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danichi marques

Com a celebração de mais um Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia verificou-se uma grande acção orgânica por parte de inúmeros membros da comunidade queer e aliados perante o reconhecimento das opressões que sofrem como sendo pessoas queer no âmbito da sua identidade sexual e de género.

Contudo é evidente uma falta de atribuição acertada perante a raiz das questões, caindo num âmbito individualista e contra sujeitos particulares sem uma tentativa de compreender o porquê surgir este tipo de pensamentos e violência. 

Não me interpretem mal, eu abomino como qualquer outra senão até mais qualquer fóbico e agressor. Sei porém que toda a narrativa que utilizam não é sua exclusiva e geralmente é hegemónica ou presente na consciência social em círculos ignorantes e auto confirmativos. Não é uma questão particular com esse indivíduo em específico, é um problema social intrínseco na própria estrutura social heternormativa e cisnormativa. A nossa desconsideração como sujeitos ordinários perante as estruturas de género e sexuais estabelecidas. 

É sem dúvida muito catártico berrar e explanar quem nos violentou juntamente com as massas iradas, hoje em dia na sua grande maioria cronicamente online, à espera do próximo drama para cortar a cabeça de alguém. Eu percebo o apelo, já lá estive, já o protagonizei, inclusive do lado alegado de malfeitoria por muito menos como também na vanguarda justiceira. Porém reconheço que não valeu de muito, na realidade apenas hostilizei indivíduos que até poderiam nem ter a intenção de me atacar, cortei o diálogo com pessoas mal informadas e ainda meti terceiros ao barulho. Ninguém sai deste tipo de situações a saber mais ou arrependido do que fez, sim ferido, vitimizado e condenado por uma justiça cega retributiva. 

Muitas vezes o porquê de alguém pensar o que pensa é exactamente por constrangimento social, por falta de sociabilização ao tema em específico causado por falta de contato e profundo desconhecimento e desinteresse social. A solução para este problema é um processo educativo de diálogo e aprendizagem, generalizado. Seja nas escolas, nos locais de trabalho, nos espaços sociais, na arte, nas áreas de residência. Comunicação e abertura para tal, sem ela não existe avanço social, apenas um maior aprofundamento destas divisões sociais contraditórias e com principal interesse do nosso sistema capitalista para as manter e aprofundar. O imperialismo ao indivíduo, a abertura e expansão de novos mercados não em novos territórios, mas em cada pessoa em particular e a desintegração da consciência colectiva da classe trabalhadora é de grande interesse às elites económicas. É necessário agarrar nestas questões e trabalhá-las rumo à sua abolição e atingir a emancipação colectiva, seja perante o género, perante a sexualidade, perante o patriarcado ou perante a alienação do trabalho. Estas opressões prendem-nos e limitam-nos, são as amarram que precisamos de perder para sermos verdadeiramente livres. 

Todas as pessoas estão sujeitas a estas opressões, podem senti-las mais intensamente que outras com maior ou menor frontalidade, mas fomos todos socializados dentro destas construções e tem que partir de nós a sua abolição. E um dos primeiros passos é falar e comunicar com as comunidades sobre elas.

 

Danichi Marques (ela/dela)

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