"A beleza do Miss Drag Lisboa retira inspiração de vários sítios para criar uma noite de entretenimento incrível"
No dia 6 de Novembro, às 22h30m, no Estúdio Time Out, irá decorrer a 4ª edição do concurso Miss Drag Lisboa, depois de em 2020 a sua realização não ter acontecido devido à pandemia.
A Miss Moço juntou-se Miguel Rita, que partilhou com o dezanove.pt que “A maior mudança do concurso foi logo no segundo ano, quando este começou a ter lugar no Estúdio Time Out, devido à necessidade de acolhermos um público que tem vindo a crescer”. Para além disto, todos os anos o palco tem sido diferente e vão-se limando arestas ou arriscando mais mudanças.
A cada ano existem mais pessoas a inscrever-se no concurso e “na selecção dos concorrentes tenta-se avaliar o potencial das queens e também criar um grupo eclético que represente várias abordagens que se podem ter a fazer drag”, defende Miguel Rita. A vencedora deste ano irá receber, como é tradição desde 2018, uma criação do Atelier Oficina, mas a novidade está no prémio monetário de 300 euros, que é patrocinado pela Lisboa Pride.
Miss Moço e Miguel Rita sentem-se felizes com o facto de existirem hoje em dia mais oportunidades e visibilidade para artistas drag, algo que não era uma realidade quando começaram o concurso, mas defendem que as portas não se têm aberto com a celeridade que gostariam para os concorrentes das edições anteriores. Porém, ambos acreditam que isso também poderá fomentar a criatividade das artistas em criarem espaços onde podem mostrar o seu trabalho – Babaya Samambaia, a vencedora da edição de 2019, é um exemplo disso, ao ter criado a plataforma BRABA, cujo propósito é o de fomentar e financiar iniciativas criativas protagonizadas por pessoas trans e não binárias.
A recepção do público tem sido muito positiva e este ano as pessoas parecem ainda mais ansiosas, já que a plateia em pé ficou esgotada em apenas 3 horas. Ao comparar a edição em Portugal com a de outros países, Miss Moço afirma que “acho que a beleza do Miss Drag Lisboa é o facto de retirarmos inspiração de vários sítios para criar uma noite de entretenimento incrível. Acho que o Miss Drag Lisboa tem uma qualidade na produção que nos distingue de outros concursos”.
Há ainda o papel importante que este tipo de concursos tem para a sociedade. Para Miss Moço “O Miss Drag Lisboa é um safe space para todos, dos mega fãs ao público que está a descobrir o drag como forma de expressão artística. Acho que tudo o que fazemos, como pessoas queer, temos de o fazer loud and proud”. E para Miguel Rita “Além de apresentar drag a pessoas que nunca tinham assistido, acho que este tipo de concursos é muito importante também para mostrar os diferentes tipos de drag que existem e quebrar um pouco com as ideias pré-concebidas do que é um espectáculo drag”.
Embora Miguel e Miss lamentem as concorrentes que perderam devido ao interregno causado pela pandemia, isto não lhes retirou a capacidade de continuarem a inovar e Miguel Rita espera que em 2022 possam vir a fazer algo muito especial, não revelando ainda mais pormenores. Miss Moço afirma-se muito orgulhosa de tudo o que criaram até aqui, naquilo que começou por ser uma pequena ideia escrita num pedaço de papel, partilhando o mesmo desejo de crescer e de surpreender.
O melhor mesmo é adquirir um dos poucos lugares ainda existentes para ir assistir à edição deste ano, apresentada por Miss Moço, que vem de Toronto especialmente para o concurso. A edição deste ano terá como concorrentes Bolör, Çirce, Kara Kills, Mary Poppers, Suprema Prosperity, Star Butterfly e Wilda Light. O júri será composto pela drag queen Belle Dommage, pelo maquilhador Miguel Stapleton, pelo actor Vítor D´Andrade e por Lemon do programa Canada's Drag Race. Terão ainda lugar performances de Babaya Samambaia (vencedora 2019), Demi Starlight e Aphrodiet (ambas finalistas da edição anterior) e de Belle Dommage. A apresentação do evento estará a cargo de Sylvia Koonz.
Paula Monteiro