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A Sexualidade na Geração Sénior: Um olhar meio científico vs um olhar humano

pedro perdigao falcao

A sexualidade na Geração Sénior é um tema que muitas vezes é negligenciado ou cercado de tabus.

Com o aumento da longevidade, é crucial entender como a sexualidade se manifesta e evolui na população sénior.

Este artigo visa abordar este tema sob duas perspectivas: a científica e a humana, oferecendo uma visão abrangente sobre o que acontece com a sexualidade na idade sénior, incluindo libido, frequência de actividades sexuais, desejo e orgasmo.

A Perspectiva Científica

A ciência tem investigado as mudanças na sexualidade que ocorrem com o envelhecimento. 

Estudos indicam que, embora haja uma diminuição natural na frequência das actividades sexuais, a capacidade de sentir desejo e prazer não desaparece. 

Segundo um estudo publicado no Journal of Sexual Medicine, cerca de 70% dos homens e 50% das mulheres com mais de 70 anos continuam sexualmente activos .

A libido, ou desejo sexual, pode sofrer alterações devido a factores biológicos como a diminuição dos níveis hormonais. Nos homens, a testosterona tende a diminuir, o que pode influenciar a libido e a função eréctil. 

Nas mulheres, a menopausa traz uma redução nos níveis de estrogénio, afectando a lubrificação vaginal e, consequentemente, o conforto durante o sexo. No entanto, é importante notar que a resposta sexual é complexa e influenciada por factores psicológicos, emocionais e sociais.

  1. Libido: A libido, ou desejo sexual, pode sofrer alterações com a idade devido a factores biológicos como a diminuição dos níveis hormonais. Nos homens, a testosterona tende a diminuir, o que pode afectar a libido e a função eréctil. Nas mulheres, a menopausa traz uma redução nos níveis de estrogénio, afectando a lubrificação vaginal e o conforto durante o sexo. Estas mudanças variam significativamente entre indivíduos. Alguns mantêm um desejo sexual vigoroso, enquanto outros podem experienciar uma redução.
  2. Frequência de Actividades Sexuais: A frequência de actividades sexuais tende a diminuir com a idade, mas não desaparece. Estudos mostram que cerca de 40% das pessoas com mais de 65 anos são sexualmente activas, embora a frequência possa ser menor em comparação com pessoas mais jovens.
  3. Desejo e Orgasmo: A capacidade de sentir tesão e alcançar o orgasmo também pode ser afectada por mudanças fisiológicas. No entanto, muitas pessoas seniores continuam a experimentar orgasmos satisfatórios. Estudos indicam que a qualidade do relacionamento e a intimidade emocional desempenham um papel crucial na experiência sexual nesta fase da vida
  4. Menopausa e Andropausa: A menopausa causa uma redução nos níveis de estrogénio, o que pode resultar em secura vaginal e redução da libido. Nos homens, a andropausa caracteriza-se pela diminuição dos níveis de testosterona, podendo levar a disfunção eréctil e menor desejo sexual.
  5. Saúde Física e Medicamentos: Condições crónicas como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas, bem como os medicamentos para tratá-las, podem influenciar negativamente a função sexual.



Factores Influenciadores

Vários factores podem influenciar a sexualidade na Geração Sénior:

  • Saúde Física: Condições de saúde crónicas, como diabetes, hipertensão e artrite, podem impactar negativamente a sexualidade.
  • Medicação: Muitos medicamentos prescritos para condições comuns na terceira idade têm efeitos colaterais que podem reduzir a libido ou dificultar a performance sexual.
  • Saúde Mental: Depressão, ansiedade e outras condições de saúde mental também podem influenciar a sexualidade.
  • Relações Sociais: A perda de um parceiro ou mudanças na dinâmica do relacionamento podem afectar a vida sexual.

A Perspectiva Humana

Além das considerações científicas, é importante reconhecer as dimensões emocionais e psicológicas da sexualidade na Geração Sénior. 

As experiências sexuais na Geração Sénior não se limitam a actos físicos, mas envolvem a necessidade de intimidade, afecto e ligação emocional.

  1. Auto-estima e Imagem Corporal: Mudanças físicas relacionadas ao envelhecimento podem afectar a auto-estima e a imagem corporal, influenciando a disposição para a actividade sexual.
  2. Conexão Emocional: Muitas pessoas da Geração Sénior valorizam a intimidade emocional tanto quanto, ou mais do que, a actividade sexual em si. O toque, a proximidade e o carinho são aspectos essenciais da sexualidade na terceira idade.
  3. Diversidade de Experiências: A sexualidade na Geração Sénior é diversa e individual. Enquanto algumas pessoas mantêm uma vida sexual activa, outras podem encontrar satisfação em formas de intimidade não-sexuais.

Exemplos e Dados

  • Estudo da Universidade de Manchester: Uma pesquisa com mais de 7.000 pessoas com idade entre 50 e 90 anos revelou que 54% dos homens e 31% das mulheres eram sexualmente activos. Este estudo destaca a importância contínua da sexualidade para muitos idosos.
  • Relatos de Idosos: Muitos pessoas da Geração Sénior relatam que a sexualidade na terceira idade pode ser mais satisfatória devido à ausência de pressões da vida profissional e à maior disponibilidade de tempo para dedicar ao parceiro.


