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Opus Gay quer traçar o perfil das vítimas homossexuais e perceber o constrangimento de se assumirem às autoridades

Foi lançado a 6 de Dezembro um novo projecto de combate à violência doméstica LGBT no concelho de Lisboa. O dezanove.pt entrevistou António Guarita, o coordenador desta iniciativa, que apoia a comunidade LGBT vítima de violência doméstica. O projecto é desenvolvido pela associação Opus Gay, em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, e pretende prevenir, trabalhar e denunciar esta forma de violência prestando apoio ao nível psicossocial, jurídico e sociológico.

 


dezanove: Em termos práticos, qual será a área de intervenção do projecto Agressão, Não!?

António Guarita: Para além das acções de sensibilização dirigidas a toda a população homossexual residente no concelho de Lisboa, e entidades, como forças de segurança, outras organizações, estabelecimentos de ensino, etc., diria que a principal área de intervenção será o apoio e o aconselhamento às vítimas acompanhando-as em qualquer que seja a sua decisão relativamente à sua situação, orientando-as em todas as fases do processo. Essa orientação será sobretudo ao nível psicológico, jurídico, sociológico bem como de acompanhamento presencial para que as vítimas se sintam sempre apoiadas.

 

As  associações e entidades que existem neste momento e que apoiam as vítimas de violência doméstica não dão o apoio devido às pessoas LGBT? Por que é necessário criar um projecto específico para a população LGBT?

De facto, as associações de apoio à vítima já prestavam alguns destes serviços em 2009, quando este projecto foi pensado, no entanto, os técnicos e os serviços/resposta que tinham disponíveis não eram os mais indicados para esta população específica, tornando-se amiúde difícil, não apenas para o utente colocar as suas dúvidas, os seus medos, apresentar as suas queixas, como inclusivamente para os próprios técnicos desenvolverem o seu trabalho. Isto, também porque creio que as associações de apoio à vítima de violência doméstica não fazem distinção entre heterossexuais e pessoas LGBT. Contudo, não se pode ignorar o facto de que existem ainda muitas pessoas LGBT que têm receio do preconceito por parte de outros devido à sua orientação sexual, o que me leva a concluir que muitos homossexuais, vítimas de violência doméstica, não procuram apoio, não denunciam e sofrem em silêncio, por terem receio de ser estigmatizados devido à sua orientação sexual. A criação de um projecto exclusivo para a comunidade LGBT pretende acima de tudo eliminar esse receio e dizer às vítimas LGBT que estamos aqui para elas, que denunciem, que não aceitem mais essa situação. Aquando da elaboração do projecto, foi nosso objectivo não só abordarmos, mas, também, se possível, avaliar de uma forma mais ampla, as diversas problemáticas existentes, de modo a poder intervir de uma forma mais individualizada junto dos indivíduos e dos seus grupos de suporte – os seus familiares e amigos. Todo este tipo de trabalho não invalida um trabalho articulado com as associações que também dão apoio à população LGBT, pois o trabalho concertado, em minha opinião, tem resultados mais sólidos ainda.


 

Têm chegado à Opus Gay relatos de pessoas LGBT que são vítimas de violência doméstica? É possível traçar o perfil destas pessoas?

Para já, parece não existir um perfil definido da vítima homossexual. À semelhança da violência doméstica em heterossexuais, também a violência doméstica nos homossexuais parece ser transversal a todas as classes, idades, etc., mas que isso é um dos aspectos que pretendemos apurar com a aplicação deste inquérito aos residentes em Lisboa.

 

Quais os dados mais pertinentes que pretendem abordar neste inquérito? Que tipo de informação é que falta saber sobre esta realidade?

Para além de procurarmos obter um retrato das características do fenómeno na população homossexual residente da cidade de Lisboa, o mais importante é recolher informação que nos dará uma ajuda preciosa no sentido de criar mecanismos de apoio mais eficazes para as vítimas. Pois se existe alguma vergonha associada às vítimas heterossexuais no que toca a denunciar e assumir que são vítimas de violência doméstica, as vítimas homossexuais não só têm o constrangimento de assumirem que são vítimas, como também o constrangimento de assumirem que são homossexuais perante as instituições e as autoridades. Se apurarmos que este constrangimento é significativo na população homossexual, iremos reunir todos os esforços para efectuar algumas acções de sensibilização junto das autoridades. Este é apenas um exemplo daquilo que poderemos apurar com o inquérito e de que forma este nos poderá ajudar a definir as linhas orientadores de apoio às vítimas no nosso projecto.

 

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