Escritora russa Margarita Sharapova pede asilo político a Portugal
Margarita Sharapova é uma das mais notáveis e talentosas escritoras russas, cujas obras estão estreitamente ligadas à vida da comunidade LGBT na Rússia. Pediu esta terça-feira, 27 de Agosto, o estatuto do refugiado político em Portugal. A escritora acusa o governo russo de perseguição e, por enquanto, recusa-se a relatar os pormenores “demasiado horríveis”.
“Hoje fiz o pedido oficial junto do SEF. Recebi uma declaração e depois vai-se desenrolar o processo. Tenho razões para este pedido, mas não posso falar disso abertamente” – afirmou Margarita.
“Sem dúvida que aqui irei fazer o meu trabalho relacionado com os temas LGBT, estou a planear em publicar livros, compilações de autores russos, talvez terei uma revista, mas por enquanto estou a tratar do processo”.
“A literatura-LGBT na Rússia não tem futuro” – explica a escritora. “E depois, é o facto dos representantes do governo me terem confrontado quando eu lhes disse que eu escrevi a minha prosa antes da lei de propaganda homossexual e eles responderam-me: “Escreveste antes, e responderás por isso depois. Agora!”. “E mais pormenores não posso contar por enquanto, são demasiado horríveis” - acrescenta Margarita Sharapova que promete escrever um romance no qual contará tudo o que se passou.
Nos últimos meses, subiu em flecha o fluxo migratório de homossexuais russos para países ocidentais. Esta migração está ligad ao facto do aumento da homofobia e perseguição dos gays na Rússia. Apenas no último mês foi pedido o estatuto de refugiado político, por exemplo, por Vyacheslav Revin (aos EUA) e Roman Sorokin (França). No último ano emigraram pelo menos duas dezenas de participantes activos do movimento gay para os EUA, Austrália e para os países da Comunidade Europeia. Pensa-se que o fluxo migratório actual é comparável apenas à primeira onda de imigração LGBT nos finais dos anos 90.
A partida da Margarita Sharapova é uma perda para a comunidade LGBT da Rússia. A escritora e guionista talentosa, cujas personagens na generalidade eram gays e lésbicas, estava de facto, na situação actual, privada de trabalho. O seu último livro “Menino Nebuloso” foi lançado em 2008.
Alexandre Iourtchenko