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Amor no Arco-Íris: Celebrar o São Valentim em igualdade 

leticia david psicologa

O Dia de São Valentim é uma data que nos convida a reflectir sobre a beleza e  complexidade do amor, e como este sentimento universal é vivido de formas tão diversas. Na comunidade LGBTQIA+, esta celebração pode carregar significados ainda mais profundos, sendo muitas vezes um acto de resistência e afirmação em  tempos de preconceito e discriminação. Como psicóloga, observo diariamente  como o amor, quando vivido de forma plena e sem barreiras, pode transformar vidas, trazendo um sentimento de pertença e segurança que é essencial para o bem-estar emocional. 

Nos últimos anos, temos assistido a uma maior visibilidade das relações LGBTQIA+ nos media e nas redes sociais, o que é um sinal positivo de progresso. Filmes, séries e campanhas publicitárias têm dado destaque a estas relações,  permitindo que o amor queer seja representado de forma natural e positiva. Ainda assim, não podemos ignorar que há espaços, tanto a nível nacional como global,  onde este progresso encontra resistência. Notícias recentes de retrocessos em direitos LGBTQIA+ em alguns países demonstram que o caminho para a igualdade  está longe de estar completo. Isto reforça a importância de celebrar o amor em  todas as suas formas, mostrando que a diversidade é uma riqueza e não uma ameaça. 

Filmes, séries e campanhas publicitárias têm dado destaque a estas relações,  permitindo que o amor queer seja representado de forma natural e positiva. Ainda assim, não podemos ignorar que há espaços, tanto a nível nacional como global,  onde este progresso encontra resistência.

Ainda hoje, muitos casais LGBTQIA+ enfrentam desafios emocionais e sociais que  os casais heteronormativos raramente encontram. A discriminação, por vezes subtil, manifesta-se em olhares desconfortáveis, comentários preconceituosos ou  mesmo a exclusão em espaços familiares. Isto tem um impacto profundo na  saúde mental, contribuindo para sentimentos de ansiedade e medo. Como  psicóloga, sei o quanto a validação é essencial para combater estas adversidades.  Quando os indivíduos se sentem aceites e amados, conseguem desenvolver uma  auto-estima mais saudável e uma maior resiliência para enfrentar os desafios. 

Por outro lado, também é importante falar sobre as conquistas. Casamentos e  uniões civis entre pessoas do mesmo sexo são hoje uma realidade em Portugal, e  isso é um motivo de celebração. Mas, para muitos, o casamento é apenas um ponto de partida. Há toda uma luta pela aceitação plena, onde o amor não precise  ser justificado ou explicado, mas apenas vivido. Este São Valentim pode ser um  momento de reflexão para todos nós, independentemente da nossa orientação sexual. É uma oportunidade para celebrarmos o amor, seja ele qual for, e para nos  questionarmos: o que podemos fazer, como indivíduos e como sociedade, para  garantir que todos se sintam livres para amar? 

Uma das respostas passa pela representação. Quando vemos histórias de amor  LGBTQIA+ retratadas em filmes ou na literatura, sentimo-nos parte de um todo  maior, onde as nossas experiências e sentimentos também são reconhecidos. 

Representações positivas ajudam a normalizar estas relações e têm um impacto directo na forma como nos vemos e somos vistos pelos outros. Como profissional  de saúde mental, encorajo a criação de espaços seguros para que estas histórias  sejam contadas e celebradas, promovendo assim uma maior empatia e compreensão. 

Por fim, acredito que celebrar o amor é também um acto político. Cada casal  LGBTQIA+ que sai à rua de mãos dadas, que celebra as suas datas especiais ou  que simplesmente se permite existir em plenitude está a desafiar um sistema que  muitas vezes ainda os quer invisíveis. Que este São Valentim seja um momento de coragem e de alegria, onde cada um de nós possa reafirmar que o amor é para todos e que, no arco-íris da vida, todas as cores têm o seu lugar.

 

Letícia David, Psicóloga

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