Os destaques LGBT para este Doclisboa (com trailers)
São dez anos de Doclisboa. E nesta décima edição o Doc afirma-se, sem dúvidas, como um festival de documentários que nos permite ver de que fragmentos é composto o nosso mundo. São ao todo 186 filmes oriundos de 38 países. O festival assume ao longo de 11 dias – de 18 a 28 de Outubro - a função de ajudar à reflexão dos cinéfilos em vários espaços da capital: Culturgest, Cinemateca, Cinema Londres, Cinema Nimas e Cinema São Jorge.
No que à temática LGBT diz respeito, o dezanove.pt destaca as seguintes fitas:
“A última vez que vi Macau”
É o filme de abertura do festival. Realizado por João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata é o filme que revela Cindy Scrash ao mundo. Galardoado no Festival de Locarno tem agora a sua estreia em Portugal esta quinta-feira às 21h30 na Culturgest. Repete terça-feira, 23 de Outubro, às 16h45 no Cinema Londres.
“Les Invisibles”
Um título muito apropriado para uma realidade escondida: Ser-se um cidadão sénior e pertencer à comunidade LGBT. Os vários testemunhos filmados em França mostram aos espectadores como era ser gay ou lésbica há algumas décadas, mas vai mais longe, porque além de nos fazer recuar na História, tem a capacidade de nos fazer avançar metaforicamente no tempo. Não podemos deixar de pensar como será connosco daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos. Será ainda um escândalo dizer que se é homossexual? A sexualidade e o coming out permanecerão impronunciáveis?
O documentário realizado por Sébastien Lifshitz revela como foi ser pioneiro em assumir os amores e os medos. Faz ainda um apontamento sobre o Maio de 68 para dar a perceber os desenvolvimentos que o acontecimento ditou essencialmente para as mulheres.
Há três oportunidades de ver uma viagem no tempo a que não vamos escapar: Sexta, 19 de Outubro às 16:30, Domingo, 21 de Outubro, às 16 horas ou terça-feira, 23 de Outubro às 18h45. Sempre no Cinema Londres.
“Manhã de Santo António”
As obras de João Pedro Rodrigues bisam no Doc. Esta curta de João Pedro Rodrigues, já vencedora do prémio para a Melhor Curta-Metragem Europeia no Festival de Cinema de Vila do Conde, desvenda-nos uma manhã diferente na capital. Ao despertar de uma Lisboa deserta, que raramente é captada pelas objectivas, segue-se uma reprodução do quotidiano citadino em formato “slow motion” a rumar para o “zombie”. A curta de João Pedro Rodrigues antagoniza em 25 minutos um tradicional dia de Santo António. Do imaginário popular só resta um manjerico, uma quadra e uma estátua. Sem um único diálogo a curta remete-nos para uma realidade silenciosamente paralela. É transmitida dia 26 de Outubro pelas 18h30 na Culturgest e no Domingo, 28 de Outubro, pelas 16h45 no Cinema Londres.
“Benjamim Smoke”
Benjamin é considerado a lenda de um submundo. É travesti ocasional e seropositivo. A banda sonora do documentário apoia-se na detentora de uma enigmática sonoridade: a célebre banda norte-americana Smoke. Este comovente retrato foi distinguido com o primeiro lugar em 2001 no Festival de Cinema de Berlim. O filme foi realizado em 2000 por Jem Cohen e Peter Sillen.
Passa Domingo 21 de Outubro às 21:45, e no Domingo 28 de Outubro às 17:00 no Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira.
Paulo Monteiro