Cinquenta sombras de cinzento
Não. Esta crónica não vai ser acerca de literatura de cordel que dificilmente passaria o teste de Bechdel.
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Não. Esta crónica não vai ser acerca de literatura de cordel que dificilmente passaria o teste de Bechdel.
Antes da crónica, vai um aviso que este texto pode conter linguagem que alguns de vocês poderão achar triggering, mas eu acho que é fundamental falarmos acerca destas coisas.
A comunidade gay masculina lembra-me o Titanic.
(Olhem para o título da crónica a denunciar a idade… e se não perceberam vão lá ao YouTube que eu espero.)
Hoje decidi escrever acerca duma ideia ou, se quisermos, interrogação que tem ocupado algum espaço na minha cabeça há já algum tempo.
Esta crónica é um epílogo. Se calhar alguns de vocês estavam a torcer para esta saga do All by Myself que se estendeu durante cerca de um mês da minha vida acabar bem, se calhar alguns de vocês não porque, sejamos francos, escrever acerca das dificuldades é sempre mais gratificante para quem lê do que ler mais um final feliz. A minha grande reflexão neste epílogo é acerca da palavra timing.
O início desta crónica levou duas tentativas até eu conseguir perceber exactamente o que é que queria dizer, como o queria dizer, e a quem o queria dizer. Não sabia se o queria escrever em jeito de confissão a vocês que me lêem, ou à pessoa que me faz escrever esta crónica, por isso é provável que estes parágrafos não passem duma versão em prosa dum disco da Adele/Taylor Swift, ou outra qualquer que esparrama a vida sentimental em discos.
Às vezes penso que os títulos destas crónicas estão a um passo de ser iguais aos filmes de terror juvenil que eu via na minha adolescência sem problemas nenhuns e que agora me fazem encolher todo e dizer ‘ssssssss, que impressão!’. Tal como esses filmes, também parecem destinadas a sequelas inevitáveis e também me fazem ocasionalmente querer gritar tipo as personagens do Scream quando o psicopata lhes entra em casa, se bem que no meu caso, tenho conseguido manter os psicopatas fora de casa… mais ou menos…
Tenho quase a certeza que alguns de vocês leram este titulo e ficaram a pensar: “Pronto, lá vem mais um chorrilho de racionalizações para desculpar a ‘infidelidade’”.
O dia de hoje traz o segundo capítulo daquilo que eu não estava nada à espera que se tornasse uma saga regular da vida de solteiro. Quase que me começo a sentir como a versão gay lisboeta da Carrie Bradshaw, se bem que a Carrie já é, em si, bastante gay, mas divago.
Não. A sério.
No espaço público existem protagonistas políticos. E existem também os analistas políticos. E depois existem idiotas como o Henrique Raposo.
Num recente episódio da nova série de televisão, Água de Mar, que passa em horário nobre na estação pública, retrata-se, com substancial gozo, a vivência não convencional de uma das suas personagens.
Eis a cena em questão: Uma das personagens femininas que trabalha numa loja de vestuário tem uma secreta paixoneta pelo seu patrão, paixoneta esta que não é retribuída.
Quem o afirma é Angel Dzhambazki, deputado búlgaro recentemente eleito para o parlamento europeu, em entrevista ao One Europe, uma plataforma online informativa sobre assuntos europeus. Dzhambazki foi acolhido pelo grupo de Reformistas e Conservadores Europeus - agora o terceiro maior em Bruxelas - que conta ainda com deputados do Reino Unido, Alemanha e Polónia.
Alerta de Promiscuidade! A ciência ao serviço da política!
Na semana passada foi noticiada a descoberta de uma “cura” para a homossexualidade. O líder do grupo responsável por tal “descoberta” foi o Dimitri Yusrokov Slamini do Instituto Russo para as Ciências Médicas em Novosibirsk.
Beijam outros homens, expressam afecto por outros homens, masturbam-se juntos, fazem sexo oral, mas não são gays. Então são o quê? A resposta é: São g0ys. Os g0ys (também pode ser escrito goys) são uma nova “facção” de indivíduos do sexo masculino que estabelecem laços/contactos de teor afectivo e/ou sexual com outros homens mas que, por apenas não fazerem sexo anal e terem uma postura dita masculina recusam o rótulo do gay.
O cineasta francês, Alain Guiraudie, não surpreende trazendo um filme com temática polémica, a mesma que trouxe quando fez “O Rei da Evasão” (2010), a homossexualidade. Mas desta vez “O Desconhecido do Lago” conseguiu convencer o júri do Festival de Cannes, arrecadando o troféu de Melhor Realizador na secção ‘Un Certain Regard’ e ainda o Queer Palm, no mesmo festival.
O regime autoritário - Estado Novo - que vigorou em Portugal por mais de 40 anos (1933-1974), com todas as consequências económicas, sociais e culturais que daí resultaram, assim como uma industrialização tardia, são factores que justificam a não existência de um movimento que defendesse os direitos dos homossexuais em Portugal antes dos anos 90. Apesar de algumas tentativas a seguir ao 25 de Abril de 1974, podemos considerar que só mesmo na década de 90 surgiu um certo activismo, em particular a partir das redes de amizade formadas no contexto das primeiras organizações de luta contra a sida.
Mais um ano, mais um festival da Eurovisão da Canção Este ano de 2013, o festival decorreu em Malmo, na Suécia, uma pequena cidade fronteiriça com a Dinamarca. No que se pode chamar um dos maiores eventos LGBT não oficiais, o mesmo acaba por criar um ambiente de Arraial LGBT, reunindo fãs de toda a Europa e um pouco de todo o mundo. Este ano, apesar de Portugal não participar, não houve falta de fãs lusos LGBT para animar a festa.