de cinema gay e lésbico de Lisboa, agora designado QueerLisboa, o dezanove.pt entrevista o director do festival, João Ferreira. O director aponta as fitas a não perder e partilha os pontos altos do festival que arranca a 21 de Setembro.

 

 

dezanove: Quais os filmes que considera obrigatórios ver na edição deste ano?

João Ferreira: Apostámos uma vez mais numa programação muito variada, que procura tocar diversas temáticas e várias linguagens cinematográficas. Na ficção, sem dúvida destacaria o “Keep the Lights On”, do Ira Sachas, o filme vencedor do Teddy Award deste ano. A história acompanha o evoluir de uma relação entre dois homens, durante uma década. E, embora o argumento possa parecer banal, o filme mostra-nos a importância de ter bons diálogos, bons actores e uma excelente fotografia para se fazer um grande filme. Ainda na ficção, temos também uma revisitação à vida do James Dean, no “Joshua Tree, 1951”, do realizador norte-americano Mathew Mishory, que estará em Lisboa para apresentar o filme. Finalmente, temos a oportunidade de ver uma obra que explora a fundo a ambiguidade sexual do Dean, sem medo de arriscar em termos estéticos e narrativos. Destacaria ainda o “I Want Your Love”, do Travis Mathews, pela forma livre e despudorada com que narra as relações sexuais e afectivas de um homem na São Francisco de hoje.

 

E ao nível de documentários?

Sem dúvida o “Marina Abramovic: The Artist is Present”, sobre a carreira desta lendária performer. É um filme, que não sendo obviamente queer, toca as questões da sexualidade e do género de um modo muito profundo, e é um filme de uma sensibilidade surpreendente. Outro documentário que recomendaria é o “La table aux chiens (KATHAKALI)”, dos franceses Cédric Martinelli e Julien Touati. Sem um único diálogo, o filme mostra-nos o treino intensivo a que um dos realizadores se submete numa escola de Kathakali, na Índia, resultando numa experiência visual inesquecível.       


Há algum tema condutor para esta edição? Algum destaque especial?

Este ano o Festival não se vai centrar um nenhum tema específico. Os temas surgem muitas vezes da própria programação, ela acaba por nos direccionar para temáticas específicas. Este ano, temos uma programação muito variada, que aborda muitas problemáticas, vivências e não fez sentido dar-lhe uma única leitura. Temos, sim, algumas secções temáticas para o Queer Lisboa 16, bem como algumas sessões ligadas a debates.

Com a colaboração do Festival de Cinema Mix Brasil, vamos ter a secção Queer Brasil, com a exibição de três longas-metragens de ficção, de entre as quais uma que é já um clássico, o “Amores Possíveis”, filme de 2001 da Sandra Werneck. Vamos ter também um programa de curtas com alguns dos filmes que venceram as passadas edições do Mix, incluíndo, por feliz coincidência, algumas curtas que venceram também os prémios do público do Queer Lisboa. Outra secção é a do Queer Focus, organizada em colaboração com a APS – Associação Portuguesa de Surdos, e que vai exibir um conjunto de filmes onde se misturam as questões da sexualidade com as problemáticas específicas desta população. Um dos filmes aqui apresentados é o “Austin Unbound”, da Eliza Greenwood, que tem a particularidade de simular a experiência de ser-se surdo, para os espectadores ouvintes.

Vamos também continuar a dar visibilidade ao tema do VIH/Sida, através de nova parceria com o CheckpointLX, em que vamos exibir o documentário “United in Anger: A History of ACT UP”, do Jim Hubbard, ao qual se segue um debate onde vários protagonistas da luta pela prevenção e tratamento do VIH/Sida em Portugal, vão falar das suas experiências.



 

Com que iniciativas pré e pós festival podem os cinéfilos das fitas LGBT contar?

Com a abertura do Espaço Queer Lisboa, em Novembro último, na Pensão Amor, além de termos aberto o nosso acervo audiovisual ao público, começámos também um projecto de formações que queremos que aconteça durante todo o ano. Realizámos já uma master class sobre Pós-Pornografia e um workshop de Escrita Criativa. Esta vertente de formação vai acontecer também, pela primeira vez, durante o Festival. Assim, de 22 a 28 de Setembro, no Cinema São Jorge, vai decorrer o Workshop de Dança + Vídeo, orientado pelo videasta José Gonçalves e pelo coreógrafo Dário Pacheco, e que terá uma apresentação final ao público na sexta-feira, 28. Vamos ter também, nos dias 26 e 27 de Setembro, um Workshop de Análise e Crítica de Cinema, orientado pelo crítico de cinema Boyd van Hoeij.

Este ano, tivemos também a oportunidade de ter uma programação de cinema mensal no Espaço Nimas, o que foi muito positivo. Foi uma forma, não só de dar uma maior visibilidade ao cinema queer em Lisboa fora das datas do Festival dando essa possibilidade aos nossos espectadores, mas também de irmos ensaiando algumas experiências de programação, que servem depois para o Queer Lisboa. Esta é uma ideia para, sem dúvida, prosseguir depois do Festival em Setembro, tal como as formações.      


 

O regresso da legendagem em português para todos os filmes é uma aposta para manter?

Com certeza. A questão da legendagem prende-se apenas com uma questão de orçamento. Este ano, tivemos a folga necessária para investir na legendagem total dos filmes programados para a sala principal do Cinema São Jorge (Sala Manoel de Oliveira), abrangendo a totalidade dos filmes da Competição para a Melhor Longa-Metragem e parte expressiva da Competição para a Melhor Curta-Metragem, com mais alguns outros títulos de outras secções, que serão exibidos nesta Sala. Infelizmente, ainda não nos foi possível garantir a legendagem na Sala 3, mas vamos trabalhar no sentido que poder fazê-lo no próximo ano. Temos plena consciência da importância das legendas em português e, ainda que parcial, estamos muito felizes de este ano podermos já tê-las disponíveis.

 

Vais poder seguir a 16ª edição do QueerLisboa no dezanove.pt – parceiro média oficial do evento