Afinal, o que é Diversidade, Equidade e Inclusão?
Queridos amig@s,
Estas palavras – Diversidade, Equidade e Inclusão – estão cada vez mais presentes nas conversas e nas empresas, mas será que, na nossa vida do dia-a-dia, compreendemos o que significam realmente? Para mim, estes conceitos não são apenas frases bonitas. São princípios profundos que reflectem o meu compromisso em criar um espaço onde cada um de nós sinta que pode ser ele próprio.
Diversidade é o que nos torna únicos e, ao mesmo tempo, nos liga. Viver a minha identidade com orgulho e ser casado com um homem são partes da minha história, pedaços de quem sou. Sinto-me grato por estar rodeado de amigos e colegas que vêm de diferentes culturas, que partilham comigo experiências distintas e trazem à minha vida perspectivas que, sem eles, nunca conheceria. Cada pessoa que entra no meu caminho traz algo especial e autêntico, e essa diversidade enriquece todas as nossas relações.
Penso muitas vezes no meu amigo António, que é um exemplo de como essa autenticidade pode, por vezes, ser mal compreendida ou atacada. O António, que é uma verdadeira “fábrica de sorrisos”, tem o dom de colocar um brilho no rosto de todos à sua volta. A sua orientação sexual, tal como a minha, não faz de nós menos capazes de amar, apoiar e alegrar os outros; pelo contrário, ajuda-nos a ser mais sensíveis às necessidades dos que nos rodeiam. No entanto, apesar do seu enorme coração, ele sofreu na pele a discriminação, sendo ofendido e atacado simplesmente por ser quem é. Eu próprio já fui alvo de insultos, já me chamaram até em criança “maricas” e “paneleiro”. E tal como eu a muitas pessoas. Isso é triste, inaceitável, e não podemos permitir que continue a acontecer. O “paneleiro” que em tempos foi uma criança e um adolescente com medo, não permite mais!
Equidade é reconhecer que todos temos os nossos desafios e que as nossas necessidades são diferentes. Quando recebo alguém novo no trabalho, esforço-me para que se sinta motivado e respeitado, acolhido como é. Para mim, equidade é criar um espaço onde cada pessoa se sinta valorizada e respeitada, independentemente do seu ponto de partida. Por vezes, gestos pequenos de aceitação e respeito podem mudar tudo, e essa sensibilidade ajuda cada um a sentir-se em casa, a encontrar forças e a mostrar o melhor de si.
Inclusão é onde diversidade e equidade se encontram e ganham vida. Não é apenas chamar as pessoas para estarem presentes; é garantir que se sentem realmente bem-vindas, acolhidas e seguras. Ao longo da vida, percebi que criar espaços inclusivos é uma escolha diária e contínua, seja no trabalho, nas amizades ou nas interacções do dia a dia. Para mim, incluir é abrir o coração e os braços, permitindo que cada um seja quem realmente é, sem pressões ou moldes impostos.
Acredito que DEI não deveria ser visto como uma moda. Gostava de pensar que, se há 30 anos tivéssemos esta abertura, muitos de nós teríamos crescido com menos receio de sermos quem verdadeiramente somos. Talvez, nesse caso, o António não tivesse sofrido em silêncio, e eu não teria sido alvo de insultos. É um caminho que deveria ter começado muito antes, mas acredito que ainda vamos a tempo.
Hoje, temos a responsabilidade de construir uma sociedade onde cada pessoa possa viver em autenticidade, com dignidade e sem medo.
Continuarei a dar o meu contributo, para que todos aqueles que cruzem o meu caminho sintam que têm um lugar onde podem ser acolhidos e apoiados, exactamente como são. Porque todos merecemos ser aceites e apoiados, e talvez, ao fazer isso, possamos inspirar outros a fazer o mesmo.
Amor e Gratidão,
Rui Sousa