Os testemunhos e objectivos do acampamento de Verão para jovens LGBT
Um dos principais objectivos deste acampamento é fazer com que jovens lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros de todo o país possam vivenciar momentos juntos partilhando sem receios e sem preconceitos uma semana em que serão abordadas temáticas em torno da orientação sexual e identidade de género. Gonçalo Quinaz, da organização, revela que “os testemunhos ao longo dos últimos sete anos têm sido dos melhores”, porque “os participantes estão em permanente contacto com temas sobre os quais não conseguem facilmente falar em casa” e porque acedem a “informação que dificilmente recebem no seu quotidiano devido à invisibilidade do tratamento destes assunto pela sociedade em geral”.
Uma característica deste projecto é haver apenas participantes com uma faixa etária compreendida entre os 16 e os 30 anos, isto porque a “associação trabalha especificamente com e em prol dos jovens e as suas particularidades e vivências. É nosso objectivo reunir pessoas que estejam em períodos da vida em que as suas experiências sejam mais similares”, adianta o jovem da rede ex aequo.
Testemunhos
Gonçalo Quinaz, 24 anos: “Respira-se conhecimento e cresce-se a cada dia que passa”
Igualmente participante de duas edições anteriores Gonçalo, de 24 anos ,diz que “via o acampamento como um projecto que seria o culminar de tudo o que estava a aprender na associação sobre mim e sobre o que significa ser-se LGBT” e adiciona que se assumiu aos 22 aos seus pais e irmão e aproveitou o facto para “poder dar uma escapadela de férias sem ter de mentir sobre o que estava a fazer”. “Ouvir testemunhos na primeira pessoa, poder fazer perguntas, obter respostas correctas e sentidas e desmistificar conceitos num ambiente seguro e saudável, e de enorme respeito uns para com os outros, é de um valor incomensurável.” Gonçalo aponta que uma das actividades a que atribui mais importância é a dinâmica sobre "transgenerismo", onde se conversa e aprende mais sobre este tema e em particular sobre a transexualidade, “algo que muitos de nós desconhecemos quase por completo” e “acabamos a dinâmica com um profundo respeito pelos mesmos e pelo tema em si”. “Sou uma pessoa muito mais segura e confiante quanto à minha orientação sexual e quanto à homossexualidade no geral”, remata.
Renata Silva, 32 anos: “Adoro ouvir as histórias de coming out”
“Tinha a certeza que nada seria comparável a passar uma semana rodeada de malta jovem que, como eu, têm uma orientação sexual ou identidade de género diferente da dita ‘normal’! Esperava que a sensação de 'comunhão', de estarmos todos no mesmo barco, entre nós fosse imensa, por todos termos passado ao longo da nossa vida, por chatices, sofrimento, discriminações, medos e tudo isso que nos acontece só por sermos LGBT numa sociedade preconceituosa.” O depoimento é de Renata Silva, de Coimbra e participante na primeira edição do acampamento em 2003. Foi muito bom “trocar experiências, a discutir ideias, a estar à vontade a falar de assuntos tabus. Foi uma experiência inesquecível! ” O acampamento da rede ex aequo significa "convívio, divertimento, partilha de experiências, conhecer novas pessoas, mas sobretudo sentir que não somos diferentes, que podemos ser também felizes como os outros e, principalmente, que não estamos sozinhos!"
Sara Oliveira, 26 anos: “A minha experiência não é a do outro, e todas são válidas”
Esta jovem portuense revela que “a título pessoal, foi uma altura muito complicada para mim pelo que quase todas as actividades e momentos de convívio foram importantes. No entanto uma das actividades mais importantes para mim foi a ‘carta para mim’. Foi um momento de introspecção engraçado, e quando recebi a carta uns meses mais tarde percebi o quão importante tinha sido a ida ao acampamento para o meu próprio crescimento e foi bom recordar os momentos lá passados. Após o acampamento, senti que, de uma forma quase espontânea, tinha crescido. O que pareciam problemas graves, agora tinham uma dimensão suportável e até de fácil resolução. Da altura até hoje ficou o bichinho de lutar pelos direitos que são de todos, e de não ter certezas absolutas, porque a minha experiência não é a do outro, e todas são válidas.”
Em média 50 participantes
AMPLOS vai estar presente
A associação de apoio às mães e pais de homossexuais, AMPLOS, é uma das presenças confirmadas para um almoço convívio no final da semana, naquele que será “talvez mais importante e nunca feito até então”: a presença de familiares para poderem conhecer um pouco mais as duas associações e terem um contacto mais próximo com outras mães e outros pais de pessoas LGBT, revela o jovem activista.
As inscrições ainda estão a decorrer e são efectuadas directamente através da rede ex aequo - associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes.
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