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Árdis: "Mesmo que por vezes possamos passar despercebidas, existimos, estamos aqui e isso é também resistência"

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Três raparigas que se juntaram para remexer em textos, histórias, acordes - fazer canções. Através da música, querem passar uma mensagem de amor e diversidade, numa sociedade por vezes incompleta de representatividade. São as Árdis, pessoas cheias de cor que fomos conhecer melhor nesta entrevista.

 

 

Como, onde e quando surgiu a banda e por quem é composta?

A ideia da banda partiu da Catarina, que acabou por procurar a Jéssica depois dela lhe mostrar uma música que tinha composto, isto ainda em 2017. Já se conheciam e tinham tentado criar um projecto anteriormente, mas só a partir daquele momento é que tudo se começou verdadeiramente a encaminhar. Estiveram algum tempo à procura de mais alguém para fazer parte da banda, o que tinham percebido ser bastante necessário logo desde o início. Mas só se “fez luz” quando a Catarina encontrou acidentalmente a Bia no meio do Arraial Pride 2018. Quando eram pequenas tinham tido uma banda de covers rock e foi assim que se conheceram. Ainda tocaram uma vez ou outra mas quando a vocalista teve de emigrar, a banda terminou. Depois de se reencontrarem no Arraial de repente tudo fez sentido e foi assim que a Bia entrou nas Árdis. A banda é composta pela Beatriz Figueira, Catarina Margarido e Jéssica Carvalho.

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Podem apresentar-se Beatriz, Catarina e Jéssica?

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O que significa Árdis?

Bom para explicar o significado do nosso nome temos de recuar um pouco. Acaba por partir da palavra Ardil, que traduz no fundo algo enganador, algo que não é exactamente o que pode parecer à primeira vista. Encontra-se relacionado com uma questão de invisibilidade, sentida fortemente na altura em que começámos o projecto. Por uma questão de grafismos e sonoridade acabámos por mudar para Árdis. No seu expoente Árdis significa liberdade de ser. Mesmo que por vezes possamos passar despercebidas, existimos, estamos aqui e isso é também resistência.

 

 

Uma banda só de mulheres continua a ser algo relativamente raro em Portugal. Se somarmos a componente de tornarem visível a orientação sexual das personagens que dão corpo ao tema do vosso primeiro videoclipe, acaba por ser algo pioneiro. Por quê esta decisão?

Sobretudo esta decisão advém de querermos trazer uma perspectiva sobre o que pode ser uma relação, neste caso, lésbica. A ideia surgiu de uma forma muito natural, até porque foi em boa parte inspirado em histórias pessoais das três. Pelo menos no nosso país são raros os videoclipes que retratam o lado mais carinhoso deste tipo de relações. Há uma enorme tendência para a demonstração de apenas o lado sexual da relação - o que traz consigo a origem de estereótipos. Temos de salientar também o trabalho incrível feito pela nossa realizadora Andreia Pereira da Silva e pela equipa dela cujas ideias foram super ao nosso encontro desde o início, fazendo um trabalho excelente do qual nos orgulhamos muito. No fundo, defendemos que amar alguém não deveria ser distinguível pelo género da pessoa. Amor é amor independentemente de quem se ama - e é isso que pretendemos representar tanto através do vídeo como através do resto do nosso reportório.

Amor é amor independentemente de quem se ama - e é isso que pretendemos representar tanto através do vídeo como através do resto do nosso reportório.

 

"Cura-me esta saudade / De te ter por perto / Vamos ser certeiras / Neste mundo incerto".  A letra de "Cura" foi escrita no passado, mas parece servir como uma luva aos tempos que vivemos. Como estão as três a enfrentar a pandemia? 

Beatriz: É engraçado que a letra faça tanto sentido nos dias de hoje. A música é dirigida a pessoas que nos são muito queridas e para mim o mais difícil neste isolamento tem sido lidar com as saudades. Estou muito grata por ter acesso a tecnologia e a internet que me permite fazer videochamadas e assim cooperar com essa saudade. Contudo, nada se compara a estar na presença física de alguém. O importante agora é focar nas coisas que podemos controlar e naquilo que podemos fazer dentro de casa para podermos experienciar este momento da melhor maneira.

Catarina: Para mim a covid não está a ter um grande impacto na minha vida, como designer continuo a trabalhar na empresa, então a minha rotina consegue manter-se. A única coisa que me faz mesmo confusão é a falta de convívio, as idas ao café etc. ... Mas é só uma fase e vamos todos ficar bem.

Jéssica: Creio que cada uma de nós está a viver este momento de maneira diferente. Mas sem dúvida que está a servir para mergulhar um pouco no nosso próprio ser e reflectir bastante (fazer algumas futuras músicas também) (risos).

 

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Estão neste momento a participar num concurso da EDP Live Bands. Se todos que lerem esta entrevista votarem nas Árdis a possibilidade de irem actuar ao NOS Alive (caso se realize como previsto) aumenta substancialmente. Que mensagem querem deixar aos nossos leitores?

Desde já, obrigada por estarem a ler esta entrevista. Queríamos muito poder partilhar as nossas músicas com o mundo e participar no concurso da EDP Live Bands é um passo que demos nessa direcção. Gostávamos muito de poder fazer parte de histórias de amor que talvez não tenham grandes músicas nas quais se possam rever tal como são. Caso queiram ajudar-nos a divulgar aquilo que fazemos, votem em nós!

 

Entrevista: Paulo Monteiro