É agora. Pleno mês de Junho, o mês do orgulho LGBTQIA+. A luta pelos direitos (conquistados e por conquistar) requer estar mais presente do que nunca, porque nada nos garante que o que até agora conquistámos não nos é retirado.
Quarenta anos decorridos desde a despenalização da homossexualidade com a publicação do Código Penal de 1982, convocou-se para os passados dias 27 e 28 de Maio um encontro sobre História LGBTI+ em Portugal.
Há uns meses, nos comentários, o muy-estimado leitor Lobo Malhado disse uma coisa que me ficou na cabeça. Era algo acerca de receber a resposta “não temos muito em comum mas serves para amigo”, após a qual se seguia normalmente a outra pessoa começar a “andar” com alguém com quem ainda tinha menos em comum.
Não há margem para dúvidas: a Ucrânia é o país vencedor da edição deste ano do Eurovision Song Contest (ESC). Seguiram-lhe na votação final o Reino Unido e, só depois, os nossos vizinhos espanhóis.
Nos dias que correm é, efectivamente, imperativo ser diferente. Ou será que podemos dizer que ser diferente ainda incomoda muita gente e fá-las retorcer o nariz e afastarem-se como se os outros fossem extraterrestes ou tivessem uma doença contagiosa?
Alguma vez sentiram vontade de ser outra pessoa? Sentiram que o vosso corpo não vos pertence? Já olharam para o vosso reflexo no espelho e não se identificam com o que estão a ver?
Dois rapazes sentam-se lado a lado na sala de aula. Não podem ser mais diferentes. Nick é super popular e o melhor jogador da equipa de rugby da escola. Para Charlie, desde o seu coming out, a vida é um tormento de que ele procura refúgio fechando-se aos outros.
Não, ao contrário do que possam pensar, não vou falar na grandiosa obra de Camilo Castelo Branco, considerada por muitos a sua mais brilhante escritura - assim dizendo - , não só por a ter escrito em tempo recorde - tipo, 15 dias como assim?! -, como também por ser uma obra diversificada.
É uma realidade incontornável. Sim, temos um país bonito, com tudo o que de melhor um país pode ter e que todos sabemos: montanhas, praias, planícies, património, história, cultura, gastronomia, fauna e flora, um povo hospitaleiro e simpático.
A sociedade patriarcal é uma sociedade que heterossexualiza homens e mulheres e que invisibiliza todas as outras possibilidades de relacionamentos afectivo-sexuais.
Há catorze anos atrás fui a Birmingham para aprender a não ser homossexual. Fala-se da Igreja Católica por ser a que, tradicionalmente, tem mais fiéis em Portugal, no entanto, eu pertencia a uma minoria religiosa, o que contribuiu ainda mais para o meu isolamento, ao aperceber-me que era lésbica.
Alteraram a braçadeira de capitão, colocaram bandeiras nos estádios e, chegaram até, a criar uma onda de afecto quando um jogador se assumiu homossexual. Mas, apesar de todo o “activismo”, que agora percebemos falso, não se lembraram de mais nenhum país para celebrar a maior competição do desporto que amam. Tornou-se difícil a escolha e, por coincidência, ficou designado um país onde ser LGBTQIA+ não só é ilegal como é punível com pena de morte.
Nos últimos anos temos assistido a um crescente debate público sobre a “teoria de género” e “ideologia de género”, dois conceitos que mostram inquietação no seu entendimento, tendo recentemente sido apropriados por um discurso político aliado à moral religiosa que se recusa a reconhecer os conceitos de género e sexo como construções políticas e culturais.
Como referi numartigo anterior a monogamia surgiu na época do neolítico como forma de garantir a transmissão da propriedade à linhagem masculina. Produto do patriarcado, este modelo relacional perdura como maioritário até aos nossos dias.