Perspectiva LGBTQIA+:

Para a comunidade LGBTQIA+, estes desafios podem ser exacerbados pela discriminação e invisibilidade. Muitas pessoas LGBTQIA+ enfrentaram uma vida de marginalização, o que pode impactar a sua saúde mental e bem-estar sexual na Geração Sénior

Libido e Desejo Sexual

Contrariamente ao mito popular, o desejo sexual não desaparece com a idade. Estudos indicam que muitas pessoas continuam a ter uma vida sexual activa e satisfatória até aos seus últimos anos.

Exemplos e Estatísticas:

  • Frequência Sexual: Um estudo da Universidade de Manchester revelou que mais de metade dos homens e quase um terço das mulheres entre 70 e 90 anos são sexualmente activos.
  • Orgasmo e Satisfação: A capacidade de atingir o orgasmo pode diminuir com a idade, mas a satisfação sexual muitas vezes aumenta, pois, a intimidade e a conexão emocional ganham maior importância.

Para muitas pessoas da Geração Sénior, a sexualidade continua a ser uma parte importante da vida. A intimidade física e emocional pode proporcionar um sentido de conexão, prazer e bem-estar. 

O estudo da Universidade de Manchester revelou que a satisfação sexual é fortemente associada à qualidade de vida em nessa faze. No entanto, os desafios emocionais, como a perda de um parceiro ou problemas de saúde, podem afectar a vida sexual.

Para a comunidade LGBTQIA+, a terceira idade traz desafios específicos. Muitas pessoas da Geração Sénior LGBTQIA+ cresceram numa época de maior repressão e estigma, o que pode impactar a forma como vivenciam a sexualidade nessa fase. Além disso, a falta de representatividade e os preconceitos persistentes na sociedade podem levar ao isolamento e à invisibilidade destas experiências.

A Experiência de Idosos Homossexuais

Para muitos seniores homossexuais, manter uma vida sexual activa e satisfatória pode ser dificultado por questões como a discriminação e a falta de suporte social. Estudos indicam que seniores LGBTQIA+ têm maior probabilidade de viver sozinhos e de não ter filhos ou outros familiares próximos, o que pode resultar em menor apoio social e emocional.

No entanto, existem também histórias de resiliência e empoderamento. Comunidades e redes de apoio específicas para idosos LGBTQIA+ estão a crescer, proporcionando espaços seguros onde podem partilhar experiências e encontrar suporte. 

Estas redes são essenciais para combater o isolamento e promover uma vivência plena da sexualidade nesta fase da vida.

Sugestões Práticas:

  • Comunicação: Falar abertamente com o parceiro sobre desejos e dificuldades pode fortalecer a intimidade e encontrar soluções conjuntas.
  • Terapia Sexual: Profissionais de saúde sexual podem ajudar a resolver problemas físicos e emocionais relacionados com a sexualidade.
  • Saúde Geral: Manter uma boa saúde física através de exercício regular e alimentação saudável pode melhorar a função sexual.

Apoio Comunitário: Grupos de apoio LGBTQIA+ para idosos podem proporcionar um espaço seguro para partilhar experiências e encontrar solidariedade

Os desafios relacionados com a sexualidade na Geração Sénior incluem questões físicas, como a disfunção eréctil e a secura vaginal, e questões emocionais, como a ansiedade e a depressão.

Estratégias para enfrentar estes desafios podem incluir a terapia sexual, o uso de lubrificantes e medicamentos, e a manutenção de uma comunicação aberta com o parceiro.

É igualmente importante promover uma visão positiva da sexualidade nesta faze da vida. 

Profissionais de saúde devem ser capacitados para abordar estas questões sem preconceitos e para fornecer informações e suporte adequados. Para a comunidade LGBTQIA+, a criação de espaços inclusivos e representativos pode ajudar a promover uma vida sexual saudável e satisfatória.

 

Conclusão

A sexualidade na Geração Sénior é multifacetada e rica, influenciada por factores biológicos, psicológicos e sociais. 

Tanto do ponto de vista científico como humano, é claro que a capacidade de sentir desejo e prazer não se extingue com a idade. 

Para a comunidade LGBTQIA+, enfrentar e superar os desafios únicos que surgem é crucial para garantir que todos possam vivenciar a sua sexualidade de forma plena e satisfatória. Promover a compreensão e a aceitação destas realidades é um passo fundamental para uma sociedade mais inclusiva e compassiva.

 

Pedro Perdigão Falcão

 

Referências:

  1. "Sexual Activity and Satisfaction in Older Adults", Journal of Sexual Medicine.
  2. "Hormonal Changes in Men and Women", Endocrine Society.
  3. "Quality of Life and Sexual Satisfaction in Older Adults", University of Manchester Study.
  4. "Social Support and Loneliness in Older LGBT Adults", Journal of Gerontology.
  5. "Past-year sexual inactivity among older married persons and their partners". Karraker, A., & DeLamater, J. (2013). Journal of Marriage and Family.
  6. "Health disparities among lesbian, gay, and bisexual older adults: results from a population-based study". Fredriksen-Goldsen, K. I., Kim, H.-J., Barkan, S. E., Muraco, A., & Hoy-Ellis, C. P. (2011). American Journal of Public Health.