Não é apenas na Rússia, há 76 países onde ser gay é crime
Já dizia Jean-Paul Sartre: “basta que um homem odeie outro para que o ódio ganhe a pouco e pouco a humanidade inteira". Um pouco por todo o mundo, o debate em torno do ódio e os protestos contra o ataque aos direitos da comunidade LGBT ganharam novos contornos nas últimas semanas. O tema parece ter voltado à ordem do dia quando o presidente russo Vladimir Putin aprovou a lei “anti-propaganda” que proíbe qualquer tipo de visibilidade homossexual.
Mas é preciso recordar que ser gay é ilegal em 76 países do mundo inteiro. O estudo foi feito pela associação ILGA World e está disponível para consulta aqui. Desde penas de trabalho forçado passando por terapias de cura gay e até a morte, a liberdade sexual e individual ainda continua a ser ameaçada em pleno século XXI.
No Bangladesh os homossexuais podem ser punidos com penas de prisão até aos 10 anos e são, ainda, obrigados a pagar uma multa de valor variável. Situação idêntica acontece pela ilha Barbados onde a sentença de prisão pode ser perpétua (como acontece na Serra Leoa e na Tanzânia).
Já no Botswana a homossexualidade é encarada por lei como uma “prática indecente” e pode levar a uma pena de prisão máxima de 5 anos. O caso muda de figura pela Domínica, na América Central, onde as penas de prisão chegam aos 25 anos e, em alguns casos, os homossexuais são sujeitos a tratamentos de “cura gay”.
Na Malásia além da pena de prisão, os homossexuais podem, também, ser chicoteados em praça pública. Em Moçambique os trabalhos forçados são usados como sentença e podem chegar aos três anos de escravatura laboral.
Na Maurícia as relações sexuais entre dois homens levam a sentenças de prisão até aos cinco anos enquanto as mulheres estão livres de qualquer tipo de julgamento ou sentença (caso semelhante na Singapura,Tunísia e Zimbabué).
No Irão, Qatar, Sudão, Somália, Arábia Saudita e Iémen a pena de morte por apedrajamento público é comum contra os homossexuais. Em alguns casos são aplicadas as sentenças de chicoteamento ou até mesmo o exílio.
Como disse o presidente norte-americano à estação de televisão NBC, “o que está a acontecer na Rússia não é um acto isolado”. Contra a intolerância e a favor da liberdade sexual está agendada para esta sexta-feira um beijaço mundial contra a homofobia em frente às várias embaixadas russas.
Pedro Andrade