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Ricardo Fuertes: "Continua a existir desinformação"

O site de notícias dezanove.pt entrevista Ricardo Fuertes, um dos técnicos do CheckpointLX, um centro de rastreio da infecção do VIH destinado a homens que têm relações sexuais com homens, e que presta um serviço anónimo, confidencial e gratuito. Eis a súmula do balanço da actividade do centro localizado em Lisboa e dos alertas para algumas questões relacionadas com a comunidade LGBT.

 

dezanove: Sentem que a política de austeridade pode pôr em causa a luta contra o VIH? Recentemente, Sérgio Vitorino, das Panteras Rosa, alertava, por exemplo, para a falta de preservativos gratuitos.

Ricardo Fuertes: Existe uma grande indefinição em relação à continuidade de serviços como o programa de troca de seringas, a disponibilização de preservativos gratuitos e outros projectos de prevenção. Portugal tem um número de infecções superior à maioria dos países europeus e, sem este tipo de respostas, a situação pode agravar-se.

                                             

O CheckpointLX arrancou em Setembro com uma angariação de fundos. Como tem corrido? Está garantido o funcionamento do centro comunitário nos próximos tempos?

O CheckpointLX vai continuar a funcionar em 2013. Os rastreios continuarão a ser gratuitos de forma a eliminar ao máximo as barreiras ao teste. Mas, desde Setembro, temos tentado sensibilizar a comunidade a apoiar um serviço que é de todos. Temos recorrido a formas mais tradicionais- como a caixa de donativos - e outras mais criativas como o strip, organizado e protagonizado por voluntários do CheckpointLX. 

 

Sentem que há desinformação sobre o tema do VIH junto da comunidade LGBT? Quais as dúvidas que ainda vos colocam e que já toda a gente devia saber?

Continua a existir desinformação. A saúde sexual não inclui unicamente o VIH e o preservativo, é mais ampla. Passa também por desenvolver estratégias que englobam o rastreio de outras infecções sexualmente transmissíveis, a identificação ou a ausência de riscos associados às diferentes práticas sexuais e, isso, só pode ser feito numa base individual. As mensagens não podem ser absolutas e iguais para todos. A desinformação é muito visível na discriminação das pessoas seropositivas enquanto parceiros sexuais. É um assunto não resolvido e mostra que as pessoas não sabem que a maioria das transmissões está a ocorrer entre pessoas que não sabem que estão infectadas.

 

Várias notícias têm referido que a prevalência do VIH tem aumentado entre os homens que fazem sexo com homens. Conseguem encontrar alguma justificação?

É uma tendência nos países europeus e na América do Norte e deve-se a inúmeros factores. A factores biológicos (sexo anal), epidemiológicos (o facto de a infecção estar muito concentrada numa população minoritária) e estruturais (como o estigma). Um homossexual mais dificilmente pedirá ajuda a familiares ou amigos em caso de existir alguma dúvida ou problema sobre saúde sexual, recorre menos aos serviços de saúde e quando o faz dificilmente relata a situação que o preocupa. São fenómenos há muito estudados. E é muito difícil controlar uma infecção recorrendo só a alterações de comportamento, uma vez que é impossível conseguir que se use preservativo em 100% das relações sexuais. Actualmente, na área da prevenção da infecção pelo VIH aposta-se numa combinação de estratégias: utilizar preservativo, diagnosticar precocemente e iniciar tratamento (o que reduz a infecciosidade). O CheckpointLX tem nisto uma função fundamental.

 

Porque é que a profilaxia pós-exposição ao VIH é ainda tão pouco divulgada? Deve-se a razões económicas relacionadas com o preço dos medicamentos para o Estado?

Desde o início da sua actividade que o CheckpointLX divulga activamente a existência da profilaxia pós-exposição (PPE) e as condições que justificam a sua utilização. É verdade que este assunto continua a ser ignorado. Não está só relacionado com os custos, porque uma infecção evitada poupa dinheiro. Existe em geral, uma falta de estratégia nacional para a saúde sexual dos homens que têm sexo com homens que se reflecte não só na questão da PPE, mas também na ausência de campanhas de vacinação para hepatite B para pessoas com mais de 30 anos e de uma estratégia para rastreio e tratamento da sífilis. Nós, a comunidade homossexual, temos de ser mais activos na divulgação e defesa de questões que têm a ver com a nossa saúde.

 

CheckpointLX

Travessa do Monte do Carmo, n° 2

Príncipe Real

1200-277 Lisboa

 

tel: 910 693 158

e-mail: geral@checkpointlx.com

 


Miguel Oliveira

 

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