Não há números oficiais, mas a opinião é unânime: Esta foi a maior Marcha do Orgulho de Lisboa. À 17ª edição, num contexto de várias conquistas legislativas recentes em Portugal e um massacre efectuado contra a comunidade LGBTI em Orlando, as ruas de Lisboa encheram-se manifestantes para celebrar o Orgulho LGBTI.
Estava na minha cidade natal de Boston quando ouvi as notícias do horrível ataque em Orlando que atingiu directamente 100 pessoas, entre feridos e mortos. Tinha aterrado horas antes no voo inaugural da TAP que liga Lisboa a Boston e estava à espera de ter dois dias bem passados entre amigos e família. Ao ver as imagens da CNN em Orlando, a minha alma estremeceu. Recordei imediatamente os eventos trágicos que ocorreram três anos antes, quando radicais incitados pelo ódio atacaram a Maratona de Boston em 2013, activando explosivos a poucos quarteirões da minha casa.
Há ainda muito por comentar sobre o tiroteio em Orlando. Há temas que se misturam (crime de ódio vs crime à humanidade em geral) e outros que até se confundem (acesso e porte de armas nos EUA vs terrorismo). Mas há algo que me tem suscitado curiosidade: a ausência de iniciativas como a Je Suis Charlie.
Esta manhã, na Assembleia da República foi aprovado por unanimidade o Voto de Condenação e Pesar n.º 100/XIII pelo atentado de Orlando, Estados Unidos da América, ocorrido a 12 de Junho.
Esta quinta-feira à noite uma dúzia de pessoas reuniu-se frente à Sé Catedral da Guarda. O propósito foi homenagear as vítimas do massacre de Orlando ocorrido no passado Sábado e que tirou a vida a 49 pessoas.
Estamos em 2016, isto deveria significar que progressos civilizacionais aconteceram. Li e reli notícias, escrevi uma, vi vídeos, li crónicas e comentários, mas ainda não sei bem o que penso do que aconteceu em Orlando, do que está a acontecer no mundo, connosco. Desta coisa de matar porque alguém é, age, pensa e sente diferente de nós. Não sei porque não percebo. Já tentei fazer o exercício de me colocar nos pés de um agressor, não fez sentido.
A vigília de Lisboa de homenagem às vítimas do massacre de Orlando contou com a participação de cerca de 200 pessoas. Entre elas estava o padre Fernando Santos, membro da Igreja Anglicana em Portugal e responsável por quatro comunidades na região de Lisboa.
Ouvia-se o murmurar constante das pessoas que se uniram por Orlando. Algumas centenas juntaram-se ontem à noite, 15 de Junho, junto à estátua de D. João I, na Praça da Figueira e demonstraram que Lisboa também é Orlando mas, sobretudo, que Lisboa é Gay, Lisboa é LGBTI.
Não é fácil escrever sobre um evento tão devastador. Um acto isolado de violência configura uma impossibilidade. A homofobia, a transfobia e demais expressões de violência matam quotidianamente, de muitas formas e de modo transversal.
O mundo continua em choque com o que sucedeu em Orlando e as reacções sucedem-se. Há dez vídeos que tens de ver. Vais emocionar-te. E também indignar-te com os últimos dois vídeos, que são reais e foram gravados pouco depois da notícia do massacre ter sido conhecida.
Notícias sobre um tiroteio nunca são fáceis de engolir. Infelizmente começam a surpreender cada vez menos, tendo em conta a quantidade que temos visto este tipo de notícias aqui nos EUA nos últimos anos. Por isso, ao acordar no Domingo com as notícias de Orlando, a minha primeira reacção não foi de choque, mas de desilusão com a repetição da fórmula: acesso a armas de fogo, uma alma fraca e desestabilizada e ódio. Muito ódio.
O massacre de Orlando parece ter passado para segundo plano nos media portugueses. No entanto, continua a avalanche de informações. Aqui fica um guia dos acontecimentos mais relevantes das últimas horas.
O Vaticano reagiu na segunda-feira, 13 de Junho, ao tiroteio em massa mais mortífero de que há memória nos Estados Unidos, referindo-se ao mesmo, num comunicado oficial, como uma "manifestação de um loucura assassina e de um ódio sem sentido".
Orlando. Honremos as pessoas mortas e feridas - se possível, nomeando-as, mostrando as suas fotos e um pouco da sua história de vida, como já se encontram a fazer alguns meios de comunicação social. Quem sobreviveu que veja tratadas com sucesso as suas feridas físicas e psicológicas de um evento absolutamente traumatizante.
São estes os nomes e os rostos das 49 pessoas que morreram às mãos de Omar Mateen. Eram filhas e filhos, tinham mãe, tinham pai, tinham irmãs, tinham irmãos, alguns não tinham família, mas tinham amigas e amigos, tinham toda uma vida pela frente. Tinham 18 anos ou 29 ou 50, uns eram gays, outras lésbicas, alguns trans, talvez uns fossem bis, outros eram heterossexuais. Foram vítimas de um ataque bárbaro, foram vítimas de homofobia. É por elas e por eles que choramos. Fica a conhecer os seus nomes e os seus rostos. #WeAreOrlando
Multiplicam-se os tributos às vítimas do massacre de Orlando. As homenagens feitas por cidadãos que tomam praças com bandeiras do arco-íris, velas e cartazes sucedem-se: Banguecoque, Berlim, Belo Horizonte São Paulo, Paris, Istambul, Seattle, Hong Kong, Sidney, Seul, Rio de Janeiro, Wellington, São Francisco... A lista parece não ter fim.
O apresentador de televisão e locutor de rádio, Rui Maria Pêgo, filho da também apresentadora Júlia Pinheiro, resolveu sair do armário com uma mensagem partilhada no seu perfil de Facebook. Na sequência do massacre de Orlando, Rui Maria Pêgo faz uma reflexão sobre as vítimas. No decorrer do texto, escreve a dada altura: "Coincide gostar de homens. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa." Já no seu programa "Filho da Mãe" no Canal Q, o apresentador tinha deixado em aberto por diversas vezes a sua sexualidade. Reproduzimos aqui, com autorização do apresentador, a mensagem que deixou no Facebook.
Os Estados Unidos sofreram ontem o pior assassínio em massa desde 11 de Setembro de 2001. E desta vez foi mais do que um acto de terror generalizado e indiscriminado. Foi também um crime de ódio específico, premeditado contra uma comunidade determinada.
Têm sido várias as reacções ao massacre de Orlando. As vítimas, as suas famílias e amigos não têm sido esquecidos nesta hora de dor que atinge a comunidade LGBTI em todo o mundo.