Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Dezanove
A Saber

Em Portugal e no Mundo

A Fazer

Boas ideias para dentro e fora de casa

A Cuidar

As melhores dicas para uma vida ‘cool’ e saudável

A Ver

As imagens e os vídeos do momento

Praia 19

Nem na mata se encontram histórias assim

Angela Davis, uma autobiografia

AngelaDavisumaautobiografia-antigona.jpg

No final de 2023, a editora Antígona lançou em Portugal a Autobiografia de Angela Davis, destacada activista norte-americana contemporânea. A obra, escrita aos 28 anos, mergulha nos desafios que marcaram a vida da activista, desde a infância em Birmingham, permeada pela segregação racial e ataques à comunidade negra. Por Nova Iorque, Europa, Cuba e pelo seu envolvimento nos movimentos negros ao regressar aos EUA no final dos anos 60.

 

Figura proeminente nesses movimentos, Angela relata-nos ter enfrentado sexismo e anticomunismo, até mesmo nas próprias fileiras, levando-a a compreender que a luta anti-racista, para além de socialista, deveria também ser feminista. Como mulher negra, feminista e comunista, tornou-se persona non grata nos EUA, sendo fortemente perseguida, desde ser impedida de dar aulas até ser incluída na lista do FBI dos 10 criminosos mais procurados, com acusações de homicídio, sequestro e conspiração. A obra desvenda a sua vivência na clandestinidade e o período de encarceramento, destacando, ainda, o apoio recebido da comunidade durante a prisão, culminando na sua libertação após 16 meses detida.

Foram, sem dúvida, 28 anos repletos de desafios e emoções. Com a leitura deste livro, somos inevitavelmente cativados e contagiados pela força e determinação que Davis demonstrou ao superar todos os obstáculos com que se deparou. Além disso, a obra proporciona uma compreensão profunda das origens das causas que Angela abraçou ao longo da sua vida, nomeadamente a luta anti-racista, classista e feminista, tornando-se um excelente ponto de partida para conhecermos a vida e obra posteriores.

Actualmente, aos 80 anos, Angela Davis mantém-se envolvida nas lutas que abraçou, partilhando as suas ideias e experiências pelo mundo. Em 2022, esteve em Lisboa, na companhia da sua parceira Gina Dent, também professora e activista. Durante essa visita, ambas alertaram para a profunda interligação do sistema prisional com questões de racismo, sexismo, LGBTI+fobia e classismo, destacando a complexidade dessas problemáticas na sociedade contemporânea.

 

Daniela Alves Ferreira