António Variações deixou-nos há 26 anos
António Joaquim Rodrigues Ribeiro, era este o nome de baptismo de António Variações, compositor e músico português nascido na freguesia de Fiscal em Amares a 3 de Dezembro de 1944.
Filho de camponeses e com onze irmãos dividiu a infância entre os estudos e o trabalho no campo para ajudar os pais. Desde cedo revelou a sua paixão pela música nas romarias e no folclore locais. Cumpriu serviço militar em Angola e viajou por Londres, Nova Iorque e Amesterdão, onde recolheu inspiração para uma nova forma de viver a música, menos cinzenta para os padrões da época. Radicou-se em Lisboa exercendo funções no primeiro cabeleireiro unisexo da capital antes de se estabelecer posteriormente por conta própria numa barbearia na baixa de Lisboa.
O seu grupo musical, Variações, depressa chamou as atenções pela maneira excêntrica e cores berrantes com que se apresentava em cima dos palcos e pela maneira original de combinar vários estilos musicais, do rock ao pop passando pelo fado ou pelos blues. Considerado o primeiro ícone pop da cultura portuguesa, do seu reportório, precocemente interrompido, constam êxitos como reinterpretações de Povo que Lavas no Rio, de Amália Rodrigues, sua grande musa, Estou Além, É p´ra Amanhã, O Corpo É que Paga e Canção de Engate.
Variações veio a falecer em Lisboa a 13 de Junho de 1984, devido a uma broncopneumonia. Da mesma forma que cedo assumiu a sua homossexualidade pensa-se que terá sido a primeira figura pública portuguesa a morrer de sida e por essa razão vítima de discriminação e preconceito.
Os seus 39 anos de vida presentearam-nos uma outra forma de viver: essencialmente inovadora. Os seus 26 anos de ausência deixam-nos saudades.