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"Ainda há quem tenha de se 'esconder' para garantir a sua integridade física e moral"

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Assinala-se hoje o Dia Internacional da Não Violência e da Paz nas Escolas. Convidamos Rita Gonçalves, uma das alunas da Escola Secundária de Vagos que, em conjunto com mais colegas, se mobilizou em Maio passado contra a homofobia na sua escola.

 

A reacção ao caso da violência exercida sobre duas alunas de Vagos, simplesmente por serem namoradas, fez manchete na imprensa escrita e online e foi abordado nos principais noticiários do país. Esta - considerada inusitada - acção de protesto por parte dos restantes alunos que se insurgiram contra a situação foi distinguida com dois prémios LGBTI em 2017: Prémio do dezanove.pt para Vídeo do Ano e um prémio atribuído pela associação rede ex aequo na última edição os Prémios Arco-Íris da ILGA Portugal. Vamos ler o que defende Rita Gonçalves: 

 

É 2018, estou no meu último ano do ensino secundário, e ainda há quem tenha de se “esconder” para garantir a sua integridade física e moral.          

Quando me perguntam se as escolas em Portugal são totalmente inclusivas eu rapidamente respondo que não. Embora não faça parte da comunidade LGBTI, sou simpatizante e apoiante desta, e posso afirmar que há muito a fazer para que todas/os aqueles/as que fazem parte desta comunidade se sintam incluídas/os, seguros/as e respeitadas/os no recinto escolar.

Considero que são várias as medidas que devem ser tomadas, como, por exemplo, a criação de, pelo menos, um WC para todas as pessoas. Contudo, acho que a primeira (e talvez a mais importante) medida a pôr em prática é o diálogo. Deve-se falar abertamente sobre o assunto, no sentido de educar os/as alunos/as, professores/as e auxiliares, para que a escola seja um local seguro, inclusivo e de respeito, onde a discriminação não ocupe lugar. Não é justo que só se fale de heterossexualidade, é importante abranger as outras orientações sexuais e é igualmente importante que tal seja feito de uma forma correcta, pois, afinal de contas, é uma questão de cidadania, que influencia bastante a saúde, o bem-estar e a segurança das pessoas envolventes.

Não é justo que só se fale de heterossexualidade, é importante abranger as outras orientações sexuais e é igualmente importante que tal seja feito de uma forma correcta, pois, afinal de contas, é uma questão de cidadania, que influencia bastante a saúde, o bem-estar e a segurança das pessoas envolventes.

É com este propósito que existem associações como a rede ex aequo – uma associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo e apoiantes –, que, desde 2005, tem vindo a desenvolver o Projecto de Educação LGBTI, cujo objectivo é “fazer frente à desinformação e discriminação ainda vigente no campo da Educação em Portugal em relação a este tema, que resultam na transmissão de informação incorrecta, preconceituosa e estereotipada, assim como num ambiente negativo para o dia-a-dia dos jovens LGBTI”, através da realização sessões de esclarecimento e debate nas escolas, sobre a orientação sexual e a identidade e expressão de género. No entanto, para que tal aconteça, é necessário que as escolas tomem iniciativa, contactem a associação e estejam dispostas a falar sobre estes temas. E, infelizmente, muitas optam por não o fazer. Exemplo disso é a escola que frequento – a Escola Secundária de Vagos –, onde, perante a demonstração de afecto entre duas raparigas, alguns membros da Direcção acharam mais correcto pedir às alunas que fossem discretas e não o fizessem no recinto escolar, do que incentivar toda a comunidade escolar a adoptar uma atitude de aceitação e respeito perante a sua orientação sexual.

É 2018, estou no meu último ano do ensino secundário, e ainda há quem tenha de se “esconder” para garantir a sua integridade física e moral.

 

Rita Gonçalves, Estudante

 

